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FISIOTERAPIA VESTIBULAR

Autor: André Luis dos Santos Silva
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Introdução

Existem dois tipos de tontura:1

 

  • a rotatória ou vertigem, quando o paciente relata que o ambiente ao seu redor gira;
  • a não rotatória, na qual prevalece a instabilidade postural, mas com o ambiente imóvel.

Cerca de 10% da população mundial se queixa de tontura e 40% das pessoas acima dos 40 anos poderão experimentar queixas equivalentes. Nos Estados Unidos, a prevalência de disfunção vestibular na população com idade de 40 anos ou mais é de 35,4%, o equivalente a 69 milhões de americanos, e tende a aumentar com a idade ou nos pacientes com histórico de perda auditiva ou diabetes. A recuperação espontânea ocorre em 17% dos casos. Um programa multidisciplinar e interdisciplinar de tratamento pode alcançar 90% de recuperação.2,3,4

Herdman1 relatou que pessoas com vestibulopatia têm oito vezes mais chances de sofrer queda. A maior causa de tontura é o uso de medicamentos. Os transtornos do equilíbrio são encontrados em aproximadamente 9% da população de 65 anos ou mais. As fraturas de quadril são consideradas a principal causa de morte e incapacidade em indivíduos idosos. Muitas dessas fraturas do quadril são relacionadas às disfunções do equilíbrio.

Há quase 80 anos, tratava-se tontura de origem vestibular com secção cirúrgica bilateral do nervo vestibulococlear, que se traduzia em consequências funcionais terríveis para o equilíbrio, além de perda auditiva. Atualmente, a utilização de medicação supressora da atividade vestibular, a fisioterapia vestibular (FVfisioterapia vestibular) e os raríssimos casos de cirurgia do labirinto são preconizados. Popularmente, o termo “labirintite” se transformou em um rótulo que representa um conjunto de doenças com aproximadamente 300 tipos e 2.000 causas, de origem periférica ou central.1,5

O avanço no conhecimento e o aumento da massa crítica e produção científica nessa área de atuação ocorreu de forma intensa da metade do século XX em diante. As neurociências contribuíram para o aprimoramento das técnicas de avaliação, diagnóstico e intervenção em otoneurologia e FVfisioterapia vestibular. Aliado a isso, destaca-se o desenvolvimento da tecnologia biomédica, que permitiu a utilização de modernos equipamentos capazes de reproduzir e registrar sinais fisiológicos e neurobiológicos vestibulares.

A capacidade de captar sinais oculares e vestíbulo-oculares, a fim de compreender e analisar os principais reflexos relacionados ao sistema vestibular e do equilíbrio, confere incomparável conquista histórica no potencial diagnóstico e terapêutico relacionado às síndromes vestibulares.1,3

Quando a informação vinda de uma ou ambas orelhas internas é reduzida, ou ausente, o cérebro torna-se mais dependente de outros estímulos sensoriais, como o visual e o somatossensorial. A perda dos sinais labirínticos ou vestibulares pode resultar em uma constelação de sinais e sintomas, como instabilidade postural, tontura, vertigem, náusea, visão turva e sensibilidade ao movimento, que acarretam desconforto e incapacidade marcantes. A etiologia da disfunção vestibular é variada e pode ser encontrada em diversas práticas profissionais, tais como otoneurologia, geriatria, neurologia, ortopedia, esportiva e psiquiatria.6,7

A introdução dos exercícios como modalidade terapêutica foi idealizada na década de 1940, pelo fisioterapeuta F. S. Cooksey e pelo otorrinolaringologista Theodor Cawthorne. Empiricamente, eles observaram que a recuperação funcional dos pacientes mais ativos no período pós-operatório labiríntico era superior à dos que ficavam restritos no leito. A partir daí, os pesquisadores instituíram um protocolo de exercícios funcionais, que leva os seus sobrenomes, para esse fim.

Corroborando essa hipótese inicial, estudos clínicos e controlados subsequentes confirmaram a efetividade e a eficácia dessa área de atuação. Mundialmente, fisioterapeutas vestibulares treinados aplicam suas técnicas com sólida formação baseada em competência e evidência. A FVfisioterapia vestibular tem demonstrado excelentes resultados no tratamento de pacientes com tontura e/ou desequilíbrio como consequência de uma vestibulopatia conhecida.1,3,8

Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, espera-se que o leitor seja capaz de:

 

  • compreender a anatomia e a fisiologia do sistema vestibular e seu papel no controle postural (CPcontrole postural);
  • conhecer os elementos conceituais de tontura e seus principais tipos;
  • entender os mecanismos de compensação vestibular frente à disfunção;
  • esmerar-se sobre os recursos cinético-funcionais para avaliação do paciente com síndrome vestibular;
  • identificar e estabelecer com precisão o diagnóstico fisioterapêutico vestibular;
  • indicar e executar, com critérios de segurança, o tratamento efetivo para o paciente com hipofunção vestibular uni ou bilateral;
  • abordar, com critérios de segurança, o tratamento efetivo para o paciente com vertigem posicional paroxística benigna (VPPBvertigem posicional paroxística benigna);
  • direcionar e conduzir a FVfisioterapia vestibular para pacientes com disfunções crônicas do equilíbrio e CPcontrole postural de origem multissistêmica.

Esquema conceitual

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