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DOENÇA DE PEYRONIE — ESTRATÉGIAS DE ACOMPANHAMENTO E TRATAMENTO

Autores: Giuliano Amorim Aita, Djalma Pereira de Sá Filho, Maria Eugênia Rodrigues Costa
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • revisar a doença de Peyronie (DP) e sua história natural;
  • identificar as principais manifestações clínicas da DP;
  • realizar a avaliação e o diagnóstico de um paciente com DP;
  • solicitar os exames complementares pertinentes;
  • listar as principais complicações associadas à DP;
  • descrever as principais modalidades de tratamento conservador da DP;
  • propor o tratamento cirúrgico no momento oportuno na DP;
  • indicar a abordagem cirúrgica mais indicada em cada caso.

Esquema conceitual

Introdução

A DP é uma desordem do tecido conjuntivo, caracterizada pela formação de uma lesão fibrótica ou placa na túnica albugínea, podendo ser causa de dor peniana, curvatura, deformidade, disfunção sexual e impacto psicológico negativo nos homens afetados. Acredita-se que a doença surja a partir da cicatrização anormal em resposta ao trauma no interior da túnica albugínea em homens geneticamente predispostos, levando à formação de fibrose local.1

O fator de transformação do crescimento beta (TGF-β1) parece estar envolvido nesse processo. A placa fibrótica resulta da produção anormal de matriz extracelular por meio da regulação positiva da atividade de miofibroblastos e de inibidores teciduais de metaloproteinases de matriz, entre outros mecanismos.2

Existe uma ligação entre história pessoal ou familiar de DP e a doença de Dupuytren (espessamento da palma da mão, que pode determinar uma contratura dos dedos), sugerindo uma predisposição genética.3

Descreve-se uma prevalência de 10% de DP na população masculina, com índices mais elevados em homens com disfunção erétil (DE) e diabetes ou após prostatectomia radical. A DP acomete tipicamente homens entre 50 e 60 anos de idade, embora homens mais jovens (menos de 40 anos) também possam ser acometidos.

Distingue-se duas fases da doença. A primeira é a fase aguda ou inflamatória, que é caracterizada pela presença de dor e de alterações no tamanho e/ou número de placas palpáveis, bem como da deformidade peniana. A segunda é a fase crônica ou estável (entre 6 e 18 meses de evolução), que se caracteriza pelo desaparecimento da dor e pela estabilização do tamanho e do número de placas, que podem calcificar, havendo, portanto, uma estabilização da deformidade peniana.4 Com o tempo, espera-se que a curvatura peniana piore em cerca de um terço dos pacientes e se estabilize em uma parcela entre 35 e 65% dos casos. A melhora espontânea é esperada em até 10% dos pacientes.

As opções de tratamento variam de acordo com a gravidade e a estabilidade dos sintomas. Várias terapias orais são comumente prescritas, embora, até o momento, não haja dados baseados em evidências científicas sólidas para apoiar qualquer tratamento oral na DP. Outras opções — incluindo tração peniana e injeções intralesionais — resultam em discreto benefício para muitos pacientes, particularmente quando usadas logo após o início dos sintomas.

Para aqueles com curvatura ou deformidade peniana mais significativa, que limita uma penetração satisfatória no ato sexual, a correção cirúrgica está indicada e pode ser feita de diversas formas (plicatura peniana, incisão da placa ou excisão parcial e enxerto, associadas ou não ao implante de prótese peniana).

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