- Introdução
A insuficiência cardíaca (ICinsuficiência cardíaca) é um grande problema de saúde pública que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Apesar dos recentes avanços no seu manejo, é ainda associada a elevadas taxas de morbidade e mortalidade e de hospitalização. Os mecanismos patogênicos da doença estão relacionados à etiologia da cardiomiopatia (CMP), mas outros agentes estão necessariamente envolvidos na gênese e progressão dessa patologia.
Muitos fatores neuro-hormonais,1 como catecolaminas, citocinas, fatores de crescimento, renina e angiotensina, estão implicados na patogênese da ICinsuficiência cardíaca2–5 por meio de uma variedade de mecanismos de transdução de sinais celulares, que auxiliaram sobremaneira o advento de novas substâncias para o tratamento dessa patologia, como betabloqueadores (BBbetabloqueador), inibidor da enzima conversora de angiotensina (IECAinibidores da enzima conversora da angiotensina) e antagonistas de aldosterona.
A terapêutica baseada em evidências é uma estratégia comprovadamente eficaz para redução de eventos cardiovasculares. As diretrizes de insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFERinsuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida) recomendam a otimização dos antagonistas neuro-hormonais até as doses máximas toleradas, como IECAinibidores da enzima conversora da angiotensina, BBbetabloqueador e antagonistas do receptor mineralocorticoide (ARMantagonistas do receptor mineralocorticoide). Contudo, na prática clínica, a maioria dos pacientes portadores de ICFERinsuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida não atinge as doses recomendadas nas diretrizes. Um recente registro na população dos EUA revelou que menos de 20% dos pacientes portadores de ICFERinsuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida recebiam as doses máximas preconizadas do bloqueio neuro-hormonal, a despeito de pressão arterial sistólica (PASpressão arterial sistólica) acima de 110mmHg.6
Desse modo, um dos principais motivos para a não utilização do tratamento em doses máximas está relacionado à inércia terapêutica, uma vez que a maioria dos pacientes não possui contraindicações para o tratamento e apresenta pressão arterial (PApressão arterial) satisfatória. Assim, o presente capítulo focará na situação de pacientes com ICFERinsuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida e PApressão arterial reduzida, os quais representam um desafio para a utilização das medicações nas doses máximas preconizadas.
- Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- revisar os princípios de tratamento da ICFERinsuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida;
- avaliar o prognóstico dos pacientes com ICFERinsuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida e hipotensão arterial;
- propor estratégias de manejo para pacientes portadores de ICFERinsuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida e hipotensão arterial.
- Esquema conceitual