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SUPERVISÃO CLÍNICA NA ÁREA DA SAÚDE: CONCEITOS, OBJETIVOS E MODELOS DE ATUAÇÃO

Randolfo dos Santos Junior

Júlio César André

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • apresentar um breve histórico do desenvolvimento da supervisão clínica na área da saúde;
  • discutir as principais metas e diretrizes da supervisão clínica na área da saúde para as boas práticas;
  • descrever algumas das principais modalidades de supervisão clínica encontradas na literatura;
  • desenvolver uma compreensão básica, porém bem fundamentada, dos aspectos históricos, metodológicos e normativos que orientam a prática de supervisão clínica, bem como as lacunas e as perspectivas futuras para seu aperfeiçoamento.

Esquema conceitual

Introdução

Para as profissões da saúde, a supervisão clínica é um dos métodos centrais de formação, na graduação, na pós-graduação e na prática profissional. Para cada curso/profissão, a supervisão pode possuir características únicas, incluindo o nome que se dá a ela, mas também semelhanças, permitindo que essa prática possa ser aplicada inclusive em modalidades interprofissionais, uma metodologia cada vez mais presente e relevante nas atuais diretrizes de práticas e formação na área da saúde. É mister ressaltar que a supervisão, ao cuidar de preencher a lacuna na experiência profissional entre o supervisionado e o supervisor, garante que o atendimento ao paciente e o bem-estar do supervisionado não sejam afetados por sua inexperiência.1

Semanticamente, “supervisão” refere-se ao papel exercido por um profissional sênior, compartilhando conhecimentos teóricos e práticos e assumindo um papel de tutor na formação e no aperfeiçoamento da capacidade técnica de profissionais iniciantes ou com menor nível de experiência.2 Nas profissões da área da saúde, a supervisão clínica é um procedimento organizado e estruturado que visa guiar, auxiliar e orientar profissionais que atuam em áreas de cuidado direto à população; portanto, é considerado a partir de uma dinâmica tríplice entre supervisor, supervisionado e pacientes.3,4

Seu propósito maior é estimular o progresso profissional, aprimorar a qualidade da assistência prestada e aumentar a segurança dos pacientes. Essa prática é uma forma de educação contínua, que proporciona uma oportunidade de analisar casos clínicos, métodos de intervenção, dinâmicas de equipe, ética profissional e outros temas importantes para o exercício do cuidado,3,5 e que faz aproximações teóricas e práticas com outros tipos de supervisão, como tutoria, preceptoria, mentoria e docência clínica.6,7

Mesmo sem um consenso, cabe aqui estabelecer algumas diferenças entre as práticas de supervisão clínica e preceptoria, conceitos comuns na área da saúde no Brasil, e que variam entre as áreas profissionais e diferentes culturas institucionais.6,8,9

Entende-se que a supervisão clínica ocorre em formatos individuais e grupais, não necessariamente no mesmo cenário de prática do supervisionado, podendo ser uni ou interprofissional. Por outro lado, a preceptoria está normalmente associada a práticas de acompanhamento e orientação in loco, onde preceptor e supervisionados dividem um espaço de prática, sendo possível que as orientações e feedbacks sejam realizados durante — ou instantes após — a intervenção realizada.6,8,9

Outro ponto importante é que o preceptor não precisa ter necessariamente uma credencial acadêmica, sendo muitas vezes um profissional de assistência com treinamento adequado para essa prática.6,8,9