■ Introdução
Um episódio de síncope dura em torno de 20 a 30 segundos e, quase invariavelmente, menos do que 5 minutos.2 Pode ocorrer isoladamente ou ser precedido de sintomas, como vertigem, tonturas, sudorese, náusea, visão turva ou sensação de queda iminente. Esses pródromos são conhecidos como pré-síncope ou lipotimia.
Estima-se que 50% da população adulta terão ao menos um episódio de síncope ao longo de suas vidas.3 A incidência dos episódios tende a aumentar com a idade, tanto pela necessidade de uso de medicações vasoativas quanto pela maior prevalência de arritmias na população idosa.4 A presença de amnésia retrógrada, embora seja uma manifestação rara, pode ser mais frequente principalmente nessa faixa etária.5
A síncope pode ser considerada um evento benigno e autolimitado quando associada a causas não cardíacas, tais como as síncopes reflexomediadas e as ortostáticas. Já em casos em que a doença de base é de origem cardíaca, como no infarto agudo do miocárdio (IAMinfarto agudo do miocárdio) ou nas arritmias cardíacas, os desfechos podem ser mais graves.
Episódios recorrentes e sem causa definida podem ocorrer em até um terço dos pacientes.5 Em pacientes com síncope e histórico de doença cardíaca estrutural, está associado um aumento de 40% do risco de morte em 2 anos.6
Em pacientes de baixo risco, acima de 40 anos de idade, que relataram ter tido um ou dois episódios de síncope durante a vida, a taxa de recorrência está entre 15 a 20% nos próximos 1 a 2 anos; já para quem relatou ter tido três episódios de síncope, a taxa de recorrência varia entre 36 a 42% nos próximos 1 a 2 anos.6
A história do evento, quando for possível coletá-la, deve ser analisada detalhadamente, em busca de uma etiologia plausível. Além disso, uma anamnese completa, seguida de exame físico voltado para as causas mais frequentes de síncope, ajuda a excluir os diagnósticos diferenciais e auxilia no manejo clínico.
■ Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de:
- ■ definir síncope;
- ■ reconhecer a epidemiologia da síncope;
- ■ identificar os principais tipos de síncope e os principais diagnósticos diferenciais;
- ■ propor o manejo inicial do paciente com suspeita de síncope;
- ■ estabelecer ações para o prognóstico e a prevenção de episódios de síncope;
- ■ saber quando referenciar e como compartilhar o cuidado de paciente com suspeita de síncope de forma adequada com os outros especialistas.
■ Esquema conceitual