- Introdução
A evolução técnico-científica das últimas décadas trouxe avanços para muitas áreas da ciência, culminando, na área da saúde, em descobertas de novos tratamentos para doenças até então condenadas ao rótulo de “sem tratamento”, fazendo com que os pacientes somente esperassem a morte após receber o diagnóstico. Entre essas doenças, estavam todas aquelas relacionadas à imunidade, oncológicas, hematológicas e hereditárias.1
Nesse contexto, o transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTHtransplante de células-tronco hematopoiéticas) tem se desenvolvido nas últimas décadas e se tornou uma real esperança de cura ou de aumento da sobrevida. Muitas pesquisas, muitos experimentos e investimentos na área do TCTHtransplante de células-tronco hematopoiéticas oportunizaram aos médicos especialistas oferecerem aos seus pacientes a infusão de células-tronco como opção de tratamento, deixando claro que, se antes morreriam da doença, sem cura, agora, havia uma nova expectativa para o tratamento, dando a opção de escolha ao portador do diagnóstico.2
As pesquisas na área da hematologia, enfatizando-se as células-tronco, a histocompatibilidade humana [antígenos leucocitários humanos (HLAantígeno leucocitário humanos) compatíveis], anticorpos monoclonais, novos condicionamentos quimioterápicos e imunossupressores para evitar ou diminuir o risco de rejeição, diminuíram a mortalidade dos pacientes submetidos a esse tipo de tratamento, melhorando a qualidade de vida deles.2
Dependendo do tipo de TCTHtransplante de células-tronco hematopoiéticas, autólogo (do próprio paciente), singênico (entre irmãos gêmeos) ou alogênico (relacionado ou não relacionado), o paciente faz uso de várias medicações profiláticas (para diminuir as infecções), condicionamentos (mais ou menos intensos, de acordo com o tipo de transplante, para receber a nova medula), imunossupressores, antibióticos (na fase da neutropenia febril), antifúngicos e outros de acordo com a necessidade do indivíduo.3
A diversidade de medicações utilizadas pelos pacientes que fizeram ou farão TCTHtransplante de células-tronco hematopoiéticas pode desencadear efeitos colaterais indesejáveis, desde uma simples cefaleia até crises convulsivas e coma, devendo-se isso à toxicidade dos fármacos utilizados, relacionando-se, na maioria das vezes, com altas concentrações séricas; a neurotoxicidade, a hepatotoxicidade e a nefrotoxicidade são os efeitos colaterais mais observados.3
A neurotoxicidade em pacientes tratados com alguns quimioterápicos (bussulfano, citarabina e carmustina, por exemplo) em altas doses e com algumas medicações como a ciclosporina pode desencadear crise convulsiva, merecendo atenção especial da equipe quando o paciente faz uso delas, caracterizando uma situação emergencial, com sinais de diminuição da acuidade visual, dificuldade de concentração e perda da memória, tremores, agitação, cefaleia e confusão mental, devendo o paciente ser assistido com maior rigor e atendido prontamente, para evitar danos cerebrais permanentes.3
Neste artigo, o debate se dá em torno das causas de crises convulsivas, dos cuidados que devem ser empregados no pré e no pós-TCTHtransplante de células-tronco hematopoiéticas, assim como do atendimento emergencial em situações de convulsão.
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
- aperfeiçoar os conhecimentos referentes à reação colateral (convulsão) do paciente submetido ao TCTHtransplante de células-tronco hematopoiéticas alogênico;
- aprimorar-se sobre os mecanismos fisiológicos e sobre as manifestações clínicas da convulsão;
- indicar as melhores intervenções de enfermagem, mediante a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAESistematização da Assistência de Enfermagem), no cuidado em situação emergencial decorrente de convulsão.
- Esquema conceitual