Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- identificar princípios, conceitos, fundamentos e diferentes protocolos de treinamento multicomponente (TM) aplicados na reabilitação cardiovascular;
- reconhecer as atuais evidências sobre a aplicação do TM nas principais doenças cardiovasculares e seus fatores de risco;
- elaborar e prescrever um protocolo de TM.
Esquema conceitual
Introdução
O treinamento multicomponente (TM) é caracterizado como a associação de diferentes modalidades de exercício em um mesmo protocolo de treinamento, as quais incluem exercícios aeróbicos, resistidos, de flexibilidade, de coordenação motora, de equilíbrio e de agilidade.1
Comumente, o TM é aplicado na prática clínica em indivíduos idosos, com o objetivo de atenuar as alterações associadas ao processo de envelhecimento, como a redução da funcionalidade, que está relacionada com diferentes fatores determinantes de saúde, como doenças crônicas, sedentarismo, incapacidade e redução da qualidade de vida.1
Os benefícios do TM sobre os fatores de risco cardiovasculares incluem o aumento da aptidão cardiorrespiratória e da capacidade funcional, bem como a melhora do perfil lipídico, da composição corporal e da qualidade de vida.1 Além disso, estudos prévios mostram que o TM pode reduzir o desenvolvimento e a progressão de doenças cardiovasculares.2,3
Frequentemente, os exercícios físicos terapêuticos aplicados na reabilitação cardiovascular envolvem protocolos de treinamento físico para otimizar a resistência muscular e/ou a capacidade aeróbica.4 Dessa forma, o TM surge como uma alternativa de treinamento não convencional, com maior dinâmica, podendo aumentar a adesão dos pacientes à reabilitação cardiovascular.
Embora promissores, os efeitos do TM ainda precisam ser investigados em diferentes populações. Não existe, por enquanto, um consenso relacionado à prescrição desse tipo de treinamento, visto que se refere à combinação de três ou mais modalidades de treinamento que envolvam os exercícios de resistência muscular, aeróbicos, de equilíbrio, de flexibilidade e/ou coordenação em uma mesma sessão.
Sendo assim, o objetivo principal deste capítulo é abordar os efeitos do TM aplicado à reabilitação cardiovascular, com base na literatura científica mais recente sobre o tópico e considerando os principais protocolos (isto é, duração, frequência, intensidade, volume e tipos de exercícios) utilizados de acordo com a população estudada. Espera-se que esse conhecimento seja útil para fisioterapeutas e profissionais que trabalham com exercício físico, para guiar a prescrição do TM de forma segura e efetiva na prática clínica.
Treinamento multicomponente: definições e fundamentos
O TM, também conhecido como treinamento multimodal, é caracterizado pela associação de três ou mais modalidades de treinamento que envolvam exercícios de flexibilidade, de força, aeróbico, de resistência muscular, de coordenação motora, de equilíbrio e de agilidade.3
O treinamento pode ser realizado utilizando ferramentas simples do dia a dia, como obstáculos, escadas, degraus e rampas.5
Além disso, pode-se utilizar recursos adicionais, como colchonetes, elásticos, cones, caneleiras, halteres, entre outros.
O TM é amplamente recomendado pelas diretrizes internacionais, dentre elas, The American College of Sports Medicine, como sendo um importante método para promover saúde e funcionalidade, sobretudo, em indivíduos idosos.5 Contudo, assim como em qualquer modalidade de exercício físico, existem algumas contraindicações absolutas e relativas.
As contraindicações absolutas do TM incluem6
- infarto agudo do miocárdio (IAM) (3 a 6 meses) ou angina instável;
- arritmias ventriculares ou atriais descontroladas;
- aneurisma da aorta;
- estenose aórtica severa;
- endocardite/pericardite aguda;
- hipertensão arterial descontrolada (>180 x 100mmHg);
- tromboembolismo pulmonar recente;
- insuficiência cardíaca aguda ou grave;
- insuficiência respiratória aguda ou grave;
- hipotensão postural não controlada;
- diabetes melito (DM) descompensado não controlado ou baixo nível glicêmico;
- fratura recente no último mês (treinamento de força);
- qualquer outra circunstância que a equipe de saúde acredite que impeça a prática de atividade física.
As seguintes condições são consideradas contraindicações relativas:6
- fratura recente nos últimos três meses (treinamento de força);
- infecções que afetam o estado geral de uma pessoa;
- patologia que causa limitação funcional grave (escala de Barthel < 20).
Caso algum sintoma adverso apareça durante o exercício, como dor muscular ou articular, falta de ar e dor torácica, o treinamento deve ser interrompido. Os eventos adversos são minimizados quando os programas são iniciados com baixas intensidades e progressões lentas.
Além da melhora da capacidade funcional, alguns estudos demonstraram que o TM pode ser capaz de aumentar a sensibilidade à insulina, melhorar o perfil lipídico e favorecer o controle da pressão arterial.7,8 Dessa forma, o TM pode ser uma opção atrativa para o manejo de pacientes encaminhados para a reabilitação cardiovascular, bem como para a prevenção de eventos cardiovasculares.
Embora não exista um consenso relacionado à dose e à prescrição do TM, alguns componentes são comumente utilizados nos protocolos de treinamento e estão descritos no Quadro 1.
Quadro 1
// Fonte: Adaptado de Casas-Herrero e colaboradores (2019).9
Alguns estudos reportaram que as intervenções baseadas nos exercícios multicomponentes que contemplem o treinamento resistido, o treino de marcha e o de equilíbrio parecem ser uma das melhores estratégias para aprimorar a marcha, o equilíbrio e a força muscular; reduzir quedas entre idosos; para retardar declínios funcionais e cognitivos; prevenir a depressão; e para reverter o declínio funcional associado à hospitalização.9
A Figura 1 ilustra exemplos práticos de exercícios físicos que podem ser incluídos em um programa de TM. Contudo, para que haja uma prescrição individualizada e personalizada de acordo com as necessidades do paciente, é importante que o terapeuta faça uma avaliação do nível de capacidade física do indivíduo, o qual pode ser determinado por meio de testes funcionais abordados na próxima sessão deste capítulo.
FIGURA 1: Exemplos de exercícios multifuncionais. // Fonte: Adaptada de Casas-Herrero e colaboradores (2019).9
ATIVIDADES
1. Considerando os princípios do TM, assinale a alternativa correta.
A) O programa de treinamento deve englobar pelo menos uma modalidade de exercício aeróbico ou de resistência muscular.
B) A prescrição do treinamento requer equipamentos padronizados, como os halteres e as máquinas de exercício.
C) O TM é caracterizado como a associação de, pelo menos, duas diferentes modalidades de exercício em um mesmo protocolo de treinamento.
D) O TM é caracterizado pela associação de três ou mais modalidades de treinamento que envolvam exercícios de flexibilidade, de força e/ou de resistência muscular.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta e a "D".
O TM é caracterizado pela associação de três ou mais modalidades de treinamento que envolvam exercícios de flexibilidade, de força, aeróbicos, de resistência muscular, de coordenação motora, de equilíbrio e/ou de agilidade.
Resposta correta.
O TM é caracterizado pela associação de três ou mais modalidades de treinamento que envolvam exercícios de flexibilidade, de força, aeróbicos, de resistência muscular, de coordenação motora, de equilíbrio e/ou de agilidade.
A alternativa correta e a "D".
O TM é caracterizado pela associação de três ou mais modalidades de treinamento que envolvam exercícios de flexibilidade, de força, aeróbicos, de resistência muscular, de coordenação motora, de equilíbrio e/ou de agilidade.
2. Considerando as contraindicações absolutas para realização do TM, analise as opções a seguir.
I. Fratura recente nos últimos três meses.
II. Insuficiência respiratória aguda.
III. Infecções que afetam o estado geral da pessoa.
IV. Aneurisma da aorta.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a III.
C) Apenas a II e a IV.
D) Apenas a III e a IV.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta e a "C".
Uma fratura recente nos últimos três meses, bem como infecções que afetam o estado geral de uma pessoa são consideradas contraindicações relativas, levando em conta o componente de treinamento de força.
Resposta correta.
Uma fratura recente nos últimos três meses, bem como infecções que afetam o estado geral de uma pessoa são consideradas contraindicações relativas, levando em conta o componente de treinamento de força.
A alternativa correta e a "C".
Uma fratura recente nos últimos três meses, bem como infecções que afetam o estado geral de uma pessoa são consideradas contraindicações relativas, levando em conta o componente de treinamento de força.
3. Qual a conduta a ser adotada no caso de aparecimento de efeitos adversos durante o TM?
A) O treinamento deve ser interrompido.
B) O treinamento deve ser intensificado para que o corpo se acostume.
C) O treinamento deve diminuir de intensidade até que o corpo se acostume.
D) O treinamento não deve sofrer variações.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta e a "A".
Se algum sintoma adverso aparecer durante o exercício, como dor muscular ou articular, falta de ar, dor torácica, o treinamento deve ser interrompido. Os eventos adversos são minimizados quando os programas são iniciados com baixas intensidades e progressões lentas.
Resposta correta.
Se algum sintoma adverso aparecer durante o exercício, como dor muscular ou articular, falta de ar, dor torácica, o treinamento deve ser interrompido. Os eventos adversos são minimizados quando os programas são iniciados com baixas intensidades e progressões lentas.
A alternativa correta e a "A".
Se algum sintoma adverso aparecer durante o exercício, como dor muscular ou articular, falta de ar, dor torácica, o treinamento deve ser interrompido. Os eventos adversos são minimizados quando os programas são iniciados com baixas intensidades e progressões lentas.
4. A sessão deve começar com duas séries de 10 repetições e intervalo de 1 a 3 minutos entre elas. O objetivo é atingir três séries de 12 repetições. Qual treinamento tem como instruções a descrição apresentada?
A) Treinamento de flexibilidade.
B) Treinamento de equilíbrio.
C) Treinamento cardiovascular.
D) Treinamento de resistência.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta e a "D".
Para ser eficaz, o programa do treinamento de resistência deve ser seguido por 12 semanas. Após esse tempo, os testes funcionais devem ser repetidos para avaliar a evolução.
Resposta correta.
Para ser eficaz, o programa do treinamento de resistência deve ser seguido por 12 semanas. Após esse tempo, os testes funcionais devem ser repetidos para avaliar a evolução.
A alternativa correta e a "D".
Para ser eficaz, o programa do treinamento de resistência deve ser seguido por 12 semanas. Após esse tempo, os testes funcionais devem ser repetidos para avaliar a evolução.
Treinamento multicomponente: avaliação multifuncional
Antes de iniciar um protocolo de TM, recomenda-se uma avaliação da capacidade funcional do indivíduo, a fim de determinar um programa de exercícios mais adequado, com maior probabilidade de trazer melhorias e progressões. Para isso, diversos métodos podem ser empregados em uma avaliação multifuncional, alguns dos quais serão apresentados a seguir.
Avaliação da força e da resistência muscular
A força muscular é a capacidade de um determinado músculo de gerar tensão.10 Normalmente, em qualquer tipo de exercício que envolva tanto os membros inferiores e superiores quanto o tronco, há o envolvimento de um grupamento muscular; portanto, a avaliação da força em realizar um determinado movimento envolve a ação de um conjunto de músculos.
Há diversas formas de avaliar a força muscular, como, por exemplo, por meio do uso de equipamentos específicos e de alta precisão, como os dinamômetros isocinéticos, que são mais comumente encontrados em laboratórios de pesquisas ou centros de avaliação desportiva, devido ao elevado custo. No entanto, equipamentos de mais baixo custo, como os dinamômetros isométricos, também podem ser utilizados para esse fim (Figuras 2A e B).
