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CARGA DE TREINAMENTO SOB A ÓTICA DA FISIOTERAPIA

Autores: Thiago Ferreira Timoteo , Paula Barreiros Debien
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  • Introdução

A etiologia das lesões esportivas tem caráter multifatorial. Entre uma série de determinantes, evidências científicas têm apontado que desequilíbrios na carga de treinamento (CTcarga de treinamento) são um importante fator de risco.1 Apesar da crítica a respeito da visão reducionista na tentativa de entender as lesões esportivas, é importante notar que, independentemente da interação entre os fatores de risco, as lesões esportivas acontecem enquanto os atletas estão expostos ao treinamento.2,3

A interação entre a CTcarga de treinamento e as lesões esportivas tem mostrado que a prescrição do treinamento e a saúde do atleta estão entrelaçadas e, portanto, não podem ser consideradas separadamente.4 Sendo assim, o desempenho esportivo e a prevenção de lesões são campos multidisciplinares que envolvem os profissionais de preparação física, a comissão técnica, os médicos, os fisioterapeutas, os fisiologistas e os cientistas do esporte. Porém, muitas vezes, eles têm dificuldades em alinhar seus pensamentos, seus objetivos e suas motivações profissionais, fazendo com que ações divergentes entre eles prejudiquem o desenvolvimento de um trabalho de qualidade no contexto esportivo.

Um quadro típico dessas relações pode ser descrito da forma apresentada a seguir.1,5

 

  • Treinador: tem como objetivo ganhar jogos utilizando de qualquer meio necessário para esse fim.
  • Preparadores físicos: têm o objetivo de expor os atletas a treinamento intenso e ter o maior volume de treinamento possível e, assim, prepará-los para as demandas da competição.
  • Equipe de saúde: possuem como objetivo comum manter os atletas livres de lesão. Com isso, tendem a se preocupar com o fato de que CTcarga de treinamentos mal gerenciadas, combinadas com o calendário de competição cada vez mais saturado, podem prejudicar a saúde dos atletas. Ou seja, muitas vezes, buscam uma redução das CTcarga de treinamentos para que menos atletas sucumbam a lesões por sobrecarga.

No entanto, quantas das decisões e solicitações do departamento de saúde são baseadas em evidências empíricas ou na intuição dos profissionais da equipe? Sendo assim, é imperativo que os fisioterapeutas esportivos possuam uma compreensão sobre os conceitos e as aplicações da CTcarga de treinamento.6,7

Tal conhecimento pode trazer aos fisioterapeutas a competência para participar das decisões referentes ao treinamento, permitindo que trabalhem de forma mais integrada aos demais profissionais. Além disso, é possível que o fisioterapeuta se utilize de conceitos de periodização e monitoramento de carga no próprio processo de reabilitação do atleta, auxiliando no retorno às atividades esportivas. Tais medidas podem diminuir a perigosa distância entre a preparação física e a reabilitação no ambiente esportivo.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • entender a relação entre as CTcarga de treinamentos e as lesões esportivas;
  • reconhecer conceitos importantes relacionados com o treinamento esportivo;
  • diferenciar entre síndrome de overtraining, overreaching (ORoverreaching) funcional e overreaching não funcional (NORoverreaching não funcional);
  • identificar valores e comportamento das CTcarga de treinamentos que podem aumentar ou diminuir o risco de lesões esportivas;
  • reconhecer o comportamento das CTcarga de treinamentos e o aumento do risco de lesão comuns em pré-temporadas;
  • identificar variáveis de CTcarga de treinamento durante a reabilitação fisioterapêutica.

 

  • Esquema conceitual
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