Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer os diversos aspectos que estão envolvidos na relação estabelecida com o consumo de medicamentos;
- compreender as relações existentes entre médicos, pacientes e medicamentos considerando a influência de fatores psíquicos, epidemiológicos, biomédicos e socioculturais;
- identificar a polifarmácia como um problema relevante de saúde pública;
- reconhecer os processos de desprescrição de medicamentos como fundamentais na prática clínica;
- estabelecer princípios e etapas que devem ser levados em consideração no processo de desprescrição.
Esquema conceitual
Introdução
Durante a formação médica, são investidos grande tempo e esforço pedagógico para o ensino da prescrição de medicamentos na prática clínica. São diversas disciplinas/módulos e momentos do internato nos quais o estudante aprende uma série de protocolos e condutas médicas em que o foco do tratamento é a prescrição. No entanto, pouco se discute e ensina sobre desprescrição na graduação médica. Da mesma forma, também pouco se reflete sobre o significado do medicamento na prática clínica e na relação médico–paciente.
Pode-se extrapolar a mesma reflexão para as residências médicas em geral e, por que não, para a própria residência em Medicina de Família e Comunidade (MFC). Essa conduta representa um impacto importante na prática clínica com efeitos consideráveis sobre o processo saúde-doença. Nesse sentido, são diversos os desafios que se tem na relação médico–paciente–medicamento.
Medicalização, medicamentalização, multimorbidade, polifarmácia, iatrogenia, cascata de prescrição, prevenção quaternária e desprescrição são termos que precisam cada vez mais fazer parte da formação médica e dos processos de atualização clínica.