FIGURA 2: Exemplo de equipamentos utilizados para medir a força muscular. A) Dinamômetro isocinético. B) Dinamômetro isométrico. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Métodos como os testes de 1 repetição máxima (1RM) podem ser utilizados para avaliar a força muscular, empregando uma metodologia relativamente simples e de baixo custo. O teste de 1RM é definido como a carga que pode ser deslocada por uma determinada amplitude de movimento, uma única vez, sendo executado de maneira correta. No entanto, há variações do teste que envolvem um maior número de repetições, como 5RM, 10RM, 15RM ou 20RM.10
Apesar da precisão e da confiabilidade do teste de 1RM para avaliação e prescrição do exercício (quando corretamente executado), esse tipo de teste demanda um certo tempo para a determinação da carga máxima. Uma alternativa que vem “ganhando espaço” na prática clínica é a estimativa da 1RM pelo teste de repetições máximas por série, no qual o indivíduo realiza o número possível de repetições, e, posteriormente, é feita a correspondência aproximada da carga máxima. Na Tabela 1, é apresentado um exemplo, como proposto por Matvéiev.11
Tabela 1
Correspondência aproximada entre a carga equivalente em percentual do máximo e o número de repetições executadas em uma série |
||
Condições de intensidade |
Carga (% do máximo) |
Número de repetições possíveis em cada série |
Máxima |
100% |
1 |
Submáximas |
90 a 99% |
2 a 3 |
Grande 1ª subzona |
80 a 89% |
4 a 6 |
Grande 2ª subzona |
70 a 79% |
7 a 10 |
Moderada 1ª subzona |
60 a 69% |
11 a 15 |
Moderada 2ª subzona |
50 a 59% |
16 a 20 |
Pequena 1ª subzona |
40 a 49% |
21 a 30 |
Pequena 2ª subzona |
30 a 39% |
31 e mais |
// Fonte: Adaptada de Matvéiev (1981).11
Nesse tipo de teste, ocorre o inverso do que é realizado no teste de 1RM, e o indivíduo realiza um número possível de repetições com uma determinada carga que não é variável. Em um exemplo simples, utilizando a Tabela 1, se um indivíduo realiza quatro repetições máximas em uma única série, no equipamento leg press, com carga de 150kg, esse número de repetições corresponde à aproximadamente 80% da carga de 1RM. Com a aplicação de uma regra de três simples, se a carga de 1RM corresponde ao 100% — (150 x 100)/80 = 187,5 —, a carga correspondente à 1RM nesse equipamento para esse indivíduo seria de, aproximadamente, 187,5kg.
A avaliação da força máxima por meio do teste de 1RM ou pelo número de repetições máximas pode ser encontrada com maiores detalhes no capítulo “Prescrição de treinamento resistido”, publicado no Ciclo 1, Volume 4, Programa de Atualização em Fisioterapia Cardiovascular e Respiratória.12
Alguns testes mais funcionais, como sentar e levantar de uma cadeira repetitivamente por 30s (para avaliar membros inferiores), e o teste de flexão e extensão de cotovelo em 30s (para membros superiores) podem ser utilizados para avaliação global da força muscular dos membros.13 Já a avaliação da resistência muscular tem sido realizada por testes denominados endurance, nos quais o indivíduo realiza um número máximo de repetições possíveis até a fadiga muscular.10
O teste de endurance pode ser realizado tanto pelos dinamômetros isocinéticos quanto por aparelhos de musculação, pesos, halteres, entre outros, iguais aos utilizados para o teste de 1RM. A resistência muscular, que é a capacidade do músculo de resistir a esforços repetidos até a tolerância máxima, testa, portanto, a capacidade de sustentar um determinado movimento com uma carga específica.10
O treinamento envolvendo exercícios de resistência leva à diminuição da fadiga pela adaptação muscular e metabólica àquelas cargas e repetição, aumentando, portanto, o tempo de execução dessa determinada atividade.10
Avaliação da flexibilidade
A flexibilidade pode ser avaliada por diversas formas; ela é um componente importante na avaliação e na estruturação de um programa de TM. A avaliação deve envolver grupos musculares fundamentais nas atividades funcionais.14 Uma das diferentes metodologias de avaliação é a análise direta da medida do ângulo articular com instrumentos clássicos, como os goniômetros.
Podem ser realizadas as medidas de articulações importantes para a execução de exercícios envolvendo membros inferiores e superiores, como
- flexão de quadril (ângulo 0-90°);
- flexão de joelho (0-140°);
- flexão plantar (0-45°) e dorsiflexão (0-20°);
- flexão de ombros (0-180°).
Por outro lado, testes clássicos e mais funcionais da flexibilidade também podem ser aplicados para esse fim, como, por exemplo,
- teste de Apley (alcançar as costas com a mão);
- teste de alcançar com membro superior (sentar em uma cadeira e elevar o braço);
- teste de alcançar com membro inferior (sentar em uma cadeira e alcançar os pés com os joelhos esticados).
Avaliação do equilíbrio e da coordenação
Os idosos são os que, mais comumente, apresentam disfunções cardiovasculares e metabólicas, por isso, essa população com frequência sofre com a diminuição do equilíbrio e da coordenação. Esses déficits estão relacionados a um conjunto de fatores, como15,16
- redução da força muscular;
- redução da capacidade de resposta muscular frente à uma determinada condição;
- alterações relacionadas aos proprioceptores;
- redução na capacidade de coordenar os movimentos (como, por exemplo, a alternância no movimento dos membros inferiores com transferência do peso corporal, durante a marcha).
Há diversos testes que podem ser empregados na avaliação do equilíbrio e da coordenação. Alguns deles têm a capacidade de avaliar o equilíbrio estático durante uma posição corporal, como na postura ortostática. Já outros possibilitam a avaliação do equilíbrio corporal em atividades mais complexas, envolvendo o movimento corporal coordenado, com mudanças de postura, o que permite avaliar o equilíbrio de uma maneira mais global e funcional, em situações mais próximas da realidade vivenciada no dia a dia.17
Portanto, tendo em vista o objetivo desse capítulo em relação ao TM, serão abordados alguns dos principais testes que avaliam o equilíbrio e a coordenação de maneira mais dinâmica.
Escala de equilíbrio de Berg
A escala de equilíbrio de Berg tem a capacidade de medir o equilíbrio estático e dinâmico. A avaliação é realizada por meio de atividades funcionais, envolvendo sentar para levantar sem apoio, sentar sem apoio, fazer transferências, ficar em pé sem apoio com os olhos fechados, com os pés juntos, inclinar-se para frente com os braços esticados,
A escala completa envolve 14 itens, com pontuação máxima de 56; cada item tem uma escala com cinco alternativas, de 0 a 4 pontos, e cada grau tem critérios bem estabelecidos, sendo que zero indica o nível mais baixo de função e 4, o nível mais alto (Quadro 2). Tradicionalmente, o escore de corte inferior a 45 tem sido útil para prever quedas.17,18
Quadro 2
Escala de Equilíbrio de Berg |
|
Posição sentada para posição em pé Instrução: levante-se. Tente não usar suas mãos para se apoiar. |
(4) Capaz de se levantar sem utilizar as mãos e estabilizar-se de forma independente (3) Capaz de se levantar de forma independente utilizando as mãos (2) Capaz de se levantar utilizando as mãos após diversas tentativas (1) Necessita de ajuda mínima para se levantar ou estabilizar-se (0) Necessita de ajuda moderada ou máxima para se levantar |
Permanecer em pé sem apoio Instrução: fique em pé por dois minutos sem se apoiar. Se o paciente for capaz de permanecer em pé por dois minutos sem apoio, dê o número total de pontos do item número 3. Continue com o item número 4. |
(4) Capaz de permanecer em pé com segurança por dois minutos (3) Capaz de permanecer em pé por dois minutos com supervisão (2) Capaz de permanecer em pé por 30 segundos sem apoio (1) Necessita de várias tentativas para permanecer em pé por 30 segundos sem apoio (0) Incapaz de permanecer em pé por 30 segundos sem apoio |
Permanecer sentado sem apoio nas costas, mas com os pés apoiados no chão ou em um banquinho Instrução: fique sentado sem apoiar as costas e com os braços cruzados por dois minutos. |
(4) Capaz de permanecer sentado com segurança e com firmeza por dois minutos (3) Capaz de permanecer sentado por dois minutos sob supervisão (2) Capaz de permanecer sentado por 30 segundos (1) Capaz de permanecer sentado por 10 segundos (0) Incapaz de permanecer sentado sem apoio durante 10 segundos |
Posição em pé para posição sentada Instrução: por favor, sente-se. |
(4) Senta-se com segurança com uso mínimo das mãos (3) Controla a descida utilizando as mãos (2) Utiliza a parte posterior das pernas contra a cadeira para controlar a descida (1) Senta-se de forma independente, mas tem descida sem controle (0) Necessita de ajuda para se senta |
Transferências Instrução: arrume as cadeiras perpendicularmente ou uma de frente para a outra para uma transferência em pivô. Peça ao paciente para transferir-se de uma cadeira com apoio de braço para uma cadeira sem apoio de braço, e vice-versa. |
(4) Capaz de se transferir com segurança com uso mínimo das mãos (3) Capaz de se transferir com segurança com o uso das mãos (2) Capaz de se transferir seguindo orientações verbais e/ou supervisão (1) Necessita de uma pessoa para ajudar (0) Necessita de duas pessoas para ajudar ou supervisionar para realizar a tarefa com segurança |
Permanecer em pé sem apoio com os olhos fechados Instrução: fique em pé e feche os olhos por 10 segundos. |
(4) Capaz de permanecer em pé por 10 segundos com segurança (3) Capaz de permanecer em pé por 10 segundos com supervisão (2) Capaz de permanecer em pé por três segundos (1) Incapaz de permanecer com os olhos fechados durante três segundos, mas se mantém em pé (0) Necessita de ajuda para não cair |
Permanecer em pé sem apoio com os pés juntos Instrução: junte seus pés e fique em pé sem se apoiar. |
(4) Capaz de posicionar os pés juntos de forma independente e permanecer por um minuto com segurança (3) Capaz de posicionar os pés juntos de forma independente e permanecer por um minuto com supervisão (2) Capaz de posicionar os pés juntos de forma independente e permanecer por 30 segundos (1) Necessita de ajuda para se posicionar, mas é capaz de permanecer com os pés juntos durante 15 segundos (0) Necessita de ajuda para se posicionar e é incapaz de permanecer nessa posição por 15 segundos |
Alcançar a frente com o braço estendido permanecendo em pé Instrução: levante o braço a 90º. Estique os dedos e tente alcançar a frente o mais longe possível. |
(4) Pode avançar à frente >25cm com segurança (3) Pode avançar à frente >12,5cm com segurança (2) Pode avançar à frente >5cm com segurança (1) Pode avançar à frente, mas necessita de supervisão (0) Perde o equilíbrio na tentativa, ou necessita de apoio externo |
Pegar um objeto do chão a partir de uma posição em pé Instrução: pegue o sapato/chinelo que está na frente dos seus pés. |
(4) Capaz de pegar o chinelo com facilidade e segurança (3) Capaz de pegar o chinelo, mas necessita de supervisão (2) Incapaz de pegá-lo, mas se estica até ficar a 2–5cm do chinelo e mantém o equilíbrio de forma independente (1) Incapaz de pegá-lo, necessitando de supervisão enquanto está tentando (0) Incapaz de tentar, ou necessita de ajuda para não perder o equilíbrio ou cair |
Virar-se e olhar para trás por cima dos ombros direito e esquerdo enquanto permanece em pé Instrução: vire-se para olhar diretamente atrás de você por cima do seu ombro esquerdo sem tirar os pés do chão. Faça o mesmo por cima do ombro direito. |
4) Olha para trás de ambos os lados com uma boa distribuição do peso (3) Olha para trás somente de um lado; o lado contrário demonstra menor distribuição do peso (2) Vira somente para os lados, mas mantém o equilíbrio (1) Necessita de supervisão para virar (0) Necessita de ajuda para não perder o equilíbrio ou cair |
Girar 360 graus Instrução: gire-se completamente ao redor de si mesmo. Pause. Gire-se completamente ao redor de si mesmo em sentido contrário. |
