Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- compreender a definição de hipoglicemia no recém-nascido pré-termo (RNPT) de muito baixo peso;
- identificar as causas, a fisiologia, os fatores de risco e o tratamento da hipoglicemia no RNPT de muito baixo peso;
- reconhecer os mecanismos que levam à hiperglicemia no RNPT de muito baixo peso;
- indicar as possíveis intervenções para o ajuste glicêmico;
- identificar as repercussões em curto e longo prazos do aumento da glicemia no período neonatal.
Esquema conceitual
Introdução
A hiperglicemia é uma alteração metabólica frequente em RNPTs1 com incidência inversamente proporcional ao peso e à idade gestacional (IG). Aproximadamente um terço dos RNPTs de muito baixo peso (<1.500g ao nascer) apresenta glicemia >180mg/dL na primeira semana de vida,2 com a incidência podendo chegar a 20–86% em RNPTs extremos (<28 semanas de IG).3,4
A hiperglicemia costuma ocorrer em torno do sexto dia de vida e pode se manter por 3,7 dias, em média.2,5 A maioria dos episódios acontece até o 14º dia de vida, mas esse intervalo pode se prolongar por até 4 semanas de vida.2 Sabe-se que a hiperglicemia está associada a fatores, como aumento do tempo de internação, maior risco de sepse e maior mortalidade aos 28 dias de vida.2,4
Algumas condições, como enterocolite necrosante (ECN), hipernatremia, retinopatia da prematuridade (ROP) e displasia broncopulmonar (DBP), estão associadas à exposição à hiperglicemia no período neonatal.4 Em longo prazo, a hiperglicemia, em RNPTs de muito baixo peso, pode prejudicar seu crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor. Essas repercussões explicam a importância do reconhecimento e do tratamento desse distúrbio.1,3