Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer a fisiologia envolvida no controle do cálcio (Ca) e do fósforo (PO4);
- identificar os desbalanços na homeostase do Ca e do PO4;
- indicar o manejo adequado dos distúrbios do Ca e do PO4 em diferentes cenários clínicos.
Esquema conceitual
Introdução
Distúrbios do Ca e do PO4 são problemas clínicos relativamente comuns encontrados no departamento de medicina de emergência. Por seu papel crucial na fisiologia celular, particularmente na função neuromuscular e na condução cardíaca, distúrbios graves desses minerais podem ser fatais. Compreender o complexo papel fisiológico do Ca e do PO4 no corpo humano é essencial para identificar prontamente o problema e iniciar a terapia apropriada. A manutenção da homeostase do Ca e do PO4 envolve o manuseio intestinal, ósseo e renal desses íons.
Dentro do plasma, aproximadamente 40% do Ca estão ligados à albumina, 15% estão complexados com citrato, sulfato ou PO4 e 45% existem como o Ca ionizado (ou livre), fisiologicamente importante. Em comparação com o Ca, o PO4 plasmático existe em formas orgânicas e inorgânicas. O PO4 inorgânico é completamente ionizado, circulando principalmente como HPO42- ou H2PO4-, em uma proporção 4:1.1
Apenas uma pequena fração do Ca e do PO4 corporal total está localizada no plasma. No entanto, são as concentrações plasmáticas de Ca ionizado e PO4 inorgânico que estão sob controle hormonal.
O equilíbrio do Ca é mediado principalmente pelo hormônio da paratireoide (PTH) e pelo calcitriol (1,25-di-hidroxivitamina D [1,25OH-vitamina D]), que afetam a absorção intestinal, a formação e a reabsorção óssea, bem como a excreção urinária. O balanço de PO4 é regulado principalmente pelo PTH, mas também pode responder ao fator de crescimento de fibroblastos 23 (FGF-23) e seu cofator, klotho, que, juntos e separadamente, promovem a excreção renal de PO4.