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RESPONSABILIDADE GERENCIAL NA PROMOÇÃO DO DESLIGAMENTO SAUDÁVEL DE TRABALHADORES DE ENFERMAGEM

Autores: Maria do Carmo Fernandez Lourenço Haddad, Desirée Ariane Modos Figueira, Raquel Gvozd, Paloma de Souza Cavalcante Pissinati, Lucas Marcelo Meira da Silva
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  • Introdução

O processo de envelhecer é inevitável e marca a trajetória de vida de qualquer indivíduo. Entretanto, o modo como será vivenciado e as suas repercussões se manifestam de forma singular para cada um e estão relacionadas às ansiedades decorrentes das possíveis mudanças nos hábitos adotados ao longo da trajetória pessoal e profissional.

O envelhecimento se tornou um fenômeno influenciado pela redução das taxas de natalidade e de mortalidade populacionais. Trata-se de um processo universal, que ocorre de forma gradativa, influenciado por fatores sociais, ambientais e psicológicos.1

O envelhecimento representa uma conquista positiva por promover a qualidade e a expectativa de vida, porém acarreta instabilidades relacionadas às garantias sociais e de saúde da população que se encