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Processo decisório em enfermagem: dificuldades encontradas pelos gerentes

Autores: Simone Coelho Amestoy, Ises Adriana Reis dos Santos , Patrícia Alves Galhardo Varanda , Gilberto Tadeu Reis da Silva
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • analisar os conceitos teóricos que abarcam o processo decisório, os tipos de tomada de decisões, os modelos e as técnicas de tomada de decisões e sua abordagem na enfermagem;
  • considerar os preceitos teóricos de Peter Senge sobre aprendizagem organizacional para auxiliar os enfermeiros gerentes no processo decisório;
  • identificar as principais dificuldades encontradas pelos gerentes de enfermagem para tomar decisões;
  • refletir sobre as decisões e ações adotadas pelos enfermeiros na pandemia de covid-19.

Esquema conceitual

Introdução

O processo decisório integra a vida diária, desde pequenas escolhas, como a roupa a vestir, até decisões mais complexas, que podem gerar danos severos, como, por exemplo, uma ultrapassagem em local proibido. Parece simples, mas, para tomar decisões assertivas, é preciso analisar o contexto situacional, considerando a necessidade e a viabilidade da decisão escolhida, com vistas a resolver o problema e causar menos danos possíveis.

Cabe então pensar no que, de fato, representa o processo decisório no cenário turbulento que se vivencia atualmente, após a pandemia. As dificuldades experenciadas pelos gestores para tomar decisões podem ser reflexos de inúmeros fatores, alguns oriundos do meio interno, sofrendo influência da cultura, da autonomia e do apoio institucional, enquanto outros são externos às organizações, como as políticas públicas, o financiamento, a governabilidade, entre outros.

Voltando-se o olhar para a área da saúde, em especial para o trabalho dos enfermeiros, pode-se afirmar que os embates que, por vezes, acontecem com os membros das equipes multiprofissionais e de enfermagem, com pacientes e com familiares podem tornar a tomada de decisões uma tarefa penosa e exaustiva. Por esse motivo, facilitar o entendimento dos enfermeiros gerentes sobre o processo decisório pode ser um caminho viável para mitigar percalços durante a tomada de decisões.

O cenário contemporâneo tem sido caracterizado por sua dinamicidade e flexibilidade, recebendo influência de vários fatores, como tecnológicos, políticos, sociais, culturais, entre outros. Diante disso, cabe aos gestores estarem preparados para enfrentar as adversidades e tomarem decisões mais assertivas e resolutivas que possam atender às demandas da organização, além de fomentar a produtividade e o bem-estar dos colaboradores.

A relevância de discussões sobre a temática é imprescindível, ao passo que os serviços de saúde precisam que seus gestores optem por decisões mais assertivas, em um espaço de tempo limitado. Uma decisão abrange o processo de análise e escolha entre diversas alternativas, que determinarão o curso da ação a ser seguido pelo gerente.1 Além de ser uma escolha entre várias alternativas ou possibilidades, a decisão tem como escopo solucionar problemas ou contribuir para o aproveitamento de oportunidades.2

A tomada de decisões caracteriza-se como um processo cognitivo bastante complexo, que costuma ser definido como uma escolha seguindo uma linha específica de ação.3

Convém destacar que a qualidade na tomada de decisões feitas pelos gerentes representa um fator importante para o sucesso ou fracasso, de modo que decidir é o cerne do gerenciamento e uma das habilidades mais requeridas pelos líderes, haja vista que eles precisam avaliar a situação, a forma como a decisão deve ser tomada e os indivíduos que necessitam estar envolvidos no processo de decisão.3

O processo decisório define como são tomadas as decisões e quem são os responsáveis por tomá-las. As decisões podem ser centralizadas ou descentralizadas, isto é, concentradas no topo da hierarquia, restritas aos cargos mais elevados ou dispersas pela organização, oportunizando a participação de pessoas com níveis decisórios diferentes.1 Em geral, o caminho inicia-se com a identificação do problema, o diagnóstico da situação, a geração e a escolha de alternativas, finalizando com a avaliação da decisão.2

Além de tomar decisões, outra competência que o gestor precisa desenvolver é a capacidade de gerir pessoas, o que se caracteriza como uma área muito sensível à mentalidade e à cultura corporativa que predomina nas organizações. A gestão de pessoas possui características situacionais, desse modo, irá depender de vários aspectos, como:1

  • arquitetura organizacional;
  • cultura corporativa;
  • características do seu mercado;
  • negócio da organização;
  • tecnologia utilizada;
  • processos internos;
  • estilo de gestão.

O processo decisório e a necessidade de gerir pessoas são competências essenciais para os gestores. Todavia, podem existir alguns percalços que influenciam o processo de trabalho e, como consequência, o alcance dos objetivos organizacionais e a satisfação do trabalhador.

Na enfermagem, para tomar decisões mais assertivas, é necessário que o enfermeiro analise os problemas em sua complexidade, a partir de uma variedade de processos, os quais podem ser aprendidos pelos gestores e colocados em prática por meio de uma postura participativa, aberta a ouvir e dialogar, a fim de obter o máximo de informações, que servirão de respaldo para a escolha da decisão, a qual deve primar pelo menor custo-benefício, pelo maior número de vantagens e com mínimos riscos para todos os envolvidos.4

O planejamento do processo decisório também é essencial para a gestão de conflitos e negociações estabelecidas entre os indivíduos.4

Os gerentes de enfermagem podem encontrar dificuldades no processo decisório. Por esse motivo, este capítulo busca servir de subsídio teórico para os enfermeiros sobre a tomada de decisão e de que forma tais dificuldades podem ser mitigadas durante a prática profissional.

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