(4) Capaz de girar 360 graus com segurança em quatro segundos ou menos (3) Capaz de girar 360 graus com segurança somente para um lado em quatro segundos ou menos (2) Capaz de girar 360 graus com segurança, mas lentamente (1) Necessita de supervisão próxima ou orientações verbais (0) Necessita de ajuda enquanto gira |
Posicionar os pés alternadamente no degrau ou banquinho enquanto permanece em pé sem apoio Instrução: toque cada pé alternadamente no degrau/banquinho. Continue até que cada pé tenha tocado o degrau/banquinho quatro vezes. |
(4) Capaz de permanecer em pé de forma independente e com segurança, completando oito movimentos em 20 segundos (3) Capaz de permanecer em pé de forma independente e completar oito movimentos em >20 segundos (2) Capaz de completar quatro movimentos sem ajuda (1) Capaz de completar >2 movimentos com o mínimo de ajuda (0) Incapaz de tentar, ou necessita de ajuda para não cair |
Permanecer em pé sem apoio com um pé à frente Instrução: coloque um pé diretamente à frente do outro na mesma linha; se você achar que não vai conseguir, coloque o pé um pouco mais à frente do outro pé e levemente para o lado. |
(4) Capaz de colocar um pé imediatamente à frente do outro, de forma independente, e permanecer por 30 segundos (3) Capaz de colocar um pé um pouco mais à frente do outro e levemente para o lado, de forma independente, e permanecer por 30 segundos (2) Capaz de dar um pequeno passo, de forma independente, e permanecer por 30s (1) Necessita de ajuda para dar o passo, porém permanece por 15 segundos (0) Perde o equilíbrio ao tentar dar um passo ou ficar de pé |
Permanecer em pé sobre uma perna Instrução: fique em pé sobre uma perna o máximo que você puder sem se segurar. |
(4) Capaz de levantar uma perna de forma independente e permanecer por >10 segundos (3) Capaz de levantar uma perna de forma independente e permanecer por 5-10 segundos (2) Capaz de levantar uma perna de forma independente e permanecer por ≥3 segundos (1) Tenta levantar uma perna, mas é incapaz de permanecer por três segundos, embora permaneça em pé de forma independente (0) Incapaz de tentar, ou necessita de ajuda para não cair |
// Fonte: Adaptado de Miyamoto e colaboradores (2004).18
Teste de Tinetti
O teste de Tinetti é muito utilizado para avaliar o equilíbrio e os aspectos da marcha como velocidade, simetria do passo, distância, equilíbrio em pé, capacidade de girar e de mudanças com os olhos fechados. A escala foi traduzida para o português e validada no Brasil por Gomes em 2003.19
O teste de Tinetti tem 16 itens no total, sendo nove relacionadas ao equilíbrio (Quadro 3) e sete à marcha (Quadro 4). A pontuação pode variar de 0 a 1 ou a 2, e a pontuação mais baixa corresponde a pior habilidade física. A pontuação máxima é de 28, sendo até 12 pontos atribuídos à marcha e 16 ao equilíbrio.20
Quadro 3
Teste de Tinetti (Teste de Equilíbrio) |
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Equilíbrio sentado (sentado em uma cadeira rígida, sem braços) |
(0) Inclina-se ou desliza na cadeira (1) Estável, seguro |
Levanta-se da cadeira |
(0) Incapaz sem ajuda (1) Capaz, usa membros superiores para auxiliar (2) Capaz, sem usar membros superiores |
Tentativas para se levantar |
(0) Incapaz sem ajuda (1) Capaz, requer mais de uma tentativa (2) Capaz de se levantar, uma tentativa |
Equilíbrio de pé imediato (primeiros 5s) |
(0) Instável (cambaleia, move os pés, oscila o tronco) (1) Estável, mas usa dispositivo de auxílio à marcha (2) Estável sem dispositivo de auxílio |
Equilíbrio de pé |
(0) Instável (1) Instável, mas aumenta a base de suporte (entre os calcanhares >10cm de afastamento) e usa dispositivo de auxílio (2) Diminuição da base sem dispositivo de auxílio |
Desequilíbrio no esterno (sujeito na posição de pé com os pés o mais próximo possível; o examinador empurra suavemente o sujeito na altura do esterno com a palma da mão três vezes seguidas) |
(0) Começa a cair (1) Cambaleia, se agarra e se segura em si mesmo (2) Estável |
Olhos fechados |
(0) Instável (1) Estável |
Girar 360° |
(0) Instabilidade (se agarra, cambaleia) (1) Passos descontinuados (2) Continuidade |
Senta-se |
(0) Inseguro (não avalia bem a distância, cai na cadeira) (1) Usa os braços ou não tem movimentos suaves (2) Seguro, movimentos suaves |
// Fonte: Adaptado de Gomes (2003).19
Quadro 4
Teste de Tinetti (Teste de Marcha) |
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Instruções para o início do teste — paciente em pé com o examinador, caminha em um corredor ou sala, primeiro no seu ritmo usual e, em seguida, rápido, porém muito seguro, com os dispositivos de auxílio à marcha usuais. |
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Iniciação da marcha |
(0) Imediato e após o comando (qualquer hesitação ou múltiplas tentativas para iniciar). (1) Sem hesitação |
Comprimento e altura do passo |
A) Perna D em balanceio (0) Não passa o membro E (1) Passa o membro E (0) Pé D não se afasta completamente do solo com o passo (1) Pé D se afasta completamente do solo B) Perna E em balanceio (0) Não passa o membro D (1) Passa o membro D (0) Pé E não se afasta completamente do solo com o passo (1) Pé E se afasta completamente do solo |
Simetria do passo |
(0) Passos D e E desiguais (1) Passos D e E parecem iguais |
Continuidade do passo |
(0) Parada ou descontinuidade entre os passos (1) Passos parecem contínuos |
Desvio da linha reta (distância aproximada de 3m x 30cm) |
(0) Desvio marcado (1) Desvio leve e moderado ou usa dispositivo de auxílio à marcha (2) Caminha em linha reta sem dispositivo de auxílio |
Tronco |
(0) Oscilação marcada ou usa dispositivo de auxílio à marcha (1) Sem oscilação, mas com flexão de joelhos ou dor lombar ou afasta os braços enquanto anda (2) Sem oscilação, sem flexão, sem uso dos braços ou de dispositivo de auxílio à marcha |
Base de apoio |
(0) Calcanhares afastados (1) Calcanhares quase se tocando durante a marcha |
// Fonte: Adaptado de Gomes (2003).19
ATIVIDADES
5. Considerando a avaliação da força muscular para a prescrição do TM, assinale a alternativa correta.
A) A força muscular está relacionada com a capacidade de gerar tensão muscular, sendo avaliada exclusivamente pelo teste de 1RM.
B) A força muscular está relacionada com a capacidade de gerar resistência muscular, sendo avaliada exclusivamente por equipamentos isocinéticos e isométricos.
C) A força muscular está relacionada com a capacidade de gerar tensão muscular, podendo ser avaliada por dinamômetros, teste de 1RM (ou maior número de RM) ou testes de repetições máximas por série.
D) A força muscular está relacionada com a capacidade de gerar tensão e endurance muscular, sendo avaliada exclusivamente por equipamentos específicos para esse fim.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta e a "C".
A força muscular é a capacidade de um determinado músculo de gerar tensão, sendo avaliada a ação de um conjunto de músculos por meio de equipamentos de dinamometria (isocinética ou isométrica) e por teste de uma repetição máxima (ou maior número, como teste de 5RM, 10RM etc.) ou de repetições máximas possíveis em uma série, sendo possível estimar a correspondência aproximada da carga máxima, por tabelas específicas para esse fim.
Resposta correta.
A força muscular é a capacidade de um determinado músculo de gerar tensão, sendo avaliada a ação de um conjunto de músculos por meio de equipamentos de dinamometria (isocinética ou isométrica) e por teste de uma repetição máxima (ou maior número, como teste de 5RM, 10RM etc.) ou de repetições máximas possíveis em uma série, sendo possível estimar a correspondência aproximada da carga máxima, por tabelas específicas para esse fim.
A alternativa correta e a "C".
A força muscular é a capacidade de um determinado músculo de gerar tensão, sendo avaliada a ação de um conjunto de músculos por meio de equipamentos de dinamometria (isocinética ou isométrica) e por teste de uma repetição máxima (ou maior número, como teste de 5RM, 10RM etc.) ou de repetições máximas possíveis em uma série, sendo possível estimar a correspondência aproximada da carga máxima, por tabelas específicas para esse fim.
6. Com que tipo de teste pode ser feita a avaliação física de flexibilidade?
I. Levantar carga não variável.
II. Alcançar as costas com a mão.
III. Sentar em uma cadeira e elevar o braço.
IV. Apoiar-se em uma só perna por alguns segundos.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a II e a III.
C) Apenas a II e a IV.
D) Apenas a III e a IV.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta e a "B".
Testes clássicos e mais funcionais da flexibilidade podem ser aplicados para avaliação física de flexibilidade, como o teste de Apley (alcançar as costas com a mão), o teste de alcançar com membro superior (sentar em uma cadeira e elevar o braço) e o teste de alcançar com membro inferior (sentar em uma cadeira e alcançar os pés com os joelhos esticados).
Resposta correta.
Testes clássicos e mais funcionais da flexibilidade podem ser aplicados para avaliação física de flexibilidade, como o teste de Apley (alcançar as costas com a mão), o teste de alcançar com membro superior (sentar em uma cadeira e elevar o braço) e o teste de alcançar com membro inferior (sentar em uma cadeira e alcançar os pés com os joelhos esticados).
A alternativa correta e a "B".
Testes clássicos e mais funcionais da flexibilidade podem ser aplicados para avaliação física de flexibilidade, como o teste de Apley (alcançar as costas com a mão), o teste de alcançar com membro superior (sentar em uma cadeira e elevar o braço) e o teste de alcançar com membro inferior (sentar em uma cadeira e alcançar os pés com os joelhos esticados).
7. Qual parelho pode ser utilizado para analisar a medida do ângulo articular em testes de flexibilidade?
A) Dinamômetro.
B) Esfigmomanômetro.
C) Oxímetro.
D) Goniômetro.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta e a "D".
A flexibilidade pode ser avaliada por diversas formas, sendo um componente importante na avaliação e na estruturação de um programa de TM. A avaliação deve envolver grupos musculares importantes nas atividades funcionais. Das diferentes metodologias de avaliação, a análise direta da medida do ângulo articular com instrumentos clássicos, como os goniômetros, é uma das formas.
Resposta correta.
A flexibilidade pode ser avaliada por diversas formas, sendo um componente importante na avaliação e na estruturação de um programa de TM. A avaliação deve envolver grupos musculares importantes nas atividades funcionais. Das diferentes metodologias de avaliação, a análise direta da medida do ângulo articular com instrumentos clássicos, como os goniômetros, é uma das formas.
A alternativa correta e a "D".
A flexibilidade pode ser avaliada por diversas formas, sendo um componente importante na avaliação e na estruturação de um programa de TM. A avaliação deve envolver grupos musculares importantes nas atividades funcionais. Das diferentes metodologias de avaliação, a análise direta da medida do ângulo articular com instrumentos clássicos, como os goniômetros, é uma das formas.
8. O que avalia o teste de Tinetti?
A) Resistencia e força.
B) Capacidade funcional.
C) Equilíbrio e aspectos da marcha.
D) Tenacidade muscular e flexibilidade.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta e a "C".
O teste de Tinetti é muito utilizado para avaliar o equilíbrio e os aspectos da marcha, como velocidade, simetria do passo, distância, equilíbrio em pé, capacidade de girar e de fazer mudanças com os olhos fechados.
Resposta correta.
O teste de Tinetti é muito utilizado para avaliar o equilíbrio e os aspectos da marcha, como velocidade, simetria do passo, distância, equilíbrio em pé, capacidade de girar e de fazer mudanças com os olhos fechados.
A alternativa correta e a "C".
O teste de Tinetti é muito utilizado para avaliar o equilíbrio e os aspectos da marcha, como velocidade, simetria do passo, distância, equilíbrio em pé, capacidade de girar e de fazer mudanças com os olhos fechados.
