- Introdução
De acordo com a International Association for the Study of Pain, a dor é “uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a danos reais ou eventuais dos tecidos ou descrita em termos desses danos”.1
Essa definição apresenta o conceito de dor como experiência individual e subjetiva com dois componentes importantes. O sensorial, determinado pelo neurofisiológico, e o emocional, com base no estado afetivo, nas experiências passadas e nos inúmeros outros fatores de ordem pessoal, cultural e espiritual que requerem aprendizagem desde muito cedo.2
Alguns especialistas consideram essa definição de dor como sendo confusa pela exigência do autorrelato, pois não consideram as pessoas especiais como pacientes com dificuldade para verbalizar, em coma, deficientes mentais, idosos demenciados, crianças pré-verbais e todos aqueles privados de experiências de dor.2
A dor persistente coloca um fardo físico, emocional e socioeconômico na pessoa, com a presença ou o risco de sentir qualquer tipo de dor, e nas suas famílias ou em seus cuidadores.3
Devido ao aspecto complexo e subjetivo da dor, a sua avaliação não é tarefa fácil de ser realizada; porém, faz parte das funções e obrigações dos profissionais de saúde, sendo considerada uma atividade indispensável à excelência dos cuidados de saúde.2
Embora outros profissionais de saúde estejam envolvidos na avaliação e no manejo da dor, a equipe de enfermagem encontra-se em posição de evidência nesse processo, pois é o profissional de saúde que permanece mais tempo em contato com o paciente.4
O controle da dor baseia-se principalmente nas intervenções dos profissionais de saúde, que, depois de identificar e quantificar a dor, decidem quais intervenções deverão ser realizadas para seu alívio.5
A dor não identificada não poderá ser tratada, dificultando a avaliação das necessidades de intervenção ou da eficácia dos tratamentos. Na prática, a avaliação da dor é, muitas vezes, ignorada, esquecida ou realizada de forma inadequada.5
Todas as pessoas têm o direito de ter a sua dor reconhecida e respeitada, recebendo a melhor avaliação possível baseada em evidências, e que a sua dor seja documentada e comunicada entre os profissionais para monitorar e gerenciar de forma adequada. Porém, reconhece-se que nem sempre todos os pacientes têm acesso à mesma assistência.4 Infelizmente, nem todos os serviços de saúde possuem profissionais de saúde, principalmente médicos e enfermeiros especializados no processo de avaliação e manejo da dor.
- Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- descrever a avaliação da dor como o quinto sinal vital e a sua importância no ambiente clínico;
- reconhecer os critérios baseados em evidências para o controle da dor e as diretrizes de boas práticas da avaliação da dor;
- identificar as principais ferramentas disponíveis e padronizadas para mensuração da dor;
- descrever as principais intervenções de enfermagem para o manejo da dor.
- Esquema conceitual