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Esquemas iniciais desadaptativos e modos esquemáticos em pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo

Fernanda Pasquoto de Souza

Mara Cristiane von Mühlen

Margareth da Silva Oliveira

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • reconhecer a Terapia dos Esquemas;
  • identificar a relação entre os domínios esquemáticos e as necessidades emocionais centrais não atendidas na infância;
  • conceituar esquemas iniciais desadaptativos (EIDs) e modos esquemáticos (MEs);
  • reconhecer os EIDs de cada domínio esquemático;
  • identificar EIDs e MEs comumente encontrados em pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC);
  • diferenciar reparentalização limitada (RL) e confrontação empática (CE);
  • identificar a relação entre EIDs, MEs e TOC.

Esquema conceitual

Introdução

A Terapia dos Esquemas é uma abordagem terapêutica que foi desenvolvida por Jeffrey Young, na década de 1980. Ela se baseia na teoria de que, com base nas experiências na infância e sua relação com os cuidadores primários (pais, avós, entre outros), o sujeito pode desenvolver formas de se adequar às suas vivências, que, embora sejam funcionais em certa medida nesse período da vida, tornam-se disfuncionais na vida adulta, os EIDs. Esses EIDs, no total de 18, influenciam a forma como as pessoas interpretam os eventos cotidianos e lidam com eles.1

Os 18 EIDs, agrupados em cinco domínios, são padrões negativos tanto de pensamentos como de sentimentos e de comportamentos, originados na infância, que podem persistir até a vida adulta, associados a problemas significativos nos relacionamentos interpessoais, podendo gerar sofrimento emocional e desenvolvimento de transtornos mentais.1

Durante o processo terapêutico, o terapeuta dos esquemas busca identificar e explorar esses esquemas, e, para isso, são utilizadas tanto técnicas comportamentais como cognitivas e experienciais no intuito de recriar situações passadas para trazer à tona emoções que estão associadas aos EIDs. Esses esquemas podem ser condicionais ou incondicionais, uma vez que a pessoa pode desenvolver esquemas condicionais para lidar com o sofrimento psíquico dos esquemas incondicionais.1

Nos casos em que o paciente apresenta um número elevado de EIDs, o trabalho terapêutico é realizado mediante a identificação dos MEs, que são formados pelo conjunto de determinados EIDs. Esses MEs podem ser tanto adaptativos quanto desadaptativos. Para auxiliar no processo de identificação dos EIDs e dos MEs, podem ser utilizados questionários desenvolvidos e validados para esse fim.1

Uma vez que os EIDs e os MEs sejam identificados e compreendidos pelo paciente, o terapeuta auxilia a pessoa a desafiá-los, substituindo-os por formas mais saudáveis e adaptativas. Ainda, faz parte do papel do terapeuta dos esquemas atender as necessidades básicas que o paciente entendeu que não foram atendidas na sua infância, utilizando, para isso, a técnica de RL e da CE.

Diante da relação da presença de EIDs com o desenvolvimento de transtornos mentais, é esperado que determinados esquemas sejam mais prevalentes em pacientes com TOC, por exemplo. Pacientes com esse transtorno podem apresentar níveis mais elevados de alguns esquemas quando comparados com pessoas sem TOC porque tendem a apresentar distorções cognitivas a respeito de si mesmos e de sua capacidade de lidar com eventos e pessoas ao seu redor.