Entrar

SUPORTE NÃO INVASIVO NEONATAL E INDICADOR DE LESÃO POR INTERFACE: DA SALA DE PARTO À UTI NEONATAL

Hanna Sette Camara de Oliveira

Simone Nascimento Santos Ribeiro

Emanuella Cristina Cordeiro

Dayane Montemezzo

epub-PROFISIO-PED-C10V1_Artigo3

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • identificar os benefícios do uso da ventilação não invasiva (VNI) nos recém-nascidos (RNs) com desconforto respiratório;
  • reconhecer os tipos de interface de entrega da VNI;
  • identificar os mecanismos das lesões nasais;
  • avaliar os tipos e graus de lesão nasal;
  • indicar estratégias para minimizar ou prevenir a incidência de lesão nasal em RNs.

Esquema conceitual

Introdução

O suporte ventilatório não invasivo pode ser definido como o uso de uma ventilação positiva por meio de um dispositivo que conecta o ventilador ao paciente por interfaces não invasivas. É encontrado na literatura com algumas nomenclaturas, como ventilação mecânica não invasiva (VMNI), ventilação por pressão positiva intermitente nasal (NIPPV) ou ventilação por pressão positiva não invasiva (VPPNI). Pode ser denominado conforme o modo ventilatório ofertado, como no caso da pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP).

O suporte ventilatório não invasivo vem sendo adotado como método de primeira escolha e padrão-ouro no tratamento de doenças respiratórias que podem acometer RNs logo ao nascimento, principalmente os pré-termo.1–5

Além da adaptação fisiológica ao meio extrauterino, os recém-nascidos pré-termo (RNPTs) possuem imaturidade biológica e deficiência na produção do surfactante, o que os torna mais suscetíveis aos distúrbios respiratórios.6–9 Algumas condições que levam os RNs à internação em unidades de terapia intensiva (UTIs) e estão relacionadas à morbidade e à mortalidade neonatal são síndrome do desconforto respiratório, infecções pulmonares, taquipneia transitória do recém-nascido, apneia da prematuridade e síndrome de aspiração meconial.10–12

O uso do suporte não invasivo tem crescido em decorrência dos avanços em suas interfaces e na facilidade de adaptação, até mesmo em RNs com as condições de saúde descritas anteriormente, permitindo uma melhor tolerância. Com o uso da VNI, é possível a utilização da ventilação de forma intermitente, que reduz a necessidade de sedativos; permite a sucção e a alimentação por via oral, dependendo da interface escolhida, sendo ainda uma alternativa viável à terapia de surfactante.2,3,9

A VNI é capaz de reduzir os riscos e diminuir os potenciais efeitos adversos da ventilação mecânica invasiva (VMI), como a displasia broncopulmonar, a pneumonia associada à VMI e os riscos do próprio procedimento de intubação orotraqueal.2,3,9 Dentre as modalidades de VNI, a CPAP é a mais usada no desconforto respiratório neonatal. Nesse tipo de suporte, uma pressão transpulmonar positiva é aplicada continuamente nas vias aéreas, durante o ciclo respiratório, evitando a completa eliminação do gás inspirado, o que resulta em aumento da capacidade residual funcional, melhorando a troca gasosa; preservação da função do surfactante alveolar, reduzindo, assim, a tensão superficial dentro do alvéolo e prevenindo o colapso alveolar; auxílio na redistribuição do líquido pulmonar; estabilização da caixa torácica; diminuição do esforço respiratório.7,8,10,13–15

A VNI pode ser entregue por meio de diferentes dispositivos, como máscara facial, máscara nasal, cânula orotraqueal ou nasotraqueal e pronga nasal, que é a mais utilizada atualmente.6,8,16 A pronga nasal é constituída de material leve e flexível, possui formato anatômico e está disponível em diversos tamanhos.2,11

Algumas complicações vêm sendo associadas ao uso da VNI, como distensão abdominal, obstrução de vias aéreas, pneumotórax e lesão nasal interna ou externa.3,11,17 A complicação mais comum durante o uso desse tipo de suporte ventilatório nos RNs é a lesão nasal, com incidência de 20 a 60%.3,8,12,15,16,18–20

Os RNs apresentam a pele imatura, principalmente os pré-termo.3,18 O mecanismo de lesão nasal ocorre de forma semelhante ao das úlceras de pressão, em que a pressão exercida pelo dispositivo sobre a pele do RN pode gerar redução do fluxo sanguíneo local e dano tecidual.3,4,19 Essas lesões podem causar hiperemia local, branqueamento da pele, edema, sangramento nasal, escoriações, desconfiguração nasal, necrose, dor, desconforto.2,5,10,12

Em decorrência da alta incidência desse tipo de lesão e de suas consequências negativas, a literatura traz abordagens que buscam prevenir ou minimizar a incidência das lesões nasais nos RNs em uso de VNI.

Este programa de atualização não está mais disponível para ser adquirido.
Já tem uma conta? Faça login