Introdução
Na cultura ocidental, caracterizada predominantemente pela competitividade e comparação social, o individualismo, a ambição e a competição acabam sendo aspectos valorizados e, ainda, propagados como essenciais à sobrevivência.1,2
Nesse contexto, as experiências de sucesso e fracasso aparecem associadas à autoestima e formação da identidade, de modo que o indivíduo deve atingir altos padrões de desempenho para ser valorizado, bem como adotar uma postura punitiva e crítica frente ao fracasso.3
Dessa forma, a adoção de uma postura autocrítica com foco em evitar erros, sofrimento e vulnerabilidades auxilia os indivíduos a protegerem a sua autoestima de experiências de fracasso, da vergonha e da rejeição.4
A partir disso, o estudo da autocompaixão, que surge como uma alternativa ao autocriticismo, pode auxiliar na compreensão de como os indivíduos reagem e processam essas experiências sociais de competição e rejeição.
Além dessas questões contextuais, a formação da identidade, desde a infância culminando na adolescência, irá normativamente envolver a comparação com os pares, o rechaço dos diferentes e a afiliação aos iguais.
Dito isso, por questões inerentes ao próprio desenvolvimento humano e ao contexto, ambos os processos de autocompaixão e bullying passam por questões normativas e evolutivas, assim como podem ser explicados e potencializados ou não por variáveis do ambiente.
O conhecimento adequado e profundo desses aspectos e de suas associações é o objetivo deste capítulo, sendo fundamental para o desenvolvimento de intervenções que foquem na saúde mental e prevenção de bullying.
Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer os principais modelos teóricos sobre a autocompaixão e o bullying;
- revisar os resultados de pesquisas que investigaram associações entre autocompaixão e bullying;
- identificar os fatores que podem auxiliar o adolescente que experimenta o bullying;
- reconhecer os fatores para um desenvolvimento mais saudável dos adolescentes.