- Introdução
Em oncologia pediátrica, inúmeros e complexos desafios estão presentes, muitos relacionados às mudanças existenciais que permeiam o mundo da criança, do adolescente e da família e daqueles que profissionalmente cuidam desses pacientes. O estigma, os aspectos negativos relacionados aos clusters de sintomas e o sofrimento atribuídos ao câncer ampliam o desconforto associado a esse diagnóstico, que é uma das realidades mais difíceis a ser enfrentada por uma criança ou adolescente e seus familiares.1,2
Aliados ao diagnóstico de câncer, ainda estão presentes outros tantos desafios; entre eles, a busca:1
- pela qualidade de vida (QVqualidade de vida) das crianças e dos adolescentes e de suas famílias;
- por tratamentos eficientes;
- por recursos de diagnóstico precisos e rápidos;
- por políticas que garantam acesso equitativo à terapêutica;
- por profissionais com competência, habilidades e atitudes para as relações interpessoais.
As taxas de cura do câncer e sobrevida melhoraram significativamente nas últimas décadas, mas os tratamentos são de longa duração, debilitantes, intensivos e resultam em efeitos tardios da própria terapêutica, que podem acarretar mudanças fundamentais na vida de todos os envolvidos.
Independentemente do tratamento e do prognóstico, a experiência de estar com câncer subverte todas as referências do paciente – desde a relação com o seu corpo, sua identidade e sua família até as relações com a sociedade e os papéis que nela ocupa.1
Conviver e cuidar de uma criança ou de um adolescente com câncer são tarefas árduas. Acolher e valorizar a participação autônoma e colaborativa nas tomadas de decisões dos cuidados em oncologia pediátrica demandam do enfermeiro o desenvolvimento de métodos e abordagens que apreendam as necessidades de assistência, de modo a primar por um cuidado personalizado e de qualidade, que abarque as incapacidades da criança e do adolescente e as limitações dos familiares em encontrarem formas criativas e positivas para lidar com as dificuldades postas pelo câncer.3 Neste artigo, optou-se por dar ênfase aos princípios centrais do cuidado de enfermagem à criança e ao adolescente com câncer e sua família.
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de:
- identificar os aspectos epidemiológicos atuais do câncer infantojuvenil;
- reconhecer o processo de carcinogênese e as bases moleculares das neoplasias pediátricas;
- verificar a fisiopatologia e a clínica das principais neoplasias pediátricas;
- reconhecer algumas modalidades terapêuticas oncológicas convencionais e não farmacológicas, bem como suas particularidades;
- identificar os mecanismos envolvidos no desenvolvimento dos clusters de sintomas oncológicos em crianças e adolescentes;
- identificar os principais clusters de sintomas oncológicos e relacioná-los à assistência de enfermagem em seu manejo;
- reconhecer os principais efeitos tardios do tratamento oncológico associados a cada abordagem terapêutica;
- identificar peculiaridades em oncopediatria relacionadas ao diagnóstico precoce, ao impacto do câncer infantojuvenil na família, à comunicação de má notícia e aos cuidados paliativos.
- Esquema conceitual