- Introdução
Apendicite aguda é a causa mais frequente de infeção abdominal em países desenvolvidos; de todas as operações de urgência, a apendicectomia é a mais comum.1 Mais de 300 mil apendicectomias são realizadas nos Estados Unidos anualmente2 e, no Reino Unido, uma em cada sete pessoas será submetida a esse procedimento cirúrgico em sua vida.1
A apendicite aguda deve ser considerada em qualquer paciente que busca atendimento por dor abdominal de início agudo.
A fisiopatogenia da apendicite aguda está relacionada à obstrução do lúmen apendicular por resíduo alimentar, fecalito ou causas mais raras, como verminose e neoplasias, de efeito similar. A reação inflamatória que se inicia na mucosa atinge progressivamente as demais camadas do órgão. Quando esse processo não é interrompido, as alterações inflamatórias e infecciosas atingem estágios cada vez mais avançados, como:
- exsudação fibrinopurulenta;
- necrose;
- abscesso;
- peritonite.
A consequência sistêmica natural do retardo do tratamento é a sepse por apendicite aguda, determinando aumento do tempo de internação, morbidade e mortalidade.1
O diagnóstico é essencialmente clínico. Por isso, a história da doença deve ser explorada de forma adequada, e o exame físico deve ser minucioso. Manobras semiológicas devem ser realizadas, e a avalição ginecológica e o toque retal são obrigatórios. Exames complementares podem ser úteis e devem ser utilizados racionalmente.
A apendicectomia constitui a chave para o sucesso terapêutico da apendicite aguda. Além disso, o médico deve dominar aspectos como uso correto de fármacos antimicrobianos, nutrição, cuidados com a ferida e, ainda, conhecer o papel de recursos como punções guiadas e drenagens de coleções intracavitárias.
Este artigo abordará o tratamento da apendicite aguda em pacientes adultos. Os casos de sepse e choque séptico por apendicite aguda, assim como o detalhamento de cuidados intensivos a eles dispensados, estão além do escopo do artigo. Busca-se analisar o que há de mais atual no tratamento da apendicite aguda, em seus diversos aspectos terapêutico, clínico e cirúrgico. Procura-se definir, da forma mais objetiva possível, quais casos são passíveis de tratamento clínico, suas indicações, suas vantagens e seus riscos. Ainda, busca-se esclarecer e reiterar que a apendicite aguda é uma afecção essencialmente de tratamento cirúrgico, embora possa haver espaço para outras opções em casos selecionados.
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
- reconhecer a apendicite aguda como uma doença que pode ocorrer em graus variáveis (apendicite aguda não complicada e complicada);
- avaliar as alternativas terapêuticas antimicrobianas e particularizar sua aplicação;
- delimitar as indicações para os tratamentos não cirúrgico e cirúrgico;
- compreender as etapas da apendicectomia convencional e laparoscópica, suas vantagens e desvantagens e a importância da escolha da técnica cirúrgica correta.
- Esquema conceitual