Teste Timed Up and Go
O teste Timed Up and Go (TUG) é considerado um teste simples e muito eficaz. Tem a capacidade de avaliar a mobilidade funcional, e seu desempenho é relacionado com o equilíbrio, a marcha e a capacidade funcional (Figura 3).21
FIGURA 3: Teste Timed Up and Go. // Fonte: Adaptada de Casas-Herrero e colaboradores (2019).9
No teste TUG, o paciente inicia a avaliação na posição sentada em uma cadeira de, aproximadamente, 45cm de altura, com braços e pés fixos. É explicado como o teste será realizado, certificando-se de que o sujeito realmente entendeu.21
O avaliado é instruído a ficar em pé e caminhar rapidamente por 3 metros, virando-se e retornando para a cadeira. Ao sentar, deve encostar completamente o tronco na cadeira, como na posição inicial, e o tempo para realizar essa atividade é cronometrado. Quando necessário, o indivíduo pode utilizar dispositivos de auxílio à marcha (bengala, andador etc.).21
Tempo menor do que 10s é o esperado para considerar o desempenho como normal. Indivíduos com tempo maior do que 13,5s têm risco considerável de queda (90%). Escores acima de 30s indicam dificuldades importantes em realizar suas atividades de vida diária.
Quando se considera a avaliação de pacientes cardiopatas mais jovens, com melhor condição de equilíbrio e coordenação, a utilização desses testes certamente subestimaria a capacidade do indivíduo e pouco auxiliaria na prescrição do TM. Nesse sentido, testes funcionais mais avançados, como os protocolos de Hop Test (teste de pulo), seriam uma possibilidade para auxiliar na avaliação, considerando em conjunto a força, o equilíbrio e o controle neuromuscular de membros inferiores.22
O Hop Test envolve saltos em diversas direções e, com isso, é possível avaliar a confiança do indivíduo nos membros inferiores para a execução de exercícios funcionais mais avançados.23 Nesse sentido, é evidente que, além da capacidade motora para a execução desse tipo teste, o paciente deve apresentar uma condição cardiovascular estável e condizente com esse tipo de avaliação funcional.
Há diversos protocolos de Hop Test, e, a seguir, são listados quatro testes frequentemente utilizados (Figura 4):22
- Single Hop Test — salto com um único membro inferior, tentando atingir a maior distância possível em um único salto;
- Triple Hop Test — realização de três saltos consecutivos com um dos membros inferiores, tentando atingir a maior distância possível com esses saltos;
- Crossover Hop Test — realização de três saltos consecutivos cruzando uma linha de, aproximadamente, 15 cm de largura;
- Timed Hop Test — saltos com um único membro inferior, o mais rápido possível, até atingir uma distância de 6 metros previamente demarcada no chão.
FIGURA 4: Ilustração com um diagrama esquemático de quatro Hop Tests: A) Single Hop, sendo calculada a distância atingida com um salto único. B) Triple Hop, a distância atingida com três saltos consecutivos. C) Crossover Hop, distância atingida com três saltos cruzando a linha. D) Timed Hop, o tempo para atingir a distância de seis metros com saltos consecutivos. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Avaliação da capacidade física de exercício
Além do teste clássico e considerado padrão-ouro na avaliação da capacidade física — o de exercício cardiopulmonar —, outros testes classificados como submáximos têm sido frequentemente utilizados devido à sua boa aplicabilidade clínica. Dentre eles, o teste de caminhada de seis minutos e o Shuttle Walk Test são os mais utilizados.
Teste de caminhada de seis minutos
O teste de caminhada de seis minutos (TC6) foi inicialmente adaptado do teste de corrida de 12 minutos (teste de Cooper), para avaliar indivíduos saudáveis, sendo, posteriormente, ajustado para ser aplicado em doentes, como uma alternativa para avaliar a capacidade física, principalmente de cardiopatas e pneumopatas.24,25
Em geral, para executar o TC6, é necessário um corredor plano de 29 metros, demarcado de 3 em 3 metros, sendo possível fazer uma curva por marcações com um cone (Figura 5).
FIGURA 5: Ilustração esquemática da pista para realização do teste de caminhada de seis minutos. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A orientação é que o indivíduo caminhe em um ritmo próprio, o mais longe possível, durante os seis minutos. É permitido, se necessário, diminuir a velocidade ou parar durante o teste e reassumir a caminhada novamente. O percurso deve ser demonstrado ao sujeito pelo examinador.26 O teste deve ser realizado em um ambiente com acesso a equipamentos de emergência, visto que os pacientes podem apresentar patologias cardiovasculares capazes de comprometer a tolerância ao exercício e a oxigenação tecidual.12
Devem ser registradas, antes e após a realização do TC6, a frequência cardíaca (FC), a saturação de pulso de oxigênio (SpO2), a pressão arterial (PA) e a percepção subjetiva de dispneia (escala de Borg). A FC e a SpO2 podem ser monitoradas ao longo de todo o teste, e a SpO2 mínima deve ser relatada, mesmo que não seja o valor final. Uma queda ≥4% pode ser considerada significativa.12
Os equipamentos necessários para realização do teste são12
- cronômetro para marcar os seis minutos;
- oxímetro de pulso para o monitoramento da FC e da SpO2;
- esfigmomanômetro para aferir a PA;
- escala de Borg impressa;
- uma cadeira que poderá ser deslocada para qualquer área da pista;
- dois cones para marcar os pontos de retorno, que deverão ser colocados no início e no final da pista de teste.
A pista de teste deve ser demarcada a cada 3 metros para facilitar a contagem da distância percorrida.12
O paciente é orientado a permanecer sentado por, pelo menos, 10 minutos antes do início do teste, imediatamente antes do início da pista, para avaliação das variáveis pré-teste. Depois disso, é instruído a caminhar o máximo que puder em sua própria cadência por seis minutos, sem correr, podendo diminuir o ritmo ou interromper o teste de acordo com a sua necessidade, bem como retornar ao teste se for possível, desde que o tempo de seis minutos ainda não tenha terminado.27,28
O avaliador não deve parar o cronômetro e deverá incentivar o paciente por meio de frases de efeito (por exemplo, “Você está indo muito bem”) e informá-lo sobre o tempo restante para terminar o teste (“Faltam apenas três minutos”). Ao finalizar os seis minutos, o paciente deve parar onde estiver, e o avaliador levará a cadeira para o paciente sentar-se. A partir daí, o terapeuta deve aferir as variáveis pré-teste, imediatamente.27,28
O avaliador calculará e registrará a distância percorrida pelo paciente no TC6.27,28 A distância média percorrida no TC6 realizado por pessoas saudáveis gira em torno de 400 a 700 metros, contudo, as seguintes equações determinam o nível de distância de caminhada prevista para os pacientes:28
- Homens — distância TC6 (m) = (7,57 x altura cm) – (5,02 x idade) – (1,76 x peso kg) – 309;
- Mulheres — distância TC6 (m) = (2,11 x altura cm) – (2,29 x peso kg) – (5,78 x idade) + 667.
Aspectos técnicos, reprodutibilidade, validade do teste, indicações e contraindicações, dentre outras informações mais detalhadas sobre o TC6, podem ser encontradas no capítulo “Testes clínicos de campo, com emprego de caminhada/marcha: teste de caminhada de seis minutos e 4-meter gait speed”, publicado no Ciclo 1 do Programa de Atualização em Fisioterapia Cardiovascular e Respiratória.29
Shuttle Walk Test
O Shuttle Walk Test (SWT) é considerado um teste funcional simples, que avalia a capacidade física com intensidade submáxima; no entanto, diferentemente do TC6, o SWT tem característica incremental, com velocidade controlada e incrementada por sinais sonoros, sendo o ritmo modificado a cada minuto.30
Para a realização do teste, é utilizada uma pista de 10m, geralmente demarcada por dois cones separados por 9m de distância entre eles, com meio metro de espaço além de cada cone, para que seja possível o retorno (Figura 6).31
FIGURA 6: Ilustração esquemática da pista para realização do Shuttle Walk Test. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
No SWT, indica-se que o indivíduo caminhe de um cone ao outro, seguindo o ritmo determinado pelo sinal sonoro até a fadiga ou sintoma limitante. Outro critério de interrupção do teste é a impossibilidade de manter o ritmo, não conseguindo chegar até o cone seguinte por duas vezes consecutivas, dentro do tempo determinado pelo sinal sonoro.30,31
O teste apresenta 12 estágios; a velocidade inicial é de 0,5m/s, e acrescenta-se 0,17m/s a cada estágio, que tem duração de 1min (Tabela 2).30,31
Tabela 2
Protocolo do Shuttle walk test |
||
Estágios |
Velocidade (m/s) |
Número de percursos |
1 |
0,5 |
3 |
2 |
0,67 |
4 |
3 |
0,84 |
5 |
4 |
1,01 |
6 |
5 |
1,18 |
7 |
6 |
1,35 |
8 |
7 |
1,52 |
9 |
8 |
1,69 |
10 |
9 |
1,86 |
11 |
10 |
2,03 |
12 |
11 |
2,20 |
13 |
12 |
2,37 |
14 |
// Fonte: Adaptada de Singh e colaboradores (1992).30
Short Physical Performance Battery
A Short Physical Performance Battery (SPPB) é um dos instrumentos recomendados para a avaliação da capacidade funcional. A SPPB combina informações de três parâmetros: do teste de equilíbrio estático em pé, da velocidade de marcha em passada habitual e da força muscular estimada de membros inferiores, medida indiretamente por meio do movimento de sentar e levantar da cadeira, conforme ilustrado na Figura 7.32
FIGURA 7: Short Physical Performance Battery (SPPB test). // Fonte: Adaptada de Guralnik e colaboradores (1994).32
A informação obtida nos três parâmetros de capacidade permite determinar o desempenho global e dos membros inferiores. A pontuação máxima em cada domínio (ou seja, no teste de equilíbrio, no teste de velocidade de caminhada e no teste de sentar e levantar) é de quatro pontos. Dessa forma, a pontuação máxima total do SPPB é de 12 pontos.
Dependendo da classificação obtida, as pessoas podem ser identificadas com
- limitação grave (0–4 pontos);
- limitação moderada (5–6 pontos);
- limitação leve (7–9 pontos);
- limitação mínima (10–12 pontos).
A validação e a confiabilidade do teste SPPB para a população idosa brasileira foi feita por Nakano e colaboradores, em 2007. A versão brasileira da SPPB apresentou altos valores de confiabilidade interexaminador e intraexaminador. Além disso, o instrumento mostrou-se sensível e válido para a avaliação do estado funcional de idosos, tanto em pesquisa quanto na prática clínica.33
ATIVIDADES
9. Em qual teste o paciente inicia a avaliação na posição sentada em uma cadeira com braços e pés fixos, de, aproximadamente, 45cm de altura?
A) Shuttle Walk Test.
B) Timed Up and Go.
C) Caminhada de seis minutos.
D) Short Physical Performance Battery.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta e a "B".
No teste TUG, o avaliado é instruído a ficar em pé e caminhar rapidamente por três metros, virando-se e retornando para a cadeira. Ao sentar, deve-se encostar completamente o tronco na cadeira, como na posição inicial, sendo o tempo cronometrado para realizar essa atividade.
Resposta correta.
No teste TUG, o avaliado é instruído a ficar em pé e caminhar rapidamente por três metros, virando-se e retornando para a cadeira. Ao sentar, deve-se encostar completamente o tronco na cadeira, como na posição inicial, sendo o tempo cronometrado para realizar essa atividade.
A alternativa correta e a "B".
No teste TUG, o avaliado é instruído a ficar em pé e caminhar rapidamente por três metros, virando-se e retornando para a cadeira. Ao sentar, deve-se encostar completamente o tronco na cadeira, como na posição inicial, sendo o tempo cronometrado para realizar essa atividade.
10. Sobre o teste de caminhada de seis minutos, o que é correto afirmar?
A) Foi inicialmente adaptado do teste de Cooper.
B) É usado unicamente para avaliar cardiopatas jovens.
C) É contraindicado para portadores de pneumopatias.
D) Não pode ser aplicado em idosos.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta e a "A".
