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DEPRESSÃO NO MUNDO DO TRABALHO

Maria Luiza Gava Schmidt

Juliana de Almeida Prado

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • caracterizar, adequadamente, um quadro depressivo no contexto de trabalho;
  • desenvolver habilidades para considerar possíveis correlações entre a depressão e os fatores psicossociais do trabalho;
  • avaliar criticamente os prejuízos funcionais associados à depressão;
  • colaborar com a melhora das condições de trabalho, a organização do trabalho e as relações socioprofissionais;
  • mitigar impactos à saúde dos trabalhadores;
  • reduzir absenteísmo-doença;
  • contribuir para eficácia dos processos de retorno ao trabalho;
  • atuar em equipe transdisciplinar com olhar biopsicossocial aos trabalhadores.

Esquema conceitual

Introdução

A depressão é uma condição de saúde altamente prevalente na população em geral e entre os trabalhadores. Está associada a um grande impacto socioeconômico, principalmente em razão da incapacidade funcional e da queda da produtividade.1 Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),2 a depressão será a segunda maior causa de incapacitação global em 2030. Frequentemente, os sujeitos deprimidos apresentam comprometimento em sua saúde física e utilizam mais os serviços de saúde.3,4 Além disso, essa condição é um forte fator de risco para o suicídio.5 Em comparação com as flutuações leves e passageiras do humor, observadas em resposta aos desafios da vida diária, a depressão apresenta-se de modo persistente e com maior intensidade, de forma a se tornar um sério problema de saúde.

Neste capítulo, quando se faz referência à depressão, fala-se do transtorno depressivo maior (TDM), que é o transtorno mais representativo e prevalente entre as síndromes depressivas.

Para realizar o diagnóstico de depressão, sentimentos como tristeza ou angústia não precisam, necessariamente, estar presentes. Basta que haja redução do interesse pelas coisas e falta de motivação. A diminuição do nível de energia pode ser expressa por desânimo, maior esforço para realizar atividades corriqueiras (inclusive a higiene pessoal), cansaço, sonolência, “preguiça”.6

Os sujeitos com depressão também não conseguem sentir felicidade e vibração pela vida, e a anedonia pode ser generalizada (nada mais tem graça) ou parcial (sexo ou trabalho ainda podem ser gratificantes).

Nessa condição, o tempo para alcançar a recuperação funcional (retorno aos níveis pré-mórbidos de funcionalidade) costuma ser, em média, de 30 a 50% mais longo do que o tempo para se obter a remissão clínica (ausência de sintomatologia significativa).6 Nesse sentido, se a remissão clínica dos sintomas ocorre em 6 meses, o tempo médio para recuperação da funcionalidade pré-mórbida pode variar de 7 a 9 meses. Por isso, é muito importante qualificar o tratamento e almejar, sempre que possível, a remissão completa dos sintomas e a recuperação da funcionalidade.6 A falta de diagnóstico e o tratamento inadequado acarretam cronificação dos casos e incapacidades, aumentando enormemente o ônus associado à depressão.2,6

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