- Introdução
O entendimento e o reconhecimento sobre a depressão na infância e na adolescência têm se modificado nos últimos anos. Há não mais do que algumas décadas, até mesmo profissionais de saúde mental ainda questionavam a existência de episódios depressivos em crianças. Mais recentemente, o desenvolvimento de sistemas classificatórios com razoável confiabilidade permitiu o estabelecimento de um corpo de evidências mais robusto para a compreensão do transtorno depressivo maior (TDMtranstorno depressivo maior) no início do ciclo vital.1
Queixas relacionadas a alterações de humor em crianças e adolescentes são causas frequentes de encaminhamentos à avaliação psiquiátrica.2 Nas últimas décadas, observou-se um aumento na identificação de transtornos de humor entre os jovens, o que pode ser resultante da aceitação e da utilização de uma perspectiva desenvolvimental para a apresentação clínica dessa psicopatologia dentro de cada faixa etária.3 A ocorrência precoce de um episódio depressivo na vida do indivíduo está associada a uma gama de desfechos negativos em termos de morbidade e mortalidade, incluindo maior incidência de outros transtornos mentais, prejuízos na escola, no trabalho e nas relações interpessoais, bem como maior ocorrência de abuso de substâncias.3
O TDMtranstorno depressivo maior é um dos principais diagnósticos entre crianças e adolescentes, impactando indivíduos entre 10 e 24 anos de idade em termos de carga de doença, responsável por 6,2% dos anos de vida ajustados para incapacidade nessa faixa etária.4 Além disso, cabe destacar que a depressão está presente entre 49 e 64% dos adolescentes que apresentam tentativa de suicídio, a terceira causa de morte nessa faixa etária.5
- Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- explicar as particularidades do transtorno depressivo na infância e adolescência;
- resumir a abordagem diagnóstica da depressão em crianças e adolescentes;
- descrever o tratamento da depressão em crianças e adolescentes.
- Esquema conceitual