- Introdução
A insuficiência cardíaca (ICinsuficiência cardíaca) é uma síndrome clínica complexa, com diversos sinais e sintomas, sendo a intolerância aos esforços, a fadiga muscular e a dispneia os mais característicos.1,2
Qualquer desordem cardíaca, estrutural ou funcional, que leve ao comprometimento da capacidade do ventrículo de receber ou ejetar sangue resulta em redução de suprimento sanguíneo para os tecidos frente às demandas metabólicas; por isso, a ICinsuficiência cardíaca é a via final comum de diversas patologias cardiovasculares. Atualmente, é a única doença cardiovascular com incidência e prevalência crescentes, com a previsão, nos próximos anos, de ocorrer em níveis epidêmicos em todo o mundo.3
Nos últimos 20 anos, a definição de “falha de bomba”, atribuída à ICinsuficiência cardíaca, foi substituída pelo conceito de doença sistêmica de origem inflamatória e neuro-hormonal, em que a redução da capacidade funcional está relacionada não somente à diminuição do desempenho do coração, mas também a disfunções periféricas.4,5
Na ICinsuficiência cardíaca, o músculo cardíaco sofre alteração em sua forma e em seu tamanho e torna-se aumentado em função dos diversos processos compensatórios que o organismo utiliza visando manter o débito cardíaco (DCdébito cardíaco) adequado e a perfusão tecidual.3–6
No ambiente hospitalar, o mais comum é a presença de pacientes com ICinsuficiência cardíaca aguda, ou seja, que apresentam disfunção miocárdica aguda, comumente decorrente de infarto agudo do miocárdio (IAMinfarto agudo do miocárdio).1,5 A ICinsuficiência cardíaca aguda é a principal causa de internações hospitalares em indivíduos acima de 65 anos, e a que acarreta maior custo entre as doenças cardiovasculares nos países ocidentais.
Cerca de 8 a 20% da população internada por ICinsuficiência cardíaca aguda vem a óbito em torno de 60 dias após a admissão na sala de emergência, e as re-hospitalizações têm prevalência >50% nos pacientes após 1 ano de hospitalização. A mortalidade intra-hospitalar é de cerca de 6,7% e, após 1 ano da internação hospitalar, pode atingir 75 a 87% dos pacientes.1,3,6
- Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de:
- identificar os critérios para início de um programa de reabilitação precoce em pacientes com ICinsuficiência cardíaca Lhospitalizados por meio da reunião dos principais aspectos fisiopatológicos da doença para relembrar sinais e sintomas;
- reconhecer que a reabilitação precoce, em pacientes com ICinsuficiência cardíaca, é benéfica, porém tem fatores inerentes, como fadiga e dispneia, que limitam muito a realização de exercícios;
- reconhecer que o ambiente hospitalar faz com que o uso de determinados medicamentos e dispositivos de auxílio circulatório são limitações para o início da reabilitação precoce em pacientes com ICinsuficiência cardíaca;
- revisar o uso de métodos não convencionais para o treino de atividades funcionais, como o uso da estimulação elétrica funcional (do inglês, functional electrical stimulation [FESestimulação elétrica funcional]) associada à fisioterapia motora, bem como o uso da ventilação não invasiva (VNIventilação não invasiva) associada a exercícios ativos;
- identificar a importância da monitoração constante dos sinais vitais dos pacientes antes, durante e após a realização dos exercícios;
- discutir com a equipe multiprofissional a fim de estabelecer, além das indicações e contraindicações, os critérios de interrupção ou progressão da tarefa proposta.
- Esquema conceitual