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AUTOFLUORESCÊNCIA EM DOENÇAS DA MÁCULA

José Mauricio Botto Garcia

David Isaac

Marcos Ávila

Magna Vanessa Rodrigues

Autofluorescência em doenças da mácula - Secad

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • descrever a patogênese envolvida no fenômeno de autofluorescência (AF);
  • identificar as principais causas de hiper e hipoautofluorescência patológica;
  • explicar técnicas para captura de imagens de AF;
  • interpretar as imagens de AF aliadas a dados sobre a alteração macular documentada.

Esquema conceitual

Introdução

Desde os primeiros relatos de Delori e colaboradores,1 nos anos 1980, a AF tem expandido sua atuação na propedêutica de imagem nas doenças maculares. Trata-se de um método não invasivo, a fim de avaliar a vitalidade do epitélio pigmentado da retina (EPR), por meio da detecção de lipofucsina (LF), um fluoróforo.1,2

O acúmulo de LF, bem como de outros radicais químicos, tem sido adotado como sinal de envelhecimento celular do EPR, podendo preceder a morte de fotorreceptores e do próprio epitélio. Inúmeras doenças maculares podem cursar com acúmulo de LF, tais como degeneração macular relacionada à idade (DMRI), coriorretinopatia serosa central (CSCR), quadros inflamatórios ou infecciosos no segmento posterior, entre outras.1,2

Para que seja captada a AF, um fluoróforo (em sua grande maioria, localizada no interior do EPR) absorve um photon natural de um feixe luminoso, normalmente, com comprimento de onda próximo ao azul, que irá liberar um quantum de comprimento maior, similar ao que acontece na fluorescência na angiografia fluorescente. Entretanto, aqui, a AF dependerá da quantidade de material autofluorescente (principalmente LF) já contido na retina e EPR, sem que haja necessidade de injeção de contraste. Portanto, a quantidade de LF no interior do EPR será o principal determinante na produção de uma hiper ou hipoautofluorescência.1–6

As principais tecnologias aplicadas atualmente na aquisição de imagens de AF de comprimento de onda curto são as câmeras convencionais de retinógrafo adaptadas a filtros especiais e a técnica com o confocal scanning laser ophthalmoscope (cSLO), por meio da luz azul (por exemplo, Spectralis HRA; Heidelberg Engineering, Alemanha), uma das mais aplicadas na literatura, por apresentar melhor resolução de imagens de AF que as câmeras convencionais.6

Uma imagem de AF demonstra a distribuição do seu sinal no tecido retiniano e, principalmente, no EPR. O achado de hiperautofluorescência, via de regra, reflete lesão crônica direta ao EPR, ou indireta aos fotorreceptores,1 como se verá no decorrer deste capítulo.