Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer e classificar a paralisia cerebral (PC);
- reconhecer os princípios terapêuticos do método de tarefas orientadas;
- identificar as fases necessárias para a aplicação clínica de tarefas orientadas;
- aplicar o método de tarefas orientadas nos mais diversos objetivos terapêuticos;
- explorar o ambiente e as tarefas de acordo com o objetivo terapêutico;
- realizar as progressões utilizando princípios da aprendizagem motora aliados ao método de tarefas orientadas;
- identificar os níveis de evidência e as recomendações disponíveis na literatura para o método de tarefas orientadas;
- reconhecer as estratégias fisioterapêuticas que utilizam o método de tarefas orientadas e aprimorar sua prática clínica adaptando-a para todos os tipos de PC.
Esquema conceitual
Introdução
Originalmente, PC é um termo abrangente para encefalopatias crônicas não progressivas que ocorrem em razão de lesões no cérebro em desenvolvimento.1,2 O termo, por si só, é semanticamente polêmico, pois indica uma perda completa da função no cérebro, o que, na realidade, não acontece. Por esses motivos, a definição e a classificação apropriadas da PC vêm sendo discutidas mundialmente por décadas.3,4
Apenas em abril de 2005, um comitê formado por especialistas clínicos, pesquisadores e pais de crianças com PC se uniram em uma força-tarefa para estabelecer termos de definição e classificação mais homogêneos que possibilitassem uma comunicação mundial eficaz sobre a condição.5 Em 2007, o periódico Developmental Medicine and Child Neurology (DMCN) publicou um suplemento inteiro baseado no relatório da reunião de 2005, ilustrando as dificuldades de definição, classificação e diagnóstico precoce da PC.6
A definição atual da PC, baseada no esforço dessa força-tarefa, a conceitua como:
um grupo de desordens permanentes do desenvolvimento do movimento e da postura atribuído a um distúrbio não progressivo que ocorre durante o desenvolvimento do cérebro fetal ou infantil, podendo contribuir para limitações no perfil de funcionalidade geral do indivíduo.
O distúrbio motor na PC pode ser acompanhado por distúrbios sensoriais, perceptivos, cognitivos, de comunicação e comportamental, por epilepsia e problemas musculoesqueléticos secundários.6 Neste capítulo, será apresentado o método terapêutico baseado em tarefas orientadas (task-oriented) em crianças com PC, com abordagem dos princípios teóricos e das aplicações clínicas, bem como de algumas divergências conceituais da terapia com tarefas orientadas.