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ATUAÇÃO DOS TÉCNICOS EM ENFERMAGEM NO SERVIÇO DE RESIDÊNCIA TERAPÊUTICA: DESAFIOS E CONQUISTAS DA PROFISSÃO NA SAÚDE MENTAL

Autores: Julieta Brites Figueiredo, Luiz Henrique Chad Pellon, Samhira Vieira Franco de Souza, Camila de Oliveira Santos
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • compreender o papel da enfermagem na saúde mental;
  • aplicar os cuidados de enfermagem de forma correta no Serviço de Residência Terapêutica (STR).

Esquema conceitual

Introdução

A psiquiatria no Brasil, nos anos de 1970, não era valorizada, sendo considerada uma prática menor. As instituições que abrigavam os doentes com problemas mentais, públicas ou privadas, eram sujas, úmidas e escuras,1 além do fato de que todos os procedimentos realizados com os pacientes eram pautados, exclusivamente, nas ordens emitidas pelo médico psiquiatra. Foram anos de violência e desrespeito ao paciente psiquiátrico, nos quais a chamada enfermagem sem formação era a algoz desses desmandos e até de crueldades.

A saúde mental não apresentava atrativos, afugentando profissionais, contrários à violência, interessados em fazer um trabalho humanizado. Mesmo os trabalhadores que atuavam nos hospícios e que discordavam desses maus tratos, em geral, omitiam-se ou se calavam,1 provavelmente por medo de sofrerem represálias dos demais funcionários ou por acreditarem que não havia o que ser feito.

A mudança de postura em relação aos cuidados aos pacientes psiquiátricos teve início nos anos de 1980, quando três médicos que não concordavam com os ocorridos decidiram denunciar a realidade dos manicômios, e isso fez com que profissionais de várias partes do Brasil repudiassem os desmandos ocorridos nos hospitais psiquiátricos. A partir de então, profissionais e familiares uniram-se, e tornando-se engrenagem essencial para a reforma psiquiátrica no Brasil, a partir da realização de distintos encontros e conferências sobre o tema.1

Com o início da redemocratização, a participação social em todas as políticas de saúde, e não apenas em saúde mental, portas foram abertas para a saúde ter um capítulo na Constituição de 1988, e, consequentemente, na instituição do Sistema Único de Saúde (SUS), potencializando a luta antimanicomial, o que culminou na reviravolta no atendimento aos pacientes psiquiátricos no Brasil.1

Com a reforma psiquiátrica já estabelecida no Brasil, um dos grandes desafios foi a formação de profissionais para atuarem nessa área, a partir dos novos modelos de cuidados. Nessa nova psiquiatria, com a luta pelo fechamento dos manicômios no País, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e os Serviços de Residências Terapêuticas (SRTs) tornaram-se os novos locais de trabalho para os técnicos em enfermagem, abrindo vagas para a atuação dessa profissão.

No entanto, para além do trabalho técnico, prática comum para a enfermagem, a profissão se deparou com um novo modelo de atenção ao usuário do serviço de saúde mental, e, com isso, o desafio de quebrar paradigmas, aprendendo novas habilidades no cuidado, com menos trabalhos técnicos e mais cuidados pautados na negociação, na conversa, no vínculo.

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