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DEFICIÊNCIA VISUAL EM ADULTOS E IDOSOS: ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR — PARTE I

Autores: Luciene Chaves Fernandes, Daena Barros Leal, Edson Carvalho da Silveira, Clarisse Mendes Portella, Alessandra dos Santos Vale
Deficiência visual em adultos e idosos - Secad

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • conceituar e classificar a deficiência visual (DV);
  • reconhecer o perfil epidemiológico da DV;
  • identificar os impactos da DV no indivíduo e na sociedade;
  • reconhecer alucinações visuais e como conduzi-las;
  • abordar multidisciplinarmente a DV isolada e/ou associada a deficiências múltiplas;
  • reconhecer as doenças oculares mais frequentes.

Esquema conceitual

Introdução

Apesar dos importantes avanços da medicina e de ações preventivas, é crescente e significativo o número de pessoas com DV no mundo.

O impacto de uma perda visual na vida de um indivíduo pode ser discreto ou representar uma ruptura completa, necessitando de adaptações e readaptações constantes.1 O oftalmologista, diante de um paciente com perda visual, deve estar atento à importância e ao momento de um encaminhamento para a reabilitação da visão (RV), criando, assim, oportunidades para promoção da autossuficiência e da inclusão social, econômica e cultural a fim de possibilitar, à pessoa com DV, viver com dignidade.2

O termo “reabilitação” refere-se a um conjunto de medidas para auxiliar as pessoas com deficiência a alcançar e manter um nível ótimo de funcionalidade em interação com seu ambiente.3,4

As medidas de reabilitação englobam desde as intervenções para melhorar a função e a estrutura do corpo até medidas mais abrangentes, destinadas a promover a inclusão. Buscam-se, por meio da RV, estratégias que permitam à pessoa com DV alcançar uma experiência de vida mais semelhante possível à de um indivíduo de visão normal.3,4

Todo o trabalho de RV é realizado por uma equipe multi e transdisciplinar.5 “Sendo transdisciplinar, os profissionais envolvidos transcendem suas próprias disciplinas”, fazendo surgir “um novo campo de saberes e práticas[,] visando [a] garantir o atendimento integral e customizado das necessidades específicas de cada indivíduo”.6 A relação dos profissionais com os pacientes e seus familiares deve ser de cooperação, trabalhando juntos em direção ao atendimento das necessidades reais existentes. Nesse contexto, destaca-se a tecnologia assistiva (TA),

uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando [a] sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social.7

A TA, por meio de recursos ópticos (óculos, lupas, telescópios), não ópticos (lentes filtrantes, controle de iluminação), eletrônicos (sistemas de videoampliação, recursos de informática) e não visuais (sistemas sonoros, bengala), proporciona melhora da funcionalidade, possibilitando à pessoa com DV um maior alcance visual e um melhor desempenho nas atividades pessoais, sociais e acadêmicas, com ênfase especial no acesso à leitura, prevenindo déficits cognitivos e até demência.8

Uma prescrição em tempo hábil, ainda em fase inicial da doença, evita prejuízos nas atividades diárias, facilita a adaptação aos recursos, além de possibilitar a inclusão social, econômica e cultural.2,9 Será abordada com mais ênfase na Parte II do capítulo.

É importante descobrir, junto ao paciente e seus familiares, possibilidades que propiciem uma melhor adaptação à nova condição, baseadas em expectativas reais. É desejável que o paciente:1,2,9

  • entenda e aceite que a sua vida sofrerá modificações, às vezes, significativas;
  • esteja aberto às novas possibilidades;
  • participe do processo de RV.

Mesmo quando nada mais pode ser feito pelo olho, muito se pode fazer para melhorar a funcionalidade da visão e a qualidade de vida do indivíduo.1,2,9

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