Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar os conceitos básicos relacionados à prática de atividade física;
- reconhecer a relevância do uso de atividades comuns da infância nos contextos de atividade física e treinamento e de reabilitação ambulatorial em pediatria;
- discutir propostas de intervenção fisioterapêutica com o uso de atividades comuns da infância para a obtenção de resultados no plano de tratamento.
Esquema conceitual
Introdução
Brincadeiras e jogos na infância, inseridos no contexto de atividade física, repercutem em alterações fisiológicas e ambientais. Sua prática tem efeito no crescimento e no desenvolvimento de aspectos cognitivos, sociais, psicológicos e físicos da criança.1,2 Além disso, tal prática apresenta uma influência importante no processo saúde–doença, com repercussões fisiológicas nos sistemas cardiorrespiratório, musculoesquelético, entre outros, e efeitos significativos em desfechos futuros, como prevenção de obesidade, combate ao ciclo de inatividade e sedentarismo.3
Uma das características de atividades físicas comuns na infância se refere a seu dinamismo. Elas incluem diversos movimentos e sistemas corporais, além de motivarem a criança para a busca pela satisfação da atividade vivida. Essas atividades podem ocorrer de forma espontânea ou programada, em qualquer lugar que proporcione oportunidades para a exploração.1
As atividades físicas comuns da infância parecem ser uma alternativa a ser incorporada a intervenções, como programas de reabilitação pulmonar, uma vez que se caracterizam por movimentos envolventes e divertidos.4
O treinamento físico pediátrico é realizado majoritariamente por meio de programas de caminhada, corrida, uso de instrumentos como bicicleta e esportes em geral, com características ainda baseadas na abordagem em adultos.5,6 Contudo, atualmente, observa-se uma crescente inserção de programas de atividade física nas escolas. Em uma revisão recente, Pozuelo-Carrascosa e colaboradores verificaram que esses programas, os quais incluem corrida, jogos com bola, saltos, dança e escaladas, levam a uma melhora na aptidão cardiorrespiratória de crianças.7
O estímulo à prática de atividade física vem sendo inserido, por meio de brincadeiras e jogos, como parte dos exercícios durante as aulas de educação física e como terapêutica nas sessões de fisioterapia.8–10 Apesar disso, a repercussão fisiológica da prática dessas atividades ainda é pouco investigada nas crianças.
Escaladas, saltos, jogos de corrida e com bolas se configuram como atividades comuns da infância e são parte da rotina das crianças. Sendo assim, conhecer e compreender essa prática é primordial para o desenvolvimento de programas efetivos de exercício e até para a sistematização e a inclusão deles em programas de reabilitação pulmonar. Para isso, ainda é preciso identificar quais são essas atividades, a intensidade de prática, o número de repetições e as possibilidades de cargas. É necessário organizar e direcionar tais atividades para que possam ser oferecidas de forma adequada como terapêutica para a população pediátrica.11