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ESTUDO DO CONTROLE MOTOR: IMPLICAÇÕES PARA A AVALIAÇÃO DA FUNCIONALIDADE HUMANA

Autores: Sandra Regina Alouche, Vivian Farahte Giangiardi
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • compreender, de forma breve, o objeto de estudo da área de comportamento motor, em particular o controle motor;
  • utilizar conceitos da área de estudo do controle motor para o raciocínio clínico e a avaliação neurofuncional;
  • identificar as habilidades motoras fundamentais que compõem a funcionalidade humana, bem como suas bases neurofisiológicas e comportamentais;
  • pontuar os estágios do controle motor e sua relevância na identificação da disfunção;
  • conhecer a variabilidade motora, a recuperação e a compensação de padrões motores após lesão;
  • explicar a relevância e a forma de avaliação quali e quantitativa do movimento humano no contexto da funcionalidade.

Esquema conceitual

Introdução

O comportamento motor é uma grande área do estudo do movimento e abrange subáreas complementares e inter-relacionadas: desenvolvimento, aprendizado e controle motor. O estudo do desenvolvimento motor analisa as mudanças contínuas do movimento e das habilidades motoras ao longo do ciclo de vida, desde o nascimento até o envelhecimento.1

O estudo do aprendizado motor busca analisar a aquisição de habilidades motoras e as mudanças permanentes na execução do movimento, sejam decorrentes da prática ou de lesão. Assim, considera a experiência prévia, a organização da prática e a retroalimentação disponível antes, durante e após a prática.2

Por fim, o estudo do controle motor tem como foco a análise da causa e da natureza do movimento, considerando sua organização e parametrização, ou seja, a capacidade do indivíduo para direcionar e regular os mecanismos essenciais na geração do movimento, executando-o de forma coordenada, de acordo com as demandas da tarefa e do ambiente.2

Independentemente da subárea, a influência de aspectos psicomotores, cognitivos e afetivos sobre o comportamento motor deve ser ressaltada.1 A necessidade de maior comunicação entre as áreas do comportamento motor e a neurorreabilitação tem sido cada vez mais reconhecida.

O intercâmbio entre as áreas permite melhor embasamento para possíveis soluções de avaliação e tratamento em fisioterapia neurofuncional.3 Neste capítulo, serão discutidas as particularidades do controle motor e os principais aspectos que devem ser analisados para a avaliação das habilidades motoras individuais e para a prática fisioterapêutica.

O movimento pode ser definido como o comportamento de um membro específico ou de um conjunto de segmentos corporais. Movimentos com características diversas podem ocorrer para que um mesmo comportamento seja gerado. A geração desses movimentos, de forma organizada, permitirá ao indivíduo ser habilidoso o suficiente para atingir seus objetivos funcionais.1

O ambiente em que o indivíduo está inserido é essencial para a regulação dos movimentos que irão compor suas habilidades motoras e promover variabilidade.1 A tarefa e o contexto em que ela será realizada fazem parte desse ambiente.4 Portanto, a habilidade motora emerge da interação entre o indivíduo, a tarefa e o ambiente em que ela ocorre.

A tarefa é considerada fechada quando o ambiente é constante e previsível durante sua realização. Caso o ambiente (objetivo e contexto) varie durante sua realização, ela é considerada aberta.4 Dependendo das características dos movimentos gerados em uma tarefa motora, ela ainda pode ser classificada em discreta, seriada ou contínua.

As tarefas discretas são aquelas cujo movimento tem início e fim bem definidos. Tarefas seriadas ou sequenciais correspondem à junção de uma série de tarefas discretas conectadas a uma sequência bem definida.5 Já as tarefas contínuas ou cíclicas são aquelas com movimentos repetitivos; portanto, seu início e final podem ser determinados por conveniência para a definição do ciclo.6

Por fim, de acordo com o nível de coordenação necessário, as tarefas também podem ser finas ou grossas. As tarefas finas exigem maior nível de coordenação visuomotora, com a utilização de músculos menores e intrínsecos, por exemplo tocar piano. As tarefas grossas exigem menor nível de coordenação visuomotora, além da utilização de músculos maiores, como andar.4

É por meio da análise do movimento que fisioterapeutas baseiam seus propósitos, suas condutas e traçam os melhores recursos que serão utilizados para que objetivos funcionais possam ser aprimorados, recuperados ou, até mesmo, modificados.3 Tudo isso considerando as condições do indivíduo, as demandas das tarefas e o contexto em que são executadas.2

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