- Introdução
A sepse é uma síndrome clínica decorrente de uma resposta inflamatória desregulada do organismo a uma infecção. A doença acomete uma população heterogênea e apresenta fisiopatologia complexa e apresentação clínica variada e inespecífica. Abrange um espectro clínico de gravidade e é uma condição potencialmente fatal. Representa um problema de saúde pública mundial, uma vez que a doença é bastante prevalente tanto em adultos quanto em crianças, com elevada morbidade e mortalidade.1–4
Vários estudos já demonstraram um aumento na prevalência da sepse na faixa etária pediátrica, principalmente associada à maior sobrevida de populações de risco, sobretudo recém-nascidos prematuros (RNPrecém-nascido prematuros) e de muito baixo peso (RNMBP) e de crianças com doenças de base, especificamente, escolares e adolescentes com doenças oncológicas.2–4
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), pneumonia grave, diarreia grave e malária grave foram responsáveis pelo óbito de mais de 4,5 milhões de crianças menores de 5 anos de idade no ano de 2013.5
Por ser a via final comum de doenças infecciosas, a sepse representa uma das principais causas de óbito em crianças no mundo. O problema parece ser mais grave em países em desenvolvimento, nos quais a baixa taxa de cobertura vacinal e as precárias condições sanitárias estão associadas à maior incidência e mortalidade por doenças infecciosas.
A elevada mortalidade devido à sepse ainda hoje observada está associada ao atraso no diagnóstico e tratamento, na admissão hospitalar e unidade de terapia intensiva pediátrica (UTIPunidade de terapia intensiva pediátrica) e à baixa adesão às diretrizes de tratamento propostas.6–11
Os estudos demonstram que, mesmo em países desenvolvidos, boa parte dos óbitos por sepse em crianças ocorre na fase precoce da doença. Esta mortalidade, em geral, é decorrente de choque refratário em crianças jovens e previamente sadias.12 Logo, o diagnóstico e o tratamento precoces da sepse pediátrica ainda são um desafio. No presente artigo, são discutidos os objetivos e os desafios atuais no tratamento do choque séptico (CSchoque séptico ) pediátrico.
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de:
- diagnosticar precocemente a criança com sepse, para início imediato do tratamento, com ênfase na primeira hora;
- prescrever a ressuscitação fluídica em crianças com sepse;
- identificar o perfil hemodinâmico da criança séptica para uso da amina vasoativa adequada;
- identificar as crianças com CSchoque séptico resistente a catecolaminas, para prescrição do medicamento adequado;
- explicar a importância dos protocolos de tratamento de sepse pediátrica e de sua implementação.
- Esquema conceitual