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DECISÃO COMPARTILHADA: O CASO DO PLANO DE PARTO

Autores: Elisa Brauwers, Camila Giugliani, Martha Farias Collares
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  • Introdução

Decisão compartilhada é um processo no qual médico e paciente trabalham em conjunto para discutir exames, metas de tratamento e objetivos do cuidado, compartilhando informações sobre as diferentes opções e resultados, levando em conta suas preferências, com o intuito de chegar a um acordo mútuo sobre o melhor plano de ação.1

Com a decisão compartilhada, reconhece-se explicitamente o direito da pessoa de tomar decisões sobre seus cuidados. Esse processo envolve os seguintes aspectos:1

 

  • fornecimento de informações baseadas em evidências sobre os prováveis benefícios e danos de intervenções ou ações (incluindo quaisquer incertezas e riscos);
  • aconselhamento de apoio à tomada de decisão;
  • sistema de registro e implementação das preferências informadas dos pacientes.

A decisão compartilhada é, portanto, a base essencial para um atendimento verdadeiramente centrado na pessoa.

O pré-natal e, em especial, o período de assistência ao parto são momentos de grandes anseios e expectativas para as mulheres. A experiência vivida por elas nessas ocasiões geralmente deixa marcas, positivas ou negativas, para o resto de suas vidas. Nesse sentido, nos últimos anos, vem sendo questionado o excesso de intervenções realizadas na assistência ao parto, e, com isso, têm sido mais valorizados os aspectos emocionais, humanos e culturais envolvidos nesse processo.2

O plano de parto (PPplano de parto) surge como uma ferramenta para auxiliar na viabilização de um parto humanizado. O médico de família e comunidade (MFC médico de família e comunidade), como profissional que realiza a assistência pré-natal na atenção primária à saúde (APSatenção primária à saúde) e que atua como coordenador do cuidado, deve conhecê-la e saber de suas utilidades.3

O PPplano de parto é um documento escrito que facilita o processo de informação e orientação à gestante sobre todas as alternativas disponíveis na assistência ao parto, seja ele com ou sem intercorrências; mais do que isso, esse documento expressa a vontade e as preferências da mulher em relação a tais alternativas. As informações acessadas e a reflexão conjunta com o profissional decorrentes do PPplano de parto resultam na escolha informada sobre onde, como e por quem o parto será realizado, de acordo com cada contexto. 3

Apesar das dificuldades encontradas na implementação do PPplano de parto, como, por exemplo, falta de tempo e de interesse por parte de alguns profissionais e desconhecimento sobre sua utilidade, o uso dessa ferramenta é recomendado por instituições como a Organização Mundial da Saúde (OMSOrganização Mundial da Saúde) e o Ministério da Saúde (MSMinistério da Saúde) do Brasil. Isso porque o PPplano de parto incentiva um processo mais natural de parto e evita intervenções não recomendadas de rotina, melhorando, assim, desfechos obstétricos e o grau de satisfação das parturientes.4

O Caderno de Atenção Básica Atenção ao pré-natal de baixo risco, do MSMinistério da Saúde, coloca que “estimular e informar sobre os benefícios do parto fisiológico e elaborar o plano de parto” é um dos elementos necessários para a qualidade do pré-natal.5

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 

  • reconhecer a importância da decisão compartilhada em relação à assistência ao parto;
  • explicar as finalidades da ferramenta PPplano de parto;
  • discutir as principais recomendações de boas práticas em relação à assistência ao parto;
  • elaborar o PPplano de parto em conjunto com a gestante na APSatenção primária à saúde;
  • atuar como coordenador(a) do cuidado, considerando a assistência recebida em outros pontos da rede de atenção à saúde, como as maternidades, no período envolvendo pré-natal, parto e pós-parto.

 

  • Esquema conceitual
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