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MIELOMA MÚLTIPLO

Autores: Ana Carolina Bromenschenkel Vasconcelos, Thomaz de Figueiredo Braga Colares
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • explicar a epidemiologia do mieloma múltiplo;
  • elencar as apresentações clínicas do mieloma múltiplo;
  • verificar a aplicabilidade de exames diagnósticos em mieloma múltiplo;
  • resumir as possibilidades de tratamento para mieloma múltiplo a partir das necessidades individuais dos idosos.

Esquema conceitual

Introdução

O mieloma múltiplo (MM) é uma neoplasia maligna causada pela proliferação clonal de plasmócitos na medula óssea, que produzem e secretam de forma desproporcional imunoglobulinas anômalas e, consequentemente, elevam a concentração desses anticorpos, o que está associado a diversas disfunções orgânicas.1–3 O MM representa aproximadamente 1% de todas as neoplasias, sendo a segunda doença hematológica maligna mais frequente. Destaca-se que essa patologia predomina no sexo masculino e na população negra.4–6

A idade média dos pacientes no momento do diagnóstico de MM é de cerca de 65 anos. Dessa maneira, o MM é uma neoplasia típica da pessoa idosa, tendo a maioria dos pacientes diagnóstico tardio e, como consequência, doença em fase avançada. Vale ressaltar que o Brasil, assim como o mundo, está passando por um processo de transição epidemiológica caracterizado pelo aumento da população idosa, o que ocasiona o aumento do número de casos dessa patologia.7–9

O quadro clínico e laboratorial do MM resulta da proliferação celular tumoral nos órgãos, do aumento na produção de imunoglobulinas e da diminuição das demais células sanguíneas pela medula óssea, bem como de redução da resposta imunológica humoral e de lesão glomerular.10 As manifestações clínicas mais prevalentes são dor óssea com lesões osteolíticas, anemia, insuficiência renal, hipercalcemia e infecções recorrentes. O diagnóstico é frequentemente suspeito na presença de uma ou mais dessas apresentações clínicas e pela detecção de uma proteína monoclonal na urina ou no soro.2,5,6

O diagnóstico de MM requer infiltração medular por plasmócitos clonais e a existência de lesões no órgão-alvo. Ademais, a avaliação e o diagnóstico precoce do paciente com suspeita de MM determinam impacto positivo no curso da doença.2–4,6,11 A etiologia do MM permanece desconhecida, possivelmente resultando de interação genética e ambiental.1–4,6,11

Observa-se, em significativa porcentagem de casos, que a gamopatia monoclonal de significado indeterminado (GMSI ou MGUS) é a injúria precursora pré-maligna de MM. A MGUS tem sua prevalência aumentada com a idade e pode evoluir para MM na frequência de 1% ao ano. Os indivíduos que apresentam MGUS geralmente são assintomáticos e, junto a outras gamopatias monoclonais, integram o diagnóstico diferencial de MM.1–4,6,11

É importante distinguir o MM de outras gamopatias monoclonais e patologias com manifestações clínicas semelhantes para fins de prognóstico e de tratamento.1–4,6,11 A identificação de fatores prognósticos permite a melhor avaliação da sobrevida em cada estágio. Por conseguinte, a taxa de sobrevida dos pacientes pode variar de alguns meses a vários anos dependendo da precocidade do diagnóstico e do tratamento adequado.

Não obstante, o MM ainda é uma doença incurável, e o objetivo principal do tratamento consiste em aumentar a sobrevida mantendo a qualidade de vida dos afetados. Nesse sentido, verificou-se, nos últimos anos, a introdução de novos agentes terapêuticos, como drogas imunomoduladoras e o inibidor de proteassoma, que alteraram a história natural da doença e o cenário de tratamento do MM, melhorando as taxas de sobrevida.1,3,6

O sucesso do tratamento depende do diagnóstico precoce da doença, além de abordagem terapêutica individualizada e centrada na pessoa, considerando elementos que não somente a idade cronológica.1,3,6 Dessa maneira, conhecer o MM, identificar os sinais e os sintomas, assim como as estratégias importantes na investigação e na condução do tratamento, tornam-se cada vez mais relevantes na prática clínica de profissionais de saúde envolvidos no cuidado integral de idosos.

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