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ATUALIZAÇÃO EM LEISHMANIOSES

Vitor Márcio Ribeiro

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  • Introdução

As leishmanioses podem ser consideradas como um grupo de doenças que provocam síndromes diversas e são causadas por mais de 20 espécies de Leishmania. As leishmanioses afetam o homem e diversas espécies de animais domésticos e silvestres.1

As formas mais frequentes de manifestação das leishmanioses em humanos podem variar, conforme a espécie envolvida, em leishmaniose cutânea (LCleishmaniose cutânea), leishmaniose mucocutânea e leishmaniose visceral (LVleishmaniose visceral). Outras manifestações registradas em humanos são a leishmaniose cutâneo-difusa e a leishmaniose dérmica pós-calazar.1

Cerca de 98 países e três territórios, em cinco continentes, reportaram transmissão endêmica de alguma forma de leishmaniose, alcançando um total de 58 mil casos de LVleishmaniose visceral e de 220 mil casos de LCleishmaniose cutânea em humanos por ano.2 Aproximadamente 12 milhões de pessoas estão infectadas por alguma espécie de Leishmania, e cerca de 350 milhões estão em risco de ser infectadas.3

Acima de 90% dos casos de LVleishmaniose visceral ocorrem em seis países: Bangladesh, Brasil, Etiópia, Índia, Sudão do Sul e Sudão. A maior parte dos casos de LCleishmaniose cutânea ocorre no Afeganistão, Argélia, Brasil, Colômbia, República Islâmica do Irã, Paquistão, Peru, Arábia Saudita e Síria, com quase 90% dos casos na Bolívia, Brasil e Peru.1

Para as espécies de Leishmania que causam LCleishmaniose cutânea em humanos, os roedores e outras espécies de animais silvestres são considerados os principais reservatórios.4 Já os cães domésticos são considerados os reservatórios mais importantes de Leishmania infantum, espécie que causa LVleishmaniose visceral em humanos na bacia do Mediterrâneo, no Oriente Médio e na América do Sul.5 Também têm sido registradas a infecção e a doença em gatos, embora com menor incidência.6

A transmissão das diversas espécies de Leishmania ocorre por meio da picada de flebotomíneos infectados do gênero Phlebotomus no Velho Mundo e Lutzomyia nas Américas. Existem cerca de 45 espécies comprovadas ou suspeitas de serem hospedeiras de espécies de Leishmania infectante para o ser humano, com base em isolamentos de flebotomíneos naturalmente parasitados no Novo Mundo.7

No Brasil, estima-se que, a partir da década de 1990, têm ocorrido, por ano, 32 mil novos casos de LCleishmaniose cutânea e 3 a 4 mil novos casos de LVleishmaniose visceral em humanos.8,9

A leishmaniose canina (LCanleishmaniose canina) ocupa um importante papel nos países endêmicos, em razão dos seguintes fatores:

 

  • condição de reservatório do cão infectado;
  • gravidade da doença;
  • diversidade de sinais da doença;
  • dificuldade de diagnóstico e de estadiamento da doença;
  • controle da doença;
  • manejo dos cães infectados e/ou doentes.

Um aspecto de grande relevância na atualidade é a visão de saúde única. Ações pautadas por esse conceito devem favorecer as vidas humana e animal, evitando a contaminação e buscando viabilizar o tratamento de todos.1,10

  • Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • identificar as diferentes leishmanioses;
  • reconhecer os aspectos de saúde pública e saúde única das leishmanioses;
  • identificar as espécies que infectam os animais e a função destes na cadeia de transmissão das leishmanioses para o homem e para outros animais;
  • reconhecer a biologia dos vetores envolvidos nas leishmanioses e as medidas mais adequadas para proteger os animais e os humanos de serem atacados por eles;
  • interpretar os sinais clínicos da LCanleishmaniose canina;
  • reconhecer as formas de diagnóstico da LCanleishmaniose canina e a interpretação dos resultados dos diferentes métodos utilizados para esse fim;
  • identificar as formas de tratamento e manejo da infecção e da doença;
  • identificar as ações de controle com vistas à saúde dos animais e dos humanos.
  • Esquema conceitual
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