Introdução
O sintoma dor de cabeça, também denominado cefaleia, é uma das causas mais frequentes de procura por atendimento médico de urgência. No Brasil, estimativas apontam que as consultas motivadas por essa queixa totalizam, aproximadamente, 4,5% dos atendimentos, figurando como a quarta causa mais frequente de procura pelas unidades de emergência.1
As cefaleias podem ser classificadas em primárias, que são aquelas recorrentes em que a própria cefaleia é a doença (frequentemente associadas a outros sinais e sintomas) e secundárias, em que a cefaleia é o sintoma de uma doença de base, neurológica ou sistêmica.
De modo similar ao detectado no resto do mundo, encontra-se, no Brasil, uma prevalência de cefaleia de 70,6%, sendo 29,5% de cefaleia tensional, 15,8% de migrânea e 6,1% de cefaleia crônica diária, com graus variáveis de comprometimento das atividades diárias.2 Embora a cefaleia do tipo tensional seja a mais frequente na população em geral, a migrânea, em razão da presença de sinais e sintomas debilitantes e de sua alta prevalência, é a cefaleia mais comum em consultórios médicos e em serviços de emergência.
Tendo em vista a potencial gravidade da condição clínica geradora da cefaleia, no caso das cefaleias secundárias, faz-se indispensável para o médico a correta identificação da forma apresentada pelo paciente a fim de guiar os exames subsidiários a serem solicitados e o tratamento apropriado objetivando alívio sintomático.3
Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer a diferença entre cefaleias primárias e secundárias;
- identificar os sinais de alarme em cefaleias, assim como os dados de história clínica e exame físico indispensáveis;
- definir o tratamento inicial adequado para os pacientes com cefaleias primárias na sala de emergência objetivando alívio sintomático e prevenção de recidivas;
- estabelecer as condutas diagnósticas e terapêuticas mais apropriadas para os pacientes com suspeita de cefaleias secundárias.