O TC6 foi inicialmente adaptado do teste de corrida de 12 minutos (teste de Cooper) para avaliar indivíduos saudáveis, sendo posteriormente ajustado para ser aplicado em doentes, como uma alternativa para avaliar a capacidade física principalmente de cardiopatas e pneumopatas.
Resposta correta.
O TC6 foi inicialmente adaptado do teste de corrida de 12 minutos (teste de Cooper) para avaliar indivíduos saudáveis, sendo posteriormente ajustado para ser aplicado em doentes, como uma alternativa para avaliar a capacidade física principalmente de cardiopatas e pneumopatas.
A alternativa correta e a "A".
O TC6 foi inicialmente adaptado do teste de corrida de 12 minutos (teste de Cooper) para avaliar indivíduos saudáveis, sendo posteriormente ajustado para ser aplicado em doentes, como uma alternativa para avaliar a capacidade física principalmente de cardiopatas e pneumopatas.
11. O teste SPPB é um dos instrumentos recomendados para a avaliação da capacidade funcional. Sobre o teste, assinale a alternativa correta.
A) A pontuação máxima em cada domínio (ou seja, no teste de equilíbrio, no teste de velocidade de caminhada e no teste de sentar e levantar) é de 4 pontos e permite estratificar a limitação do indivíduo em mínima, leve, moderada e grave.
B) As informações obtidas no teste de equilíbrio, no teste de sentar e levantar e no teste de caminhada de seis minutos permitem determinar o desempenho global dos membros inferiores.
C) O SPPB permite ao terapeuta mensurar diretamente a força muscular de membros inferiores.
D) Embora amplamente utilizado, ainda não existe validação do SPPB, considerando a população brasileira.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta e a "A".
A SPPB combina informações do teste de equilíbrio estático em pé, de velocidade de marcha em passada habitual e de força muscular estimada de membros inferiores, medida indiretamente por meio do movimento de sentar e levantar da cadeira. A informação obtida nesses três parâmetros de capacidade permite determinar o desempenho global e dos membros inferiores. A pontuação máxima em cada domínio é de 4 pontos. Dessa forma, a pontuação máxima total do SPPB é de 12 pontos. Dependendo da classificação obtida, as pessoas podem ser identificadas com limitação grave (0-4 pontos), limitação moderada (5-6 pontos), limitação leve (7-9 pontos) e limitação mínima (10-12 pontos).
Resposta correta.
A SPPB combina informações do teste de equilíbrio estático em pé, de velocidade de marcha em passada habitual e de força muscular estimada de membros inferiores, medida indiretamente por meio do movimento de sentar e levantar da cadeira. A informação obtida nesses três parâmetros de capacidade permite determinar o desempenho global e dos membros inferiores. A pontuação máxima em cada domínio é de 4 pontos. Dessa forma, a pontuação máxima total do SPPB é de 12 pontos. Dependendo da classificação obtida, as pessoas podem ser identificadas com limitação grave (0-4 pontos), limitação moderada (5-6 pontos), limitação leve (7-9 pontos) e limitação mínima (10-12 pontos).
A alternativa correta e a "A".
A SPPB combina informações do teste de equilíbrio estático em pé, de velocidade de marcha em passada habitual e de força muscular estimada de membros inferiores, medida indiretamente por meio do movimento de sentar e levantar da cadeira. A informação obtida nesses três parâmetros de capacidade permite determinar o desempenho global e dos membros inferiores. A pontuação máxima em cada domínio é de 4 pontos. Dessa forma, a pontuação máxima total do SPPB é de 12 pontos. Dependendo da classificação obtida, as pessoas podem ser identificadas com limitação grave (0-4 pontos), limitação moderada (5-6 pontos), limitação leve (7-9 pontos) e limitação mínima (10-12 pontos).
12. Qual teste funcional simples de avaliação da capacidade física com intensidade submáxima apresenta característica incremental?
A) TC6.
B) SPPB.
C) SWT.
D) TUG.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta e a "C".
O SWT tem característica incremental, com velocidade controlada e incrementada por sinais sonoros, sendo o ritmo modificado a cada minuto.
Resposta correta.
O SWT tem característica incremental, com velocidade controlada e incrementada por sinais sonoros, sendo o ritmo modificado a cada minuto.
A alternativa correta e a "C".
O SWT tem característica incremental, com velocidade controlada e incrementada por sinais sonoros, sendo o ritmo modificado a cada minuto.
Treinamento multicomponente: indivíduos idosos
O processo de envelhecimento está frequentemente associado com o desenvolvimento de doenças crônicas e a redução da capacidade funcional, o que pode afetar negativamente a qualidade de vida da população idosa. Além disso, o declínio da função física está relacionado ao risco de quedas e fraturas, bem como ao maior risco de mortalidade.1
A promoção da prática de atividade física em indivíduos idosos deve enfatizar o exercício aeróbico de intensidade moderada e exercícios de fortalecimento, reduzindo o comportamento sedentário e os riscos de saúde.1 Alguns estudos reportaram que o TM baseado na combinação de exercícios aeróbicos e de resistência pode minimizar os efeitos fisiológicos de um estilo de vida sedentário, reduzindo o desenvolvimento e a progressão de doenças crônicas e condições incapacitantes.3,10
Uma revisão sistemática, conduzida por Bouaziz e colaboradores,1 demonstrou que o TM possui impacto positivo sobre
- aptidão cardiorrespiratória;
- perfil lipídico;
- composição corporal;
- capacidade corporal, ou seja, força muscular, equilíbrio e habilidades de marcha;
- flexibilidade;
- capacidade ao exercício físico.
Além disso, o TM contribui para redução do risco de quedas e para melhora da função cognitiva e da qualidade de vida em idosos com idade ≥65 anos.1
Um ensaio clínico randomizado controlado, conduzido em idosos institucionalizados, com idade ≥85 anos, identificou que 12 semanas de TM, realizado duas vezes por semana, foi capaz de promover melhoras significativas no teste TUG, no teste de sentar e levantar e no desempenho de equilíbrio, além de reduzir a incidência de quedas nessa população. Além disso, a intervenção baseada no TM promoveu hipertrofia muscular, que foi acompanhada de aumentos na potência e na força muscular.34
Por outro lado, um estudo desenvolvido por Marín-Cascales e colaboradores35 revisou os efeitos dos programas de TM sobre a massa magra e óssea em diferentes locais do corpo de mulheres idosas em fase pós-menopausa. Os resultados foram controversos na literatura; alguns estudos identificaram incrementos sobre a massa muscular e óssea dessa população, enquanto outros reportaram nenhuma melhoria significativa desses parâmetros.
Os autores atribuíram essas diferenças à heterogeneidade dos protocolos de TM (intensidade, duração, tipos de exercícios), visto que não existe um consenso relacionado à prescrição dessa modalidade de treinamento; além disso, as idades e as características clínicas dos participantes, bem como os locais anatômicos examinados nos estudos foram heterogênicos. Dessa forma, mais estudos são necessários para estabelecer os efeitos e os protocolos de TM ideal para mulheres idosas na pós-menopausa.35
Treinamento multicomponente: indivíduos com dislipidemia
A dislipidemia é definida como uma alteração metabólica dos lipídeos em decorrência do distúrbio de alguma fase do metabolismo das gorduras no organismo, provocando modificações em sua concentração.36
De acordo com as alterações desses lipídeos na corrente sanguínea, a dislipidemia tem diferentes classificações (Quadro 5).36
Quadro 5
Classificação da Dislipidemia |
|
Hipercolesterolemia isolada |
LDL-c ≥160mg/dL. |
Hipertrigliceridemia isolada |
TG ≥150mg/dL com jejum de 12–14h. TG ≥175mg/dL sem jejum . |
Hiperlipidemia mista |
Aumento do LDL-c (≥160mg/dL) e aumento do TG (≥150mg/dL com jejum ou ≥175mg/dL sem jejum).
Obs.: Se TG ≥400mg/dL, o cálculo do LDL-c pela fórmula de Friedewald é inadequado, sendo considerado hiperlipidemia mista quando o não HDL-c ≥190mg/dL. |
HDL-c baixo |
Obs.: isolado ou em associação com aumento do LDL-c ou do TG. |
LDL-c: low density lipoproteins (lipoproteínas de baixa densidade); HDL-c: high density lipoproteins (lipoproteínas de alta densidade); TG: triglicérides. // Fonte: Adaptado da Faludi e colaboradores (2017).36
Uma das principais complicações relacionadas à dislipidemia é que valores muito elevados desses lipídeos podem resultar em um processo de formação de placas de gorduras que se acumulam nos vasos arteriais. Esse processo, denominado aterosclerose, ocasionado pela dislipidemia, é um dos principais fatores relacionados ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares.37
Além da aterosclerose, há risco de formação de trombose da parede dos vasos, o que torna a dislipidemia responsável por muitas incapacidades e/ou mortalidade no Brasil e no mundo, como consequência principalmente das doenças coronarianas e vasculares cerebrais. No Brasil, a dislipidemia atinge cerca de 49% da população nas capitais. Na Europa, como consequência das doenças cardiovasculares, ela gera custos de cerca de 192 milhões de euros por ano.38,39
Evidências científicas mostram que mudanças no estilo de vida são essenciais para o tratamento da dislipidemia e que a prática de exercícios físicos envolvendo diversas modalidades de exercício é uma das estratégicas terapêuticas mais eficientes no tratamento da doença e contribui para que o indivíduo consiga atingir os valores lipídicos estabelecidos de acordo com o alvo terapêutico (Tabela 3).36 Nesse sentido, o exercício multicomponente tem sido proposto como uma interessante alternativa de treinamento físico para esses pacientes.40
Tabela 3
Valores de referência e de alvo terapêutico de acordo com a avaliação de risco cardiovascular estimada pelo médico para adultos > 20 anos |
|||
Lipídeos |
Com jejum (mg/dL) |
Sem jejum (mg/dL) |
Categoria referencial |
Colesterol total HDL-c Triglicérides |
<190 >40 <150 |
<190 >40 <175 |
Desejável Desejável Desejável |
Categoria de risco |
|||
LDL |
<130 <100 <70 <50 |
<130 <100 <70 <50 |
Baixo Intermediário Alto Muito alto |
Não HDL-c |
<160 <130 <100 <80 |
<160 <130 <100 <80 |
Baixo Intermediário Alto Muito alto |
LDL-c: low density lipoproteins (lipoproteínas de baixa densidade); HDL-c: high density lipoproteins (lipoproteínas de alta densidade). // Fonte: Adaptada de Faludi e colaboradores (2017).36
Em um protocolo de treinamento físico multicomponente, que engloba atividades aeróbicas, o exercício físico tem mostrado efeitos benéficos em relação à concentração dos lipídeos plasmáticos. O exercício aumenta principalmente as lipoproteínas de alta densidade (HDL-c, high density lipoproteins), consideradas como protetoras cardiovasculares, e, apesar de seus efeitos nas lipoproteínas de baixa densidade (LDL-c, low density lipoproteins) serem menos evidenciados, ocorre aumento da resposta cinética da LDL-c na circulação, prolongando o período em que permanece na forma reduzida.36,41
Os efeitos do exercício nos níveis plasmáticos dos triglicerídeos têm sido significativos, sendo a redução na concentração sanguínea desse lipídeo consistentemente demonstrada com o treinamento físico.36
Desfechos clínicos favoráveis com o exercício físico em relação às lipoproteínas provavelmente acontecem devido às modificações funcionais destas, com elevação na resistência à oxidação da LDL-c e aumento na ação da HDL-c. No entanto, estudos mostraram que a intensidade de protocolos de exercício envolvendo atividades aeróbicas deve ser ao menos moderada, para que ocorra aumento considerável nos níveis de HDL-c, com melhora na sua funcionalidade e diminuição dos níveis dos triglicerídeos.42
Em um estudo que avaliou os efeitos do exercício resistido e de um protocolo de exercícios multicomponente no perfil lipídico de mulheres idosas, os autores verificaram que, após oito meses de treinamento, as mulheres submetidas ao protocolo multicomponente apresentaram redução significativa de 5,1% dos triglicerídeos e aumento de 9,3% da HDL-c, enquanto o grupo submetido exclusivamente ao protocolo resistido não apresentou mudanças expressivas dessas variáveis.40
Os autores concluíram que o protocolo multicomponente é mais efetivo do que o resistido quanto à indução favorável de mudanças plasmáticas das lipoproteínas e do perfil lipídico e, com isso, benéfico em relação à redução dos riscos cardiovasculares.40
Treinamento multicomponente: indivíduos com diabetes melito
Diabetes melito tipo 2 (DM2) é uma doença caracterizada pelos elevados níveis glicêmicos do sangue, que podem ser resultado de produção insuficiente ou incapacidade de síntese e secreção correta do hormônio insulina. Este, produzido pelas células β pancreáticas, é responsável pela entrada de glicose nas demais células, para que elas possam utilizá-la como energia para as atividades do organismo.43
Segundo a International Diabetes Federation, o DM2 está entre as 10 maiores causas globais de morte em adultos.43 Isso está relacionado ao fato de que há uma quantia crescente e preocupante de pessoas vivendo com a doença em todo o mundo, quantia esta que, na última década, aumentou em 62% e chegou a quase meio bilhão em 2019 (cerca de 9,3% dos adultos entre 20 e 79 anos de idade). No Brasil, listado entre os 10 países do mundo com maior prevalência de diabetes de forma geral, estima-se que em 2030 haverá em torno de 11,3 milhões de brasileiros vivendo com a doença.44
O aumento significativo da população diabética pode ser decorrente do comportamento sedentário, bem como da falta de uma atividade física regular. Essa condição pode ser prevenida ou, pelo menos, protelada com a adoção de hábitos de vida mais saudáveis.45
Nesse contexto de mudança de hábitos de vida, é possível incluir diferentes tipos de treinamento físico que, por trabalharem as diferentes capacidades físicas, apresentam desafios fisiológicos específicos que induzem diferentes adaptações.46 Além disso, a recomendação para intervenções de exercício deve consistir em atividades aeróbicas, treinamento de força, equilíbrio e flexibilidade,47 uma vez que esses componentes são considerados essenciais para manutenção da aptidão física relacionada à saúde em níveis adequados.
