Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- discutir a fisiopatologia da fibrilação atrial (FA);
- identificar os fatores de risco relacionados à FA;
- classificar a FA com base em seu tempo de duração e sintomatologia;
- explicar os mecanismos de desenvolvimento de FA em atletas;
- reconhecer o efeito do treinamento físico na FA;
- formular plano de tratamento e prescrever exercícios para pacientes com FA.
Esquema conceitual
Introdução
FA é a arritmia cardíaca sustentada mais comum em adultos em todo o mundo. Está associada a significativa morbidade e mortalidade e representa um importante problema de saúde com elevado consumo de recursos em saúde.1,2
Atualmente, a prevalência mundial de FA estimada em adultos varia entre 2 e 4%. Estudos demonstram que a incidência e prevalência aumentaram nos últimos 20 anos e continuarão a aumentar nas próximas três décadas, tornando-se uma das maiores epidemias e um dos mais importantes desafios para a saúde pública.1,2
Segundo as Diretrizes Brasileiras de FA, cerca de 1,5% da população do País apresenta a arritmia. E é notória a tendência ao aumento de novos casos com o passar dos anos. Um crescimento de 2 a 3 vezes é esperado nas próximas décadas, em grande parte devido ao envelhecimento populacional e ao aumento na prevalência de doenças como2
- hipertensão arterial sistêmica (HAS);
- doença arterial coronariana (DAC);
- obesidade;
- diabetes melito (DM).
A evolução da tecnologia na medicina proporcionou, nos últimos anos, otimização no diagnóstico e tratamento de FA; porém, a mortalidade e a morbidade nos que têm a condição ainda são elevadas. De todos os pacientes com acidente vascular cerebral (AVE) isquêmico, 20 a 30% apresentam essa arritmia. A disfunção ventricular esquerda e a insuficiência cardíaca (IC) também foram relatadas com elevada prevalência em indivíduos com FA, chegando a 56% nos com FA permanente.2
Indivíduos acometidos por essa arritmia apresentam associação com repercussões da FA, como2
- aumento da mortalidade e do risco de morte súbita;
- crescimento do risco de IC;
- demência;
- risco de AVE cinco vezes maior, com eventos mais graves;
- sintomas como fadiga e intolerância ao exercício, comprometendo a qualidade de vida relacionada à saúde.
A prática de exercícios físicos regulares, por meio da melhora da aptidão cardiorrespiratória, pode reduzir ou atrasar o surgimento de eventos ateroscleróticos e doenças cardiovasculares, bem como diminuir a incidência de doença cardíaca coronariana. Porém, ainda existem dados limitados sobre a reabilitação cardiovascular, principalmente no que diz respeito à intensidade, para pacientes com FA.3