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PREVENÇÃO DO CÂNCER DE PELE OCUPACIONAL

Joyce Pessoa Ferro

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • diagnosticar precocemente o câncer de pele;
  • reconhecer os fatores de risco relacionados ao câncer de pele;
  • orientar os trabalhadores e empregadores quanto às melhores estratégias para prevenir o câncer de pele;
  • perceber a importância de estimular a cultura prevencionista para câncer de pele no local de trabalho;
  • reconhecer a importância de notificar os casos de câncer de pele relacionados com o trabalho para produção de dados estatísticos;
  • perceber que, ao realizar o diagnóstico precoce do câncer de pele e encaminhar para tratamento especializado, promove-se maior a chance de cura e sobrevida.

Esquema conceitual

Introdução

O câncer é um problema de saúde pública mundial. Nos países desenvolvidos, estima-se que o câncer constitua a segunda causa de morte, após as doenças cardiovasculares. O câncer de pele é a neoplasia de maior incidência em várias partes do mundo, bem como no Brasil, onde corresponde a 27% de todos os tumores malignos. O câncer cutâneo ocupacional, por sua vez, é uma doença que apresenta dificuldades no estabelecimento de seu nexo com o trabalho, devido, principalmente, ao seu período de latência longo (entre 5 e 50 anos).1

No desenvolvimento de uma célula anormal, que parece ocorrer a partir de uma célula única, há uma alteração ou mutação no DNA desta. Essa alteração pode ser espontânea ou causada por fatores exógenos, tais como substâncias químicas ou radiações, ocorrendo em dois estágios, quais sejam, a iniciação e a promoção. Em um exemplo clássico de desenvolvimento do tumor cutâneo de pele, realizado em um camundongo, foram aplicadas pequenas doses de um carcinógeno dito iniciador (um hidrocarboneto aromático policíclico).

Sabe-se que grandes doses de hidrocarbonetos proporcionam prontamente o desenvolvimento de tumores cutâneos; entretanto, pequenas doses não o fazem. Ao aplicar um promotor (no caso foi usado o óleo de cróton, uma planta fototerápica originária do Madagascar), houve o desenvolvimento de tumor. Salienta-se que somente o iniciador sozinho em pequenas doses não produz células tumorais.

O processo de carcinogênese daria-se por meio de um processo de múltiplas etapas, com iniciação, promoção e progressão. Na iniciação, ocorre uma alteração irreversível do DNA através de uma interação deste com um carcinógeno, entendido como uma situação necessária, mas não suficiente para o desenvolvimento do câncer. Posteriormente, ocorrem processos decorrentes da promoção, que estimulam o desenvolvimento do tumor, ao estimular a proliferação da célula alterada. Esses mecanismos, denominados de epigenéticos, não estão muito bem elucidados. Esse modelo é denominado de carcinogênese em multiestádio. Os carcinógenos são frequentemente divididos em iniciadores ou genotóxicos e agentes promotores ou epigenéticos.

O período de indução-latência em seres humanos varia de 2 anos, no caso da leucemia induzida por radiação, a 40 anos, nos casos de mesotelioma de pleura induzido pelo asbesto, havendo um intervalo de latência para a maioria dos tumores entre 12 a 25 anos. As ocupações de risco incluem aquelas nas quais há exposição à radiação solar ultravioleta (UV), exposição a hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (expostos ao alcatrão, fuligem), expostos a óleos minerais não tratados, expostos a óleo de xisto, exposição a arsênio e radiação ionizante, entre outros.

Didaticamente, foi realizada a divisão do câncer de pele em câncer de pele melanoma e câncer de pele não melanoma. O câncer de pele não melanoma é o mais frequente, porém menos agressivo, e engloba o carcinoma basocelular (CBC) e o carcinoma espinocelular (CEC). O câncer de pele melanoma é o mais incomum de todos os tumores de pele, porém sua letalidade é mais elevada, devido à frequência de metástases.

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