O TM pode ser apresentado como uma estratégia capaz de melhorar as diversas capacidades físicas, que são essenciais à população, levando em conta sua aplicação direta sobre o desempenho nas atividades de vida diária e sobre a qualidade de vida.
Em estudo conduzido por Baptista e colaboradores,48 que incluíram 241 pacientes diabéticos em um programa de TM por um período de 24 meses com três sessões de 60 minutos semanais, foram encontradas mudanças significativas de saúde geral, como redução da massa corporal, redução da relação cintura–quadril e da pressão arterial sistólica, além da melhora do consumo máximo de oxigênio. Os autores concluíram que o TM é uma estratégia eficiente para a população com DM2.
Outras variáveis também foram avaliadas por pesquisadores, como no estudo conduzido por Barrile e colaboradores,49 que avaliaram a função pulmonar, a capacidade funcional e a qualidade de vida de oito pacientes idosos com DM2 e encontraram uma melhoria na capacidade funcional e em alguns domínios da qualidade de vida, bem como na ventilação voluntária máxima.
Já Heubel e colaboradores,50 que conduziram um programa de TM por 16 semanas, com três sessões de 60 minutos semanais para 13 pacientes portadores de DM2, encontram melhoria da aptidão funcional e do controle glicêmico.
Embora muitos regimes de exercícios sejam seguros para a maioria das pessoas, indivíduos diabéticos não treinados são aconselhados a consultar um médico para avaliar se há algum problema de saúde subjacente que possa impactar negativamente a participação.46
Além disso, é importante ressaltar alguns aspectos de segurança para a realização de exercícios com pacientes diabéticos. Por exemplo, a hipoglicemia induzida pelo exercício, comum principalmente no paciente com DM1, mas também presente no DM2, requer o monitoramento constante da glicemia durante a sessão de treinamento, além de medidas que incluem a adição de carboidratos durante a realização do exercício e estratégias na administração das doses de insulina e no seu tempo de ação.51
O Quadro 6 exemplifica algumas possibilidades de realização de TM no paciente com DM2, além de ressaltar os cuidados e as precauções na prescrição e na execução do exercício físico para pacientes com DM2 associado a outras comorbidades.
Quadro 6
Exemplo de Treinamento MultiComponente para pacientes com Diabetes melito |
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Modalidade |
Descrição |
Frequência |
Cuidados e precauções |
Exercício resistido |
Exercícios com o peso corporal, faixas elásticas ou com halteres. Realização de três séries de 10–15 repetições, com intervalo de 1–3 minutos. |
2 a 3 vezes na semana |
Pacientes com HAS ou retinopatia diabética devem evitar realização de manobra de Valsalva. |
Exercício aeróbico |
Caminhada ou exercícios estacionários, podendo iniciar com períodos curtos e aumentar progressivamente de acordo com a melhora do condicionamento físico. |
>150 minutos semanais |
Pacientes com neuropatia periférica devem inspecionar pés e calçados antes do início do exercício, bem como utilizar calçados e meias apropriados. Pacientes com neuropatia autonômica devem evitar ambiente muito quente ou muito frio; o fisioterapeuta deve ter atenção à hipotensão postural. |
Equilíbrio |
Realizar exercícios unipodais ou de dupla tarefa. |
5 vezes por semana |
Em pacientes com neuropatia autonômica, o fisioterapeuta deve ter atenção à hipotensão postural quando houver exercício com mudança postural, bem como cuidado com quedas. |
Flexibilidade |
Alongamento dos grandes grupos musculares com manutenção estática por 10–15 segundos. Alongamento com exercícios dinâmicos. |
5 vezes por semana |
HAS: hipertensão arterial sistêmica // Fonte: Adaptado das Sociedade Brasileira de Diabetes (2016).52
ATIVIDADES
13. Sobre a promoção da prática de atividade física em indivíduos idosos, o que é correto afirmar?
I. Deve evitar qualquer exercício de fortalecimento.
II. Deve desencorajar práticas que associem exercícios aeróbicos e de resistência.
III. Deve focar em exercícios que minimizem os efeitos fisiológicos de um estilo de vida sedentário.
IV. Deve enfatizar o exercício aeróbico de intensidade moderada.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a III.
C) Apenas a II e a IV.
D) Apenas a III e a IV.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta e a "D".
A promoção da prática de atividade física em indivíduos idosos deve enfatizar o exercício aeróbico de intensidade moderada e os exercícios de fortalecimento, reduzindo o comportamento sedentário e riscos de saúde. Alguns estudos reportaram que o TM baseado na combinação de exercícios aeróbicos e de resistência pode minimizar os efeitos fisiológicos de um estilo de vida sedentário, reduzindo o desenvolvimento e a progressão de doenças crônicas e condições incapacitantes.
Resposta correta.
A promoção da prática de atividade física em indivíduos idosos deve enfatizar o exercício aeróbico de intensidade moderada e os exercícios de fortalecimento, reduzindo o comportamento sedentário e riscos de saúde. Alguns estudos reportaram que o TM baseado na combinação de exercícios aeróbicos e de resistência pode minimizar os efeitos fisiológicos de um estilo de vida sedentário, reduzindo o desenvolvimento e a progressão de doenças crônicas e condições incapacitantes.
A alternativa correta e a "D".
A promoção da prática de atividade física em indivíduos idosos deve enfatizar o exercício aeróbico de intensidade moderada e os exercícios de fortalecimento, reduzindo o comportamento sedentário e riscos de saúde. Alguns estudos reportaram que o TM baseado na combinação de exercícios aeróbicos e de resistência pode minimizar os efeitos fisiológicos de um estilo de vida sedentário, reduzindo o desenvolvimento e a progressão de doenças crônicas e condições incapacitantes.
14. Qual impacto positivo o TM apresenta em idosos com idade igual ou superior a 65 anos?
A) Redução na habilidade de marcha.
B) Redução da flexibilidade.
C) Redução do risco de quedas.
D) Não foram verificados impactos positivos nessa população.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta e a "C".
Uma revisão sistemática demonstrou que o TM tem impacto positivo sobre aptidão cardiorrespiratória, perfil lipídico, composição corporal, capacidade corporal — ou seja, força muscular, equilíbrio e habilidades de marcha, flexibilidade e capacidade ao exercício físico. Além disso, contribui para redução do risco de quedas, melhora da função cognitiva e qualidade de vida em idosos com idade ≥65 anos.
Resposta correta.
Uma revisão sistemática demonstrou que o TM tem impacto positivo sobre aptidão cardiorrespiratória, perfil lipídico, composição corporal, capacidade corporal — ou seja, força muscular, equilíbrio e habilidades de marcha, flexibilidade e capacidade ao exercício físico. Além disso, contribui para redução do risco de quedas, melhora da função cognitiva e qualidade de vida em idosos com idade ≥65 anos.
A alternativa correta e a "C".
Uma revisão sistemática demonstrou que o TM tem impacto positivo sobre aptidão cardiorrespiratória, perfil lipídico, composição corporal, capacidade corporal — ou seja, força muscular, equilíbrio e habilidades de marcha, flexibilidade e capacidade ao exercício físico. Além disso, contribui para redução do risco de quedas, melhora da função cognitiva e qualidade de vida em idosos com idade ≥65 anos.
15. Quanto ao TM em indivíduos com dislipidemia, assinale a alternativa correta.
A) Evidências científicas mostraram que o TM, juntamente com mudanças no estilo de vida, é capaz de promover melhora no perfil lipídico, com reduções do LDL, HDL-c colesterol e triglicerídeos.
B) Evidências científicas mostraram que o TM, associado a mudanças no estilo de vida, é capaz de promover melhora no perfil lipídico, com aumento do HDL-c e redução dos triglicerídeos.
C) Evidências científicas mostraram que somente por meio de mudanças no padrão nutricional é possível obter melhoras no perfil lipídico.
D) Não há evidências científicas sobre o benefício do treinamento físico e de mudanças no estilo de vida no perfil lipídico.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta e a "B".
Evidências científicas mostraram que mudanças no estilo de vida são essenciais para o tratamento da dislipidemia e que o TM é eficaz na melhora do perfil lipídico, com aumento do HDL-c, que é a lipoproteína de alta densidade (protetora do sistema cardiovascular por impedir a formação de placas de gordura nas artérias) e redução dos triglicerídeos.
Resposta correta.
Evidências científicas mostraram que mudanças no estilo de vida são essenciais para o tratamento da dislipidemia e que o TM é eficaz na melhora do perfil lipídico, com aumento do HDL-c, que é a lipoproteína de alta densidade (protetora do sistema cardiovascular por impedir a formação de placas de gordura nas artérias) e redução dos triglicerídeos.
A alternativa correta e a "B".
Evidências científicas mostraram que mudanças no estilo de vida são essenciais para o tratamento da dislipidemia e que o TM é eficaz na melhora do perfil lipídico, com aumento do HDL-c, que é a lipoproteína de alta densidade (protetora do sistema cardiovascular por impedir a formação de placas de gordura nas artérias) e redução dos triglicerídeos.
16. O TM deve ser prescrito ao paciente com DM? Por quê?
A) Sim, porque é capaz de melhorar as diversas capacidades físicas, que são essenciais à população.
B) Sim, porque é capaz de melhorar os aspectos sociais do indivíduo.
C) Não, porque é capaz de aumentar a glicemia do paciente a níveis muito altos, levando ao quadro de cetoacidose.
D) Não, porque não foi capaz de melhorar o consumo máximo de oxigênio do paciente com DM.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta e a "A".
Como o TM incorpora exercícios de força, resistência, flexibilidade e equilíbrio, pode ser apresentado como uma estratégia capaz de melhorar as diversas capacidades físicas.
Resposta correta.
Como o TM incorpora exercícios de força, resistência, flexibilidade e equilíbrio, pode ser apresentado como uma estratégia capaz de melhorar as diversas capacidades físicas.
A alternativa correta e a "A".
