- Introdução
Primeiro antipsicótico atípico desenvolvido, a clozapina (CLZclozapina) tem uma história única na psiquiatria. Após ser retirada do mercado em alguns países devido ao risco de agranulocitose, foi reabilitada pela demonstração da sua superioridade frente aos demais antipsicóticos nos pacientes resistentes ao tratamento; isso propiciou o surgimento de uma nova geração de agentes antipsicóticos. A sua característica de atipicidade se manifesta pelo baixo potencial para induzir sintomas extrapiramidais.
A principal indicação da CLZclozapina, atualmente, é o tratamento de pacientes com esquizofrenia refratária (EResquizofrenia refratária) ao tratamento com antipsicóticos. Indicações secundárias na esquizofrenia incluem risco de suicídio, irritabilidade/agressividade, discinesia tardia e comorbidade com uso de substâncias.
A taxa de utilização da CLZclozapina é abaixo da preconizada em função dos seus efeitos colaterais, mas principalmente pela falta de conhecimento e experiência do psiquiatra com o uso dessa medicação. Essa lacuna entre as evidências cientificas e a prática clínica tende a ser encurtada com iniciativas de educação sobre a refratariedade e os corretos uso e manejo dos efeitos colaterais da CLZclozapina.
Este artigo realiza um apanhado dos conhecimentos da CLZclozapina, um antipsicótico tão sui generis, sem deixar de discorrer, na primeira parte, sobre o tema da refratariedade ao tratamento na esquizofrenia, que, afinal, é o papel de destaque da CLZclozapina. A segunda parte do texto abordará as estratégias que, sugere-se, sejam empregadas caso o tratamento inicial da esquizofrenia não seja satisfatório. A terceira parte enfocará a CLZclozapina, as suas ações na esquizofrenia, o seu manejo clínico, os seus efeitos colaterais e a forma de prescrevê-la, de maneira bastante didática. Por último, na quarta e na quinta partes, discorrer-se-á sobre o uso da CLZclozapina na esquizofrenia não refratária e em outros possíveis usos off-label.
- Objetivos
Ao final da leitura do artigo, o leitor será capaz de:
- reconhecer estratégias a serem empregadas caso o tratamento inicial da esquizofrenia não seja satisfatório;
- conhecer as propriedades da CLZclozapina no tratamento da esquizofrenia, o seu manejo clínico, os seus efeitos colaterais e a forma de prescrevê-la;
- compreender o uso da CLZclozapina na esquizofrenia não refratária e em outros possíveis usos off-label;
- prescrever com segurança a CLZclozapina, trazendo um benefício inestimável a pacientes que, de fato, têm nela a única chance de melhora.
- Esquema conceitual