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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA UNIDADE DE EMERGÊNCIA AO IDOSO COM INCAPACIDADE COGNITIVA

Autores: Andressa Fernandes David da Silva Gomes, Daniel da Silva Granadeiro, Gabriella Novaes de Andrade, Giselle Cristina da Silva, Raquel Magalhães de Azeredo Granadeiro, Leonor Coelho da Silva
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  • Introdução

O envelhecimento da população e o aumento da expectativa de vida são tendência mundial. Os países em desenvolvimento convivem com uma crescente modificação no perfil de saúde da população resultante de maior longevidade e aumento da prevalência de doenças crônico-degenerativas, que, se não devidamente tratadas e acompanhadas ao longo dos anos, poderão originar complicações e sequelas, comprometendo a independência e a autonomia de pacientes idosos.1

É possível afirmar que está ocorrendo uma alteração do perfil etário em todos os continentes, pois nunca antes o ser humano teve tantas oportunidades para chegar à terceira idade. Os pesquisadores referem-se a esse movimento como um círculo, cujo início e o final não há como serem definidos. Esse fenômeno ocasiona modificações no âmbito econômico e social, fazendo com que a sociedade vivencie o desafio de não discriminar o idoso, bem como de elaborar ações que visem à integração, à valorização e à proteção desse indivíduo.1

Quanto à questão do envelhecimento no Brasil, é possível constatar que está ocorrendo uma grande transformação socioeconômica ordenada pela transição demográfica, em que a taxa de mortalidade está decrescendo, ao passo que a população em idade ativa e o número de idosos aumentam de maneira expressiva. Esse aumento expressivo do número de idosos no País exige a criação de políticas e estratégias que visem à promoção de um envelhecimento saudável e à garantia dos direitos humanos.2

A concepção do Sistema Único de Saúde (SUSSistema Único de Saúde), em 1988, instituiu uma nova rede de atenção à saúde, assegurando a universalidade do ingresso aos serviços de saúde e a integralidade da assistência em uma rede de saúde hierarquizada, ratificada com a consolidação do SUSSistema Único de Saúde por meio da Lei Orgânica da Saúde, nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Os serviços de urgência apresentam-se como um importante elemento dessa rede de atenção à saúde, pois atuam no restabelecimento da saúde, no controle/na reversão de agravos de diferentes origens, além de oferecer atendimento imediato aos indivíduos em condições de saúde agudas.3,4

Com a publicação da Política Nacional de Atenção às Urgências, em 29 de setembro de 2003, ficou definido que a conformação das redes de atenção às urgências teria apoio dos serviços dos níveis primário, secundário e terciário, pois, assim, o indivíduo teria a garantia de atendimento nos diferentes níveis de atenção e em todas as formas de entrada no SUSSistema Único de Saúde.5

Em julho de 2011, a Política Nacional de Atenção às Urgências foi reformulada por intermédio da Portaria nº 1.600, de 7 de julho de 2011, que institui a Rede de Atenção às Urgências do SUSSistema Único de Saúde, com a incorporação dos seguintes elementos:6

 

  • prevenção, promoção e vigilância à saúde;
  • atenção básica em saúde;
  • Força Nacional de Saúde do SUSSistema Único de Saúde;
  • sala de estabilização;
  • unidades de pronto-atendimento e o conjunto de serviços de urgência 24 horas;
  • Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e suas Centrais de Regulação Médica das urgências;
  • atenção hospitalar e domiciliar.

A instituição da Rede de Atenção às Urgências do SUSSistema Único de Saúde visa à qualidade, à resolutividade e à integralidade da assistência, por meio do acolhimento, com a incorporação da classificação de risco e a articulação na troca de cuidado de um nível de atenção para outro, garantindo a continuidade do atendimento.6

O atendimento ao idoso em um serviço de emergência não deve ser pautado somente nas políticas citadas. Esse atendimento deve ser guiado também pelas políticas de saúde específicas da população idosa. O Brasil, desde 1994, com a efetivação das políticas de saúde necessárias, vem elaborando legislações específicas para essa população, destacando as especificidades da atenção à saúde e a inclusão social na Política Nacional do Idoso.7 Em 10 de dezembro de 1999, foi criada a Portaria nº 1.395, que migra em uma direção mais específica, regulamentando a Política Nacional de Saúde do Idoso (PNSIPolítica Nacional de Saúde do Idoso).8

Em 19 de outubro de 2006, a PNSIPolítica Nacional de Saúde do Idoso foi atualizada, por meio da Portaria nº 2.528, passando a se chamar Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPIPolítica Nacional de Saúde da Pessoa Idosa). A partir desse momento, começou a ser exigido das autoridades e dos profissionais da saúde um olhar mais específico para essa população. A política fundamenta a ação do setor de saúde na atenção integral à população idosa nos diferentes níveis de atenção.9

O atendimento ao idoso em um serviço de emergência pode revelar uma gama de desafios para os profissionais de saúde. Essa população exige um maior empenho na avaliação e na definição do diagnóstico, pois pode:10

 

  • manifestar sintomas atípicos;
  • ter a presença da polifarmácia;
  • ter dificuldade na comunicação;
  • apresentar diversas comorbidades;
  • possuir possíveis alterações no estado mental;
  • ter uma grande quantidade de exames realizados;
  • ter um tempo de permanência maior no serviço de emergência, ocasionando diretamente maiores custos hospitalares.

Irrefutavelmente, a senilidade apresenta suas especificidades no âmbito da saúde, precisando, então, de profissionais especializados e projetos de ações diferenciados para que o idoso desfrute dos anos proporcionados pelo avanço da ciência e o sistema adquira efetividade em suas ações.1

O crescente aumento do número absoluto e proporcional de idosos impõe à sociedade mudanças na maneira de pensar e viver a velhice.11

O censo demográfico brasileiro de 2010 evidenciou que a evolução de idosos, acima de 65 anos, passará de 6,78 em 2010 para 13,44% em 2030. Logo, em decorrência desse aumento rápido e progressivo do número de idosos que vem ocorrendo nos últimos anos, é necessário que os profissionais da saúde estejam capacitados para prestar um cuidado direcionado a essa faixa etária, melhorando, assim, a qualidade da assistência ofertada. Atualmente, no Brasil, os idosos acima de 65 anos representam 7,39% da população geral.11

As alterações do perfil populacional, associadas com a extensão de condições de riscos que geram o surgimento das síndromes geriátricas, têm ocasionado um crescimento expressivo na demanda de idosos nos atendimentos de saúde, principalmente nos serviços de emergência. Pesquisas na esfera internacional revelam que a porcentagem do uso de serviços dessa população no setor emergencial varia de 12 a 21% do total de atendimentos. Já no Brasil, esse valor varia entre 17 e 47% do total de atendimentos realizados.10,12

A entrada em um serviço de saúde torna os idosos muito mais vulneráveis, pois os deixa expostos a múltiplos procedimentos invasivos, que, por vezes, são desnecessários, bem como infecções hospitalares, exames desnecessários, dentre outros riscos que um ambiente hospitalar proporciona.10,12

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 

  • reconhecer o processo de envelhecimento fisiológico para identificar as alterações patológicas;
  • avaliar o declínio da cognição e o seu impacto nas habilidades funcionais em idosos nas unidades de emergência;
  • identificar as atribuições de enfermagem durante o atendimento ao idoso com incapacidade cognitiva.
  • Esquema conceitual
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