Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- conceituar envelhecimento bem-sucedido, produtivo, saudável e ativo;
- descrever a política do envelhecimento ativo, seus pilares e determinantes;
- expor a aplicação do modelo de envelhecimento ativo;
- apresentar as ações de saúde para a promoção do envelhecimento saudável;
- analisar a capacidade funcional do idoso;
- elencar os fatores associados à capacidade funcional do idoso;
- relacionar o envelhecimento ativo e saudável com a capacidade funcional do idoso;
- delinear o papel da enfermagem frente ao envelhecimento ativo e saudável e à capacidade funcional do idoso.
Introdução
Os conceitos de envelhecimento ativo e saudável explicam a relevância que múltiplos fatores assumem na formulação de intervenções promotoras de adaptação, face ao processo de envelhecimento humano. Tanto o envelhecimento ativo quanto o saudável visam à manutenção da capacidade funcional e da qualidade de vida do idoso.
A capacidade funcional é considerada o principal marcador de saúde para o envelhecimento ativo e saudável, sendo mensurada pelas atividades de vida diária. Seu declínio ocorre de forma hierárquica, na qual os idosos apresentam, em um primeiro momento, dificuldades para realizar as atividades que requerem maior complexidade, independência e participação social; posteriormente, para as atividades relacionadas aos compromissos e/ou tarefas cotidianas; por fim, para as de autocuidado.
Este capítulo busca discorrer sobre o envelhecimento ativo e saudável e a capacidade funcional do idoso.
Visão geral
A maior longevidade no Brasil vem acompanhada por novas demandas sociais e de saúde, que expressam a necessidade de atender as especificidades dessa população, em busca da manutenção da autonomia, da independência e da qualidade de vida (QV). Assim, são essenciais políticas públicas, direcionadas ao idoso, para que essa etapa seja acompanhada de melhorias das condições de vida, de tal forma que se possa desfrutar de um envelhecer ativo e saudável pelo período mais longo possível.1
Nessa perspectiva, em 2002, o envelhecimento ativo foi considerado prioridade para o século XXI na Assembleia Mundial do Envelhecimento Humano, realizada pela Organização das Nações Unidas, em Madri.2
O envelhecimento ativo, relacionado com a maior longevidade, a boa participação social, as melhorias nas condições de saúde e de cuidado e a QV, pressupõe a independência funcional como seu principal marcador de saúde.1 A busca pela longevidade, pautada na independência e na autonomia, é essencial para que os idosos gerenciem sua saúde física e mental.1,2
A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou um relatório que aborda a necessidade de mudança nas percepções de envelhecimento e saúde, pontuando, entre outros aspectos, que a idade avançada não significa dependência. Além disso, reforça o conceito de envelhecimento saudável, que pode ser promovido com base na reestruturação dos sistemas de saúde voltada às demandas da população idosa, de acordo com a realidade de cada país e com o objetivo de melhorar e/ou manter a capacidade funcional.3
Entre os idosos, a capacidade funcional é mensurada pelas atividades de vida diária (AVDs), que são estratificadas em uma tríplice hierarquia:4
- atividades básicas de vida diária (ABVDs);
- atividades instrumentais de vida diária (AIVDs);
- atividades avançadas de vida diária (AAVDs).
A avaliação da capacidade funcional é um processo interdisciplinar, que auxilia na eficácia diagnóstica, na detecção dos problemas de saúde que mais afetam a QV do idoso e na elaboração de planos de cuidados que definem a atuação específica da equipe de enfermagem, em todos os níveis de atenção à saúde. Assim, sob a ótica da saúde pública, a avaliação da capacidade funcional do idoso tornou-se parâmetro essencial na prática da gerontologia.5,6
À medida que o envelhecimento populacional avança, cresce o desafio de oferecer à população idosa cuidados adequados para a atenção a sua saúde, pois há diversas particularidades que devem ser conhecidas e consideradas.1 Assim, é essencial para o enfermeiro pautar seu processo de cuidado respeitando tais peculiaridades e atentar-se para a avaliação da capacidade funcional e seus fatores associados, com vistas à preservação da autonomia e da independência, além da promoção do envelhecimento ativo e saudável.