Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar as diversas formas de comprometimento cognitivo possíveis em pacientes oncológicos;
- reconhecer a avaliação clínica de pacientes oncológicos com suspeita de comprometimento cognitivo;
- discutir o manejo adequado de pacientes com declínio cognitivo relacionado ao câncer e ao seu tratamento.
Esquema conceitual
Introdução
Nas últimas décadas, tem-se observado no mundo um processo de transição demográfica, com diminuição das taxas de natalidade e mortalidade, gerando envelhecimento da população. Da mesma forma, ocorre um processo de transição epidemiológica, em que há substituição das doenças transmissíveis por doenças não transmissíveis e por causas externas.
Essas mudanças ocasionam um deslocamento da carga de morbidade e mortalidade dos grupos mais jovens aos grupos mais idosos e a transformação de uma situação em que predomina a mortalidade para outra na qual a morbidade é dominante. Com isso, têm ampliado tanto a incidência quanto a prevalência das doenças oncológicas, motivando um aumento, entre 2007 e 2017, de 40,6% dos anos vividos com incapacidade por essas doenças.1
Com a evolução dos tratamentos e a tendência de aumento da expectativa de vida dos pacientes com câncer, deve-se considerar não apenas a sobrevida, mas também a qualidade de vida (QV) nesse período, possibilitando que o indivíduo seja capaz de manter suas atividades familiares, sociais e laborais.
Um estudo que analisou ensaios clínicos oncológicos entre 2010 e 2015 demonstrou que menos da metade dos estudos teve avaliação de desfechos de QV.2 São ainda mais escassas as pesquisas com esse intuito em países de baixa e média renda, como o Brasil, em que se acredita haver ainda maior impacto na QV nos pacientes com câncer.3