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Orientação de pais e regulação emocional infantil: perspectivas da Terapia Cognitivo-Comportamental

Isabela Pizzarro Rebessi

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • reconhecer a importância da orientação de pais;
  • conhecer brevemente protocolos de orientação e treinamento de pais na terapia cognitivo-comportamental (TCC);
  • compreender os principais temas comumente abordados na orientação de pais;
  • identificar técnicas de manejo na orientação parental.

Esquema conceitual

Introdução

Os pais são o primeiro núcleo social da criança, o que influencia diretamente no desenvolvimento cognitivo, emocional e social de seus filhos.1 Logo na primeira infância, os bebês são totalmente dependentes de seus pais para as atividades mais básicas, como alimentação, higiene pessoal e sono; na segunda infância, embora outras crianças comecem a despertar o interesse pela vida social, a família ainda é o seu foco, exercendo influência na maneira como essas crianças vão se relacionar com pares de mesma idade. Já na terceira infância, as crianças ainda necessitam dos pais para ajudar-lhes no controle dos impulsos, embora esse controle comece a ser gradativamente passado para a própria criança, incentivando a sua autonomia.2

Por fim, na adolescência, ocorre o maior interesse pelos pares e maior distanciamento da unidade familiar, pela busca de outras opiniões e formas de se relacionar para criar uma identidade própria, muitas vezes, entrando em conflito com o modo de vida com o qual o adolescente foi criado; mesmo com esse distanciamento, a unidade familiar ainda é extremamente importante nessa fase.2,3

Nesse sentido, a relação parental influencia no desenvolvimento infantil, uma vez que pode atuar enquanto fator de risco quando contribui para a formação de práticas negativas e o desenvolvimento de sintomas internalizantes e externalizantes nas crianças e adolescentes. Porém, também pode atuar como fator de proteção contra comportamentos indesejados, quando os filhos percebem que os pais são abertos ao diálogo, têm expressão emocional e são dignos de confiança.3

Relacionamentos saudáveis entre crianças e adolescentes e adultos, que pertencem à família, tendem a proteger a relação pais e filhos, uma vez que aumentam o suporte social, beneficiando-os de modo a melhorar sua qualidade de vida, seu sentimento de pertencimento, seu rendimento acadêmico e servindo como prevenção ao surgimento de psicopatologias.3

Nas últimas décadas, o número de estudos que busca entender os fatores que favorecem um desenvolvimento infantil adequado aumentou. Essas pesquisas destacam as práticas parentais como preditores de comportamentos infantis e de um desenvolvimento infantil saudável.4–6

Apesar da importância dos pais no desenvolvimento dos filhos e em qualquer intervenção infantil, eles geralmente recebem pouca preparação para educá-los e criá-los, construindo, muitas vezes, sua experiência por meio de uma aprendizagem feita por tentativa e erro.7

Considerando as rápidas transformações e incorporações nas dinâmicas familiares, os pais estão mais carentes de orientações científicas dentro de outro modelo de educação além daqueles que aprenderam em seu passado. Assim, fornecer essas orientações é benéfico, tendo em vista o aumento da angústia com questões relativas ao modo como educam seus filhos e se os preparam adequadamente para os desafios da vida.8,9