- Introdução
As crises convulsivas são eventos clínicos que repercutem em uma disfunção temporária do cérebro e afetam o comportamento do paciente, trazendo dificuldades psicossociais. Esse distúrbio neurológico é considerado uma experiência frustrante, gerando no paciente e nas pessoas envolvidas um desajuste emocional, mobilizando todos. Na criança, a crise convulsiva causa um impacto no ajustamento psicossocial nela própria e em sua família, o que, por consequência, pode ocasionar uma má adesão ao tratamento.1
Pode-se definir a crise convulsiva como uma doença de ocorrência muito frequente, e sua prevalência é nitidamente observada em crianças, pois seu sistema nervoso ainda está imaturo, e isso as torna sujeitas a infecções acompanhadas de hipertermia e de distúrbios hidreletrolíticos, constituindo, portanto, um grupo mais suscetível às crises convulsivas.2 A crise convulsiva representa a manifestação neurológica mais frequente nos departamentos de emergência, correspondendo a cerca de 1 a 5% dos atendimentos, excluindo-se o trauma.3
As crises convulsivas são uma emergência neuropediátrica importante, não somente pela frequência (1% das crianças e dos adolescentes até 14 anos terá, pelo menos, uma crise convulsiva afebril em suas vidas;4 de 2 a 4% das crianças apresentarão crises febris), mas também pela associação a situações de alta morbidade e de alta mortalidade (infecções do sistema nervoso e traumatismo craniano, por exemplo) e, não menos importante, o impacto familiar e psicossocial que esse tipo de evento ocasiona.
Na família, a crise convulsiva gera ansiedade e impotência frente ao quadro ocorrido pela primeira vez, já que a sintomatologia assusta, pois não são comuns ao comportamento usual da criança. Nesse contexto, a enfermagem tem um papel de destaque no contato direto e contínuo com o cliente hospitalizado e com seus familiares.5
As ações de enfermagem em pediatria ultrapassam o conceito de promoção da saúde e prevenção de doenças, preocupando-se, em especial, com a manutenção do equilíbrio físico e emocional, sendo a assistência estendida aos pais e/ou aos responsáveis. O cuidado de enfermagem tem como objeto não apenas o corpo biológico, mas a criança como um todo.6
- Objetivos
Após a leitura deste artigo, o leitor será capaz de:
- identificar e realizar o manejo adequado no cuidado à criança em crise convulsiva;
- identificar as causas das crises convulsivas em crianças;
- conhecer os dados epidemiológicos da criança em crise convulsiva;
- avaliar os sinais e os sintomas característicos da crise convulsiva em crianças;
- compreender o manejo diante dos casos que envolvam a criança em crise convulsiva;
- identificar os principais fatores de risco desencadeantes de crise convulsiva;
- entender o impacto da criança em crise convulsiva nos âmbitos familiar e social;
- refletir sobre a atribuição do enfermeiro diante da criança em crise convulsiva.
- Esquema conceitual