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AVALIAÇÃO DO LETRAMENTO FUNCIONAL EM SAÚDE DE PAIS DE CRIANÇAS MENORES DE UM ANO

Francielle Brustolin Lima Simch

Beatriz Rosana Gonçalves de Oliveira Toso

Cláudia Silveira Viera

Avaliação do letramento funcional em saúde de pais de crianças menores de um ano - Secad

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • aprofundar o conceito de letramento funcional em saúde (LFS) para os profissionais de enfermagem;
  • descrever a importância da comunicação eficaz em saúde;
  • discutir o instrumento de avaliação do LFS dos pais de crianças com idade inferior a 1 ano — o Teste de Avaliação do Letramento Funcional em Saúde Parental (em inglês, Parental Health Literacy Activities Test [PHLAT]) — validado no Brasil;
  • reconhecer o uso do instrumento de mensuração do letramento em saúde (LS) e sua aplicação na atenção primária à saúde (APS);
  • identificar o uso do instrumento de mensuração do LS na atenção básica.

Esquema conceitual

Introdução

Este capítulo apresenta o LS, expressão traduzida para o português proveniente do inglês health literacy. Ainda não se verifica consenso entre os pesquisadores quanto ao conceito e o campo de estudo do LS, contudo abrange muito mais do que a comum habilidade de leitura das informações em saúde, isto é, compreende habilidades influenciadas pela cultura e pela sociedade, como saber ouvir, ler, escrever, expressar-se oralmente, habilidades de numeramento (matemática) e de tomar decisões relacionadas à saúde.1

O letramento é resultante do processo de aprender a ler e a escrever, constituindo-se no estado que um sujeito ou uma coletividade alcança após a apropriação da escrita e de suas práticas na sociedade. De outro modo, o letramento funcional se define por meio dos conhecimentos e habilidades de leitura e escrita que proporcionam ao sujeito o envolvimento nas atividades distintas da sua área de domínio.2

Nesse contexto, Coelho e colaboradores3 descrevem o LFS a partir do conhecimento, do estímulo e das capacidades individuais para acessar, assimilar, analisar e empregar as informações de saúde com a finalidade de exercer julgamentos e tomada de decisões no que se refere à vida cotidiana a respeito de saúde, agravos, prevenção de doenças e promoção da saúde. Neste capítulo, LS e LFS serão tratados como sinônimos.

Os usuários com limitado LS, quando comparados aos que têm nível adequado, frequentemente relatam que os médicos utilizam palavras difíceis; por isso, tão importantes quanto a competência de letramento dos usuários que procuram os serviços de saúde são o vocabulário e as habilidades de comunicação utilizadas pelos profissionais que atuam nesse campo.4

A comunicação por meio de linguagem simples deve ser considerada habilidade relevante, junto a outras competências, daqueles que exercem profissões no campo da saúde. Soma-se a isso o fato de que o usuário pode estar com suas condições físicas e cognitivas prejudicadas pelo adoecimento, pelo medo, por estresse ou outro desconforto que lhe cause embaraço e constrangimento diante de um ambiente de saúde altamente letrado, considerando a formação acadêmica dos profissionais.4

Em razão de sua complexidade, multidimensionalidade, interdisciplinaridade4,5 e do impacto que um inadequado letramento pode causar a indivíduos, família, comunidade e ao sistema de saúde, o LS despertou interesse em pesquisadores, profissionais de saúde e formuladores de políticas públicas.6 Contudo, os instrumentos que mensuram o nível de LS, geralmente, são dirigidos a públicos específicos.7–9

Não foram encontradas evidências científicas sobre o LS de pais/cuidadores na implementação da terapêutica aos filhos. Assim, faz-se necessária a disponibilidade de instrumento de avaliação sobre o LS a esse público, configurando-se como uma lacuna de conhecimento. Tal fato assume relevância na medida em que o grupo infantil é público assíduo na APS, tanto nas consultas de acompanhamento do seu crescimento e desenvolvimento como na busca de cuidado, principalmente, às doenças respiratórias e diarreicas, que acometem crianças de modo prevalente no País e influenciam na hospitalização por causas evitáveis pela APS.7–9

Na ausência de instrumento específico validado no Brasil para pais/cuidadores de crianças e considerando a importância do LS para a resolutividade da atenção à saúde no cuidado infantil, as autoras deste capítulo realizaram a tradução, a adaptação cultural, a validação psicométrica e a aplicação do instrumento PHLAT.

O PHLAT, que avalia as habilidades de LS e a compreensão matemática dos pais/cuidadores quanto às instruções terapêuticas, principalmente medicamentosas, para cuidar de crianças com idade inferior a 1 ano,10 será apresentado neste capítulo.

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