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CONCUSSÃO NO ESPORTE

André Polli Fujita

Leonardo Augusto Troccoli de Medeiros

Gustavo Pompêo de Camargo Leme

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  • Introdução

A concussão é um dos distúrbios neurológicos mais comuns nos dias de hoje. A lesão envolve processos fisiopatológicos complexos no cérebro que podem levar a danos neurológicos inesperados e resultar, ou não, em perda da consciência.

No esporte, a concussão é conhecida como lesão silenciosa e causa uma preocupação cada vez maior em todo o âmbito esportivo mundial. Nos Estados Unidos da América (EUA), estima-se que 1,6 a 3,8 milhões de concussões ocorram anualmente no meio esportivo, sendo responsáveis por 5 a 9% de todas as lesões relacionadas com o esporte. Nos últimos 30 anos, os médicos migraram de estratégias anedóticas para uma abordagem baseada em evidências, por meio de um consenso internacional para a identificação e a gestão de concussões e um novo foco na educação e na prevenção dessas lesões.1

Na 4ª Conferência Internacional de Concussão no Esporte, realizada em Zurique, em 2012, foi elaborado o novo consenso sobre concussão e ficou definida a sua separação da lesão cerebral traumática leve (mTBIlesão cerebral traumática leve, do inglês mild Traumatic Brain Injury). Houve reconhecimento por parte do Concussion in Sport Group (CISGConcussion in Sport Group) de que, embora os termos mTBIlesão cerebral traumática leve e concussão sejam usados com frequência como sinônimos no contexto esportivo, outros grupos usam os termos para se referir a lesões diferentes.

A concussão é o termo histórico referente a lesões de baixa velocidade que causam movimentos no cérebro, resultando em sintomas clínicos e que não estão necessariamente relacionados com uma lesão patológica. É considerada uma subdivisão do trauma craniencefálico.

 

Algumas revisões foram feitas e o termo concussão ficou definido como uma lesão cerebral induzida por forças biomecânicas, com um processo fisiopatológico complexo que afeta o cérebro.

Várias características clínicas e patológicas ocasionadas por lesões biomecânicas podem ser utilizadas na definição das características da concussão, incluindo:2

 

  • o golpe direto na cabeça, na face, no pescoço ou em outras partes do corpo, com uma força impulsiva transmitida para a cabeça;
  • o comprometimento de curta duração da função neurológica que se resolve de forma espontânea (no entanto, em alguns casos, os sinais e sintomas podem evoluir por minutos ou horas);
  • as alterações neuropatológicas, com sintomas clínicos agudos que refletem muito mais uma perturbação funcional do que uma lesão estrutural, e, com isso, nem sempre as anormalidades são vistas nos exames de neuroimagem;
  • o conjunto de sintomas clínicos que podem ou não envolver a perda de consciência. A resolução dos sintomas clínicos e cognitivos tipicamente segue um curso sequencial, no entanto é importante notar que, em alguns casos, os sintomas podem ser prolongados.

As concussões podem afetar o tempo de reação, a memória, o equilíbrio e o planejamento de tarefas; já as lesões prévias podem colocar o atleta em maior risco (1,4 a 11,1 vezes mais) de sustentar essas deficiências em uma concussão subsequente. Além disso, 1 a 29% das concussões que ocorrem em uma temporada são relatadas como subsequentes. A reincidência dessas lesões pode resultar em consequências a longo prazo, que incluem:

 

  • depressão;
  • transtorno cognitivo leve;
  • recuperação prolongada de concussões subsequentes;
  • alterações eletrofisiológicas; e
  • encefalopatia traumática crônica.

No entanto, até a data não houve relações causais diretas identificadas para apoiar essas relações.

Apesar desses achados, a amplitude e a extensão dos efeitos das repetidas concussões a longo prazo permanecem obscuras. Embora haja maior compreensão sobre as consequências de liberar o atleta lesionado cedo demais e os efeitos de seguidas concussões ao longo do tempo, é importante lembrar que cada concussão é única e deve ser planejada de forma individual.1

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 

  • entender o conceito de concussão e reconhecer quais os esportes de maior incidência;
  • identificar as possíveis alterações causadas no atleta concussionado, bem como os principais sinais e sintomas causados pela concussão;
  • iniciar o processo de reabilitação do atleta concussionado, reconhecendo as individualidades de cada caso, a fim de proporcionar boa recuperação;
  • entender o funcionamento de ferramentas de avaliação e retorno ao esporte, pós-concussão.
  • Esquema conceitual
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