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BURNOUT EM OBSTETRAS E GINECOLOGISTAS

Autores: Joel Rennó Jr., Sérgio Baldassin, Eduardo de Castro Humes, Renan Rocha, Cesar Eduardo Fernandes
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  • Introdução

O termo “burnout” foi usado inicialmente em 1974 por Herbert Freudenberger para descrever o esgotamento profissional. A sua descrição, baseada no quadro que ele observava em si e em outros profissionais de saúde, remete às consequências de desgaste e desvitalização pessoal relacionados ao desempenho profissional. Esse quadro caracteriza-se por esgotamento emocional, perda de significado no trabalho, sentimentos de ineficácia e tendência de a pessoa se relacionar com os outros como se fossem objetos, não seres humanos.

A avaliação padronizada de burnout foi expandida a partir da formulação de um questionário desenvolvido por Christina Maslach, que postula que os três eixos dessa síndrome psicológica são exaustão emocional (EEexaustão emocional), despersonalização e desrealização.

Outros autores descrevem consequências físicas relacionadas à síndrome de burnout, como1

 

  • hipercolesterolemia;
  • diabetes tipo 2;
  • fadiga;
  • transtornos ocupacionais — erros médicos associados à despersonalização, insatisfação e dificuldade de trabalhar em equipe quando a síndrome ocorre.

O burnout está associado ao desgaste do sistema hipotálamo–pituitária–adrenal (HPA) com redução do fator neurotrófico derivado do cérebro (Brain-derived neurotrophic factor [BDNFfator neurotrófico derivado do cérebro]), menor neurogênese e até atrofia de estruturas límbicas.

De maneira geral, o burnout ocorre em pessoas envolvidas em atendimento direto de pacientes, que relatam gostar do que fazem, apesar de, no momento, não estarem satisfeitas, e que, por vários motivos, estão sem recursos, pessoais ou locais, para seguir em seu trabalho.

LEMBRAR

O burnout é uma síndrome psicológica, e não um transtorno psiquiátrico, por isso está codificado na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) com o código Z73.0. Essa diferenciação entre uma síndrome psicológica e um transtorno psiquiátrico se deve ao fato de que os sintomas apresentam uma instabilidade ao longo do tempo e podem, por exemplo, apresentar uma remissão durante períodos de afastamento ou após o desligamento da situação.

O conceito ao qual a síndrome de burnout se relaciona nem sempre foi bem aceito, e alguns autores até o negaram ou o descreveram como sendo uma área intermediária de disforia ou de pré-transtorno depressivo. Conforme essa visão, há uma importante discussão sobre a sobreposição de seus sintomas com o transtorno de ajustamento (ou reação de adaptação, da classificação do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais [DSMManual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais]).

Essa crítica, apesar de pertinente, é limitada, pois, a partir da discriminação do burnout como uma forma específica de reação emocional às experiências ocupacionais, pode-se não apenas reconhecer o seu impacto, mas a sua importância fora do ambiente da saúde mental, além de possibilitar que esse tema seja bastante pesquisado. A sua disseminação esbarra no oposto, ou seja, em alguns casos, os sintomas podem ser banalizados em sua importância, ou ser usados inadequadamente, prejudicando o diagnóstico de transtornos psiquiátricos (como quadros depressivos).

  • Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • descrever o conceito e a epidemiologia da síndrome de burnout;
  • discutir a elevada incidência e o impacto de burnout no exercício da ginecologia e obstetrícia (G&OGinecologia e Obstetrícia);
  • identificar a G&OGinecologia e Obstetrícia como uma especialidade singular com perfil muito apropriado de risco para o desenvolvimento do burnout;
  • empregar técnicas e alternativas de prevenção e tratamento de burnout.
  • Esquema conceitual
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