Como o TM incorpora exercícios de força, resistência, flexibilidade e equilíbrio, pode ser apresentado como uma estratégia capaz de melhorar as diversas capacidades físicas.
Treinamento multicomponente: indivíduos com hipertensão arterial sistêmica
A hipertensão arterial sistêmica (HAS), considerada um problema de saúde pública global, é caracterizada pela elevação e pela sustentação dos níveis de pressão arterial. A HAS tem maior prevalência em idosos (aproximadamente 70%), fator que, associado ao processo de envelhecimento, pode potencializar o declínio físico e cognitivo, prejudicando a independência e a autonomia desses indivíduos.
Além disso, a HAS é considerada um fator de risco para evento cardiovascular (acidente vascular encefálico e IAM), bem como para a mortalidade em geral. Dessa forma, diversas estratégias farmacológicas e não farmacológicas têm sido propostas para o tratamento da doença.
Diretrizes internacionais recomendam amplamente a prática de exercício como um método complementar para o tratamento e a prevenção da HAS, uma vez que o exercício físico pode favorecer o controle dos níveis de pressão arterial e os seus fatores de riscos associados (i.e., obesidade, resistência insulínica, DM).2
Estudos reportam que altos níveis de atividade física e aptidão cardiorrespiratória podem reduzir o risco de desenvolvimento da HAS em indivíduos saudáveis normotensos.6,7 Além disso, diversas modalidades de exercício físico aeróbico ou de resistência podem reduzir a pressão arterial de indivíduos com HAS, além de melhorar diversos fatores e mecanismos que fazem parte da fisiopatologia da doença.11–15
A Figura 8 ilustra os principais fatores envolvidos no desenvolvimento da doença e os potenciais efeitos do exercício físico.
FIGURA 8: Efeitos do exercício físico sobre a fisiopatologia da HAS. // Fonte: Adaptada de Ciolac (2012).53
O aumento da prevalência de indivíduos hipertensos com limitação funcional e com baixa adesão aos programas de treinamento convencional54 destacam a necessidade de intervenções para reduzir a carga de deficiência associada ao envelhecimento e à HAS55 e para maximizar as chances de envelhecimento saudável.56
De fato, os idosos hipertensos são um grupo específico de alto risco para quedas e fraturas,57 deficiências física,55 hospitalizações, resultados cirúrgicos e mortalidade,58 em comparação aos normotensos. Recentemente, o TM tem sido proposto como uma modalidade potencial para implementação dos programas de exercício físico para essa população. Os programas de TM podem prevenir os efeitos deletérios do envelhecimento sobre a capacidade funcional e cognitiva desses pacientes.59
O TM pode aumentar a adesão de pacientes com HAS, uma vez que permite o desenvolvimento de várias capacidades e habilidades físicas (i.e., equilíbrio, força, aptidão aeróbica, alongamento e resistência) na mesma sessão de exercício físico, sem a necessidade de longas sessões.59
Esse fator pode ser uma vantagem quando comparado a outras modalidades de treinamento, visto que os indivíduos com HAS geralmente evitam programas de exercícios físicos que consomem muito tempo, o que pode favorecer a baixa adesão desses pacientes aos tratamentos convencionais.59
Contudo, ainda existem poucos estudos na literatura investigando os efeitos do TM sobre os parâmetros clínicos de indivíduos com HAS. A Figura 9 ilustra alguns exemplos de exercícios funcionais aplicados em protocolos de TM em pacientes com HAS.59,60
FIGURA 9: Exemplos de exercícios funcionais aplicados em pacientes com HAS. // Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Em um estudo desenvolvido por Coelho Júnior e colaboradores,59 conduzido em 43 indivíduos com HAS não controlada, foi identificado que seis meses de TM promoveram reduções significativas na pressão arterial nessa população. Os exercícios foram realizados com baixo custo, sem a utilização de esteiras, cicloergômetros e máquinas de exercícios.61,62
O uso de faixas elásticas para o treinamento de resistência pode promover adaptações morfofuncionais similares aos exercícios realizados em máquinas de peso.61,62 Contudo, são importantes a atenção e o cuidado dos profissionais da saúde (fisioterapeutas e profissionais de educação física) na prescrição do TM, para evitar quedas e possíveis lesões.
Os pacientes com HAS descontrolada apresentaram reduções na pressão arterial sistólica (-8mmHg), pressão arterial diastólica (-11,1mmHg), pressão arterial média (-10,1mmHg), frequência cardíaca (-6,8bpm) e duplo produto (-1.640mmHg–bpmp) após TM, sugerindo que essa modalidade de exercício físico pode ser uma alternativa para eles.59
Além dos efeitos sobre o sistema cardiovascular, com o TM foram identificadas significativas reduções no índice de massa corporal e nas medidas de circunferência abdominal. Apesar de os mecanismos fisiológicos responsáveis pela redução da pressão arterial após TM não estarem completamente elucidados, acredita-se que as mudanças na composição corporal possam explicar, em parte, essas adaptações.63
Sabe-se que as adipocinas estão associadas ao desenvolvimento de fatores de risco cardiovasculares, como a síntese e a liberação de espécies reativas de oxigênio e citocinas pró-inflamatórias, disfunção endotelial e biodisponibilidade de óxido nítrico reduzida. Assim, é possível inferir que a perda de peso observada nesses indivíduos pode ter colaborado com as reduções dos valores pressóricos por meio do fenômeno adipocina-dependente, restaurando a homeostase endotelial.64
Treinamento multicomponente: indivíduos com doença arterial coronariana
A doença arterial coronariana faz parte do conjunto de doenças cardiovasculares, sendo caracterizada pelo acometimento das artérias que levam suprimento sanguíneo ao músculo cardíaco, as artérias coronárias. Considerada uma das principais doenças do século XXI, tem se tornado um dos principais focos de atenção em relação à saúde pública, devido à sua elevada taxa de morbidade e mortalidade.65
O processo aterosclerótico das artérias coronárias é a principal causa da isquemia cardíaca, levando a episódios de insuficiência coronariana aguda em condições de esforço físico e estresse, podendo resultar em infarto do miocárdio e morte. Com isso, a doença isquêmica do coração representa a principal causa de mortalidade no Brasil e no mundo.65,66
Está bem estabelecido na literatura que a prática regular de exercícios físicos é capaz de promover estabilização ou mesmo regressão do processo de aterosclerose das artérias coronarianas, sendo considerada um dos componentes do tratamento não farmacológico da doença, capaz de reduzir significativamente a mortalidade.67,68
Tradicionalmente, os protocolos de reabilitação cardiovascular envolvem exercícios exclusivamente aeróbicos e/ou resistidos. Entretanto, como já mencionado anteriormente, a maior parte dos pacientes com disfunções cardiovasculares e metabólicas é idosa. Nesse sentido, protocolos envolvendo o TM podem complementar os benefícios já bem estabelecidos desses protocolos tradicionais, com a melhora da flexibilidade, do equilíbrio e da coordenação motora conjuntamente.1,3
Como objetivo do tratamento da doença arterial coronariana, preconiza-se a melhora dos fatores de risco cardiovascular desse paciente, tanto como tratamento primário quanto no preventivo em relação à um evento cardíaco futuro.67 Com isso, a inserção do TM no protocolo de reabilitação cardiovascular tem eficácia comprovada no que diz respeito ao controle lipídico,8 à redução de peso,69 ao controle glicêmico e da pressão arterial,59 sendo esses componentes fundamentais na reabilitação do paciente coronariopata.
Estudos têm demonstrado que protocolos envolvendo o TM são eficazes no controle de diversas variáveis hemodinâmicas (pressão arterial, frequência cardíaca, duplo produto), além de promoverem benefícios em relação à composição corporal.59,60 Esses estudos destacam que, possivelmente, o componente aeróbico envolvido nesses exercícios funcionais é o principal responsável pela melhora dessas variáveis.59,70
No entanto, o elemento força e resistência muscular envolvido nesse tipo de treinamento tem fundamental ação relacionada aos aumentos da densidade mineral óssea e do percentual de massa magra que, associados aos ganhos de amplitude de movimento e equilíbrio, podem influenciar positivamente na capacidade desses pacientes de executar com maior facilidade as suas atividades de vida diária.34,71
ATIVIDADES
17. A HAS é considerada um fator de risco para quais doenças?
I. Acidente vascular encefálico.
II. Aterosclerose amiotrófica.
III. IAM.
IV. DM.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a III.
C) Apenas a II e a IV.
D) Apenas a III e a IV.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta e a "C".
A HAS é considerada um fator de risco para evento cardiovascular (acidente vascular encefálico e infarto agudo do miocárdio), bem como para a mortalidade em geral. O DM é um dos fatores de risco associados a essa doença.
Resposta correta.
A HAS é considerada um fator de risco para evento cardiovascular (acidente vascular encefálico e infarto agudo do miocárdio), bem como para a mortalidade em geral. O DM é um dos fatores de risco associados a essa doença.
A alternativa correta e a "C".
A HAS é considerada um fator de risco para evento cardiovascular (acidente vascular encefálico e infarto agudo do miocárdio), bem como para a mortalidade em geral. O DM é um dos fatores de risco associados a essa doença.
18. Na população portadora de HAS, qual aparelho pode substituir as máquinas de peso em treinamentos de resistência?
A) Bicicleta ergométrica.
B) Faixa elástica.
C) Halteres.
D) Alongamento sem aparelhos.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta e a "B".
O uso de faixas elásticas para o treinamento de resistência pode promover adaptações morfofuncionais similares aos exercícios realizados em máquinas de peso. Contudo, são importantes a atenção e o cuidado dos profissionais da saúde (fisioterapeutas e profissionais de educação física) na prescrição do TM, para evitar quedas e possíveis lesões.
Resposta correta.
O uso de faixas elásticas para o treinamento de resistência pode promover adaptações morfofuncionais similares aos exercícios realizados em máquinas de peso. Contudo, são importantes a atenção e o cuidado dos profissionais da saúde (fisioterapeutas e profissionais de educação física) na prescrição do TM, para evitar quedas e possíveis lesões.
A alternativa correta e a "B".
O uso de faixas elásticas para o treinamento de resistência pode promover adaptações morfofuncionais similares aos exercícios realizados em máquinas de peso. Contudo, são importantes a atenção e o cuidado dos profissionais da saúde (fisioterapeutas e profissionais de educação física) na prescrição do TM, para evitar quedas e possíveis lesões.
19. Como a atividade física atua em casos de indivíduos portadores de aterosclerose?
A) A atividade física é contraindicada.
B) Exercícios de impacto costumam ser evitados em indivíduos de 65 anos de idade ou mais.
C) A prática regular é capaz de promover estabilização ou mesmo regressão do processo.
D) Não há evidência de benefício nesses casos.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta e a "C".
Está bem estabelecido na literatura que a prática regular de exercícios físicos é capaz de promover estabilização ou mesmo regressão do processo de aterosclerose das artérias coronarianas, sendo considerado um dos componentes do tratamento não farmacológico na doença, capaz de reduzir significativamente a mortalidade.
Resposta correta.
Está bem estabelecido na literatura que a prática regular de exercícios físicos é capaz de promover estabilização ou mesmo regressão do processo de aterosclerose das artérias coronarianas, sendo considerado um dos componentes do tratamento não farmacológico na doença, capaz de reduzir significativamente a mortalidade.
A alternativa correta e a "C".
Está bem estabelecido na literatura que a prática regular de exercícios físicos é capaz de promover estabilização ou mesmo regressão do processo de aterosclerose das artérias coronarianas, sendo considerado um dos componentes do tratamento não farmacológico na doença, capaz de reduzir significativamente a mortalidade.
20. Como o TM se insere no tratamento de indivíduos portadores de doença arterial coronariana?
A) Tem eficácia comprovada quando inserido no protocolo de reabilitação cardiovascular.
B) É amplamente recomendado no tratamento primário, mas evitado no tratamento preventivo.
C) É fortemente utilizado no tratamento preventivo, mas evitado no tratamento primário.
