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INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS EM IDOSOS

Autores: Luis Felipe Moraes Falavigna, Luiz Jorge Moreira Neto
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  • Introdução

Uma vez que a população idosa se apresenta mais saudável, além de ter maior longevidade, recentemente há um foco no reconhecimento de sua atividade sexual e, em consequência, o potencial para um aumento no diagnóstico de infecções sexualmente transmissíveis (ISTinfecção sexualmente transmissívels).1

O termo ISTinfecção sexualmente transmissívels, antes denominado doenças sexualmente transmissíveis (DSTdoença sexualmente transmissívels), inclui uma série de síndromes clínicas que podem ser adquiridas e transmitidas pela atividade sexual e causadas por diversos tipos de patógenos: bactérias, fungos, vírus e parasitas.2,3

A detecção e o tratamento precoces reduzem a disseminação da infecção e podem evitar ou retardar o impacto na qualidade de vida, nas relações pessoais, familiares e sociais, e as complicações clínicas graves.2,3

Mais de um milhão de pessoas por dia adquire uma ISTinfecção sexualmente transmissível potencialmente curável.4 Dados dos EUA indicam que as ISTinfecção sexualmente transmissívels em indivíduos de 65 anos ou mais correspondem a menos de 1% da população. No entanto, entre 2010 e 2014, houve aumento de 52% nas infecções por clamídia, 75% por gonococo e 64% por sífilis.5

Cerca de 21% dos diagnósticos de portadores de vírus da imunodeficiência humana (em inglês, human immunodeficiency virus [HIVvírus da imunodeficiência humana]) e 27% de síndrome da imunodeficiência adquirida (em inglês, acquired immunodeficiency syndrome [aidssíndrome da imunodeficiência adquirida]) ocorreram em indivíduos de 50 anos ou mais, nem todos sexualmente transmitidos.6

No Brasil, a prevalência de ISTinfecção sexualmente transmissível bacteriana é de 14,4% e de ISTinfecção sexualmente transmissível viral é de 41,9% naqueles procurando atendimento em clínicas de ISTinfecção sexualmente transmissível.7 As infecções, quando sintomáticas, em geral se apresentam sob a forma de síndromes: úlcera genital, corrimento uretral, corrimento vaginal e doença inflamatória pélvica (DIPdoença inflamatória pélvica).2,3

Uma série de fatores foi postulada para o comportamento sexual de maior risco e o aumento da incidência de ISTinfecção sexualmente transmissívels em idosos, incluindo:1,8

 

  • maior número de parceiros devido a uma vida mais longa;
  • melhor controle das morbidades, o que resulta em maior longevidade;
  • maiores taxas de divórcio;
  • pouco conhecimento sobre a sexualidade e a atividade sexual na terceira idade pelos profissionais de saúde, com consequente falta de comunicação sobre saúde sexual e risco para infecções;
  • omissão de programas de prevenção e promoção da saúde das ISTinfecção sexualmente transmissívels;
  • diminuição do uso de preservativos e menores taxas de testes diagnósticos;
  • introdução e uso extensivo de medicamentos para disfunção erétil;
  • aumento e facilidade de viagens ao exterior para países com acesso fácil às indústrias do sexo.

O tratamento das ISTinfecção sexualmente transmissívels deve ser idealmente eficaz, seguro, de fácil posologia e via de administração, que facilite a adesão, devendo ser estendido às parcerias sexuais em busca de maior impacto da estratégia. Devem-se considerar medicamentos de baixo custo e disponíveis de forma ampla.3

O uso do preservativo segue como um dos principais modos de prevenção, mas outras intervenções são comprovadamente eficazes e precisam ser incorporadas à proposta de prevenção combinada.3

Em estudos, idosas relatam consistentemente que as relações sexuais são importantes para sua qualidade de vida, porém se notou relutância dos profissionais de saúde e dos serviços de cuidados a idosos em reconhecer essas necessidades e agir de maneira apropriada na prevenção e no rastreio de ISTinfecção sexualmente transmissívels.1

Este capítulo busca ressaltar a importância da abordagem preventiva e diagnóstica e do tratamento das ISTinfecção sexualmente transmissívels. Para fins didáticos, e devido à relevância e ao impacto dessas doenças, serão apresentados inicialmente a abordagem da história sexual do idoso, o rastreio e a prevenção de ISTinfecção sexualmente transmissívels, seguidos pela sífilis e pela infecção pelo HIVvírus da imunodeficiência humana. Por fim, serão abordadas as síndromes resultantes de ISTinfecção sexualmente transmissívels.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • descrever a abordagem da história sexual do idoso;
  • identificar quais idosos devem receber rastreio de ISTinfecção sexualmente transmissívels;
  • considerar os métodos de prevenção de ISTinfecção sexualmente transmissívels;
  • analisar a epidemiologia, o quadro clínico e o diagnóstico das principais ISTinfecção sexualmente transmissívels;
  • reconhecer os efeitos colaterais das medicações implicadas no tratamento das ISTinfecção sexualmente transmissívels.
  • Esquema conceitual
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