D) Demonstrou ineficácia no controle lipídico, redução de peso e controle glicêmico desses pacientes.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta e a "A".
Como objetivo do tratamento da doença arterial coronariana, preconiza-se a melhora dos fatores de risco cardiovascular do paciente, tanto como tratamento primário quanto preventivo em relação à um evento cardíaco futuro. Com isso, a inserção do TM no protocolo de reabilitação cardiovascular tem eficácia comprovada no que diz respeito ao controle lipídico, à redução de peso, ao controle glicêmico e da pressão arterial, sendo esses componentes fundamentais na reabilitação do paciente coronariopata.
Resposta correta.
Como objetivo do tratamento da doença arterial coronariana, preconiza-se a melhora dos fatores de risco cardiovascular do paciente, tanto como tratamento primário quanto preventivo em relação à um evento cardíaco futuro. Com isso, a inserção do TM no protocolo de reabilitação cardiovascular tem eficácia comprovada no que diz respeito ao controle lipídico, à redução de peso, ao controle glicêmico e da pressão arterial, sendo esses componentes fundamentais na reabilitação do paciente coronariopata.
A alternativa correta e a "A".
Como objetivo do tratamento da doença arterial coronariana, preconiza-se a melhora dos fatores de risco cardiovascular do paciente, tanto como tratamento primário quanto preventivo em relação à um evento cardíaco futuro. Com isso, a inserção do TM no protocolo de reabilitação cardiovascular tem eficácia comprovada no que diz respeito ao controle lipídico, à redução de peso, ao controle glicêmico e da pressão arterial, sendo esses componentes fundamentais na reabilitação do paciente coronariopata.
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R.M.A., 69 anos de idade, 103kg, 1,70m de altura, sexo masculino, sedentário, com histórico de quedas no último ano, diagnosticado há oito anos com HAS e DM. O paciente realiza o controle glicêmico e pressórico por meio de tratamento farmacológico, e foi encaminhado para iniciar um programa individualizado de TM.
ATIVIDADES
21. Descreva quais testes deverão compor a avaliação multifuncional do paciente do caso clínico apresentado.
Confira aqui a resposta
A avaliação multicomponente basicamente deverá englobar os seguintes testes: força e resistência muscular (por exemplo, 1RM), flexibilidade (por exemplo, teste de Apley), equilíbrio e coordenação (por exemplo, Berg, TUG, Tinetti); capacidade funcional (TC6, Shuttle Walk Test, SPPB).
Resposta correta.
A avaliação multicomponente basicamente deverá englobar os seguintes testes: força e resistência muscular (por exemplo, 1RM), flexibilidade (por exemplo, teste de Apley), equilíbrio e coordenação (por exemplo, Berg, TUG, Tinetti); capacidade funcional (TC6, Shuttle Walk Test, SPPB).
A avaliação multicomponente basicamente deverá englobar os seguintes testes: força e resistência muscular (por exemplo, 1RM), flexibilidade (por exemplo, teste de Apley), equilíbrio e coordenação (por exemplo, Berg, TUG, Tinetti); capacidade funcional (TC6, Shuttle Walk Test, SPPB).
22. Prescreva um protocolo de TM para o paciente do caso clínico apresentado considerando os tipos de exercícios, a frequência, a duração e a intensidade de treinamento.
Confira aqui a resposta
Apesar de não existir um consenso para prescrição do TM, um protocolo de treinamento deve envolver três ou mais modalidades de treinamento que incluam exercícios de flexibilidade, de força, aeróbico, de resistência muscular, de coordenação motora, de equilíbrio e de agilidade.
Resposta correta.
Apesar de não existir um consenso para prescrição do TM, um protocolo de treinamento deve envolver três ou mais modalidades de treinamento que incluam exercícios de flexibilidade, de força, aeróbico, de resistência muscular, de coordenação motora, de equilíbrio e de agilidade.
Apesar de não existir um consenso para prescrição do TM, um protocolo de treinamento deve envolver três ou mais modalidades de treinamento que incluam exercícios de flexibilidade, de força, aeróbico, de resistência muscular, de coordenação motora, de equilíbrio e de agilidade.
Conclusão
O TM é uma modalidade de treinamento não convencional, de alta viabilidade, que pode ser implementada na prática clínica do fisioterapeuta, para a reabilitação de pacientes com doenças e fatores de risco cardiovasculares.
Embora não exista um consenso relacionado à sua prescrição, este capítulo fornece base para os profissionais da saúde que trabalham com exercício físico, para a prescrição e a elaboração de um protocolo seguro e eficaz. Além disso, o TM pode ser realizado de forma complementar aos treinamentos convencionais comumente utilizados na reabilitação cardiovascular, utilizando equipamentos simples e de baixo custo.
Atividades: Respostas
Comentário: O TM é caracterizado pela associação de três ou mais modalidades de treinamento que envolvam exercícios de flexibilidade, de força, aeróbicos, de resistência muscular, de coordenação motora, de equilíbrio e/ou de agilidade.
Comentário: Uma fratura recente nos últimos três meses, bem como infecções que afetam o estado geral de uma pessoa são consideradas contraindicações relativas, levando em conta o componente de treinamento de força.
Comentário: Se algum sintoma adverso aparecer durante o exercício, como dor muscular ou articular, falta de ar, dor torácica, o treinamento deve ser interrompido. Os eventos adversos são minimizados quando os programas são iniciados com baixas intensidades e progressões lentas.
Comentário: Para ser eficaz, o programa do treinamento de resistência deve ser seguido por 12 semanas. Após esse tempo, os testes funcionais devem ser repetidos para avaliar a evolução.
Comentário: A força muscular é a capacidade de um determinado músculo de gerar tensão, sendo avaliada a ação de um conjunto de músculos por meio de equipamentos de dinamometria (isocinética ou isométrica) e por teste de uma repetição máxima (ou maior número, como teste de 5RM, 10RM etc.) ou de repetições máximas possíveis em uma série, sendo possível estimar a correspondência aproximada da carga máxima, por tabelas específicas para esse fim.
Comentário: Testes clássicos e mais funcionais da flexibilidade podem ser aplicados para avaliação física de flexibilidade, como o teste de Apley (alcançar as costas com a mão), o teste de alcançar com membro superior (sentar em uma cadeira e elevar o braço) e o teste de alcançar com membro inferior (sentar em uma cadeira e alcançar os pés com os joelhos esticados).
Comentário: A flexibilidade pode ser avaliada por diversas formas, sendo um componente importante na avaliação e na estruturação de um programa de TM. A avaliação deve envolver grupos musculares importantes nas atividades funcionais. Das diferentes metodologias de avaliação, a análise direta da medida do ângulo articular com instrumentos clássicos, como os goniômetros, é uma das formas.
Comentário: O teste de Tinetti é muito utilizado para avaliar o equilíbrio e os aspectos da marcha, como velocidade, simetria do passo, distância, equilíbrio em pé, capacidade de girar e de fazer mudanças com os olhos fechados.
Comentário: No teste TUG, o avaliado é instruído a ficar em pé e caminhar rapidamente por três metros, virando-se e retornando para a cadeira. Ao sentar, deve-se encostar completamente o tronco na cadeira, como na posição inicial, sendo o tempo cronometrado para realizar essa atividade.
Comentário: O TC6 foi inicialmente adaptado do teste de corrida de 12 minutos (teste de Cooper) para avaliar indivíduos saudáveis, sendo posteriormente ajustado para ser aplicado em doentes, como uma alternativa para avaliar a capacidade física principalmente de cardiopatas e pneumopatas.
Comentário: A SPPB combina informações do teste de equilíbrio estático em pé, de velocidade de marcha em passada habitual e de força muscular estimada de membros inferiores, medida indiretamente por meio do movimento de sentar e levantar da cadeira. A informação obtida nesses três parâmetros de capacidade permite determinar o desempenho global e dos membros inferiores. A pontuação máxima em cada domínio é de 4 pontos. Dessa forma, a pontuação máxima total do SPPB é de 12 pontos. Dependendo da classificação obtida, as pessoas podem ser identificadas com limitação grave (0-4 pontos), limitação moderada (5-6 pontos), limitação leve (7-9 pontos) e limitação mínima (10-12 pontos).
Comentário: O SWT tem característica incremental, com velocidade controlada e incrementada por sinais sonoros, sendo o ritmo modificado a cada minuto.
Comentário: A promoção da prática de atividade física em indivíduos idosos deve enfatizar o exercício aeróbico de intensidade moderada e os exercícios de fortalecimento, reduzindo o comportamento sedentário e riscos de saúde. Alguns estudos reportaram que o TM baseado na combinação de exercícios aeróbicos e de resistência pode minimizar os efeitos fisiológicos de um estilo de vida sedentário, reduzindo o desenvolvimento e a progressão de doenças crônicas e condições incapacitantes.
Comentário: Uma revisão sistemática demonstrou que o TM tem impacto positivo sobre aptidão cardiorrespiratória, perfil lipídico, composição corporal, capacidade corporal — ou seja, força muscular, equilíbrio e habilidades de marcha, flexibilidade e capacidade ao exercício físico. Além disso, contribui para redução do risco de quedas, melhora da função cognitiva e qualidade de vida em idosos com idade ≥65 anos.
Comentário: Evidências científicas mostraram que mudanças no estilo de vida são essenciais para o tratamento da dislipidemia e que o TM é eficaz na melhora do perfil lipídico, com aumento do HDL-c, que é a lipoproteína de alta densidade (protetora do sistema cardiovascular por impedir a formação de placas de gordura nas artérias) e redução dos triglicerídeos.
Comentário: Como o TM incorpora exercícios de força, resistência, flexibilidade e equilíbrio, pode ser apresentado como uma estratégia capaz de melhorar as diversas capacidades físicas.
Comentário: A HAS é considerada um fator de risco para evento cardiovascular (acidente vascular encefálico e infarto agudo do miocárdio), bem como para a mortalidade em geral. O DM é um dos fatores de risco associados a essa doença.
Comentário: O uso de faixas elásticas para o treinamento de resistência pode promover adaptações morfofuncionais similares aos exercícios realizados em máquinas de peso. Contudo, são importantes a atenção e o cuidado dos profissionais da saúde (fisioterapeutas e profissionais de educação física) na prescrição do TM, para evitar quedas e possíveis lesões.
Comentário: Está bem estabelecido na literatura que a prática regular de exercícios físicos é capaz de promover estabilização ou mesmo regressão do processo de aterosclerose das artérias coronarianas, sendo considerado um dos componentes do tratamento não farmacológico na doença, capaz de reduzir significativamente a mortalidade.
Comentário: Como objetivo do tratamento da doença arterial coronariana, preconiza-se a melhora dos fatores de risco cardiovascular do paciente, tanto como tratamento primário quanto preventivo em relação à um evento cardíaco futuro. Com isso, a inserção do TM no protocolo de reabilitação cardiovascular tem eficácia comprovada no que diz respeito ao controle lipídico, à redução de peso, ao controle glicêmico e da pressão arterial, sendo esses componentes fundamentais na reabilitação do paciente coronariopata.
RESPOSTA: A avaliação multicomponente basicamente deverá englobar os seguintes testes: força e resistência muscular (por exemplo, 1RM), flexibilidade (por exemplo, teste de Apley), equilíbrio e coordenação (por exemplo, Berg, TUG, Tinetti); capacidade funcional (TC6, Shuttle Walk Test, SPPB).
RESPOSTA: Apesar de não existir um consenso para prescrição do TM, um protocolo de treinamento deve envolver três ou mais modalidades de treinamento que incluam exercícios de flexibilidade, de força, aeróbico, de resistência muscular, de coordenação motora, de equilíbrio e de agilidade.
Referências
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Abreu RM, Simões RP, Silva CD, Almeida LR, Neves VR. Treinamento multicomponente aplicado à fisioterapia cardiovascular. In: Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva; Martins JA, Karsten M, Dal Corso S, organizadores. PROFISIO Programa de Atualização em Fisioterapia Cardiovascular e Respiratória: Ciclo 8. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2021. p. 37–83. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 1). https://doi.org/10.5935/978-65-5848-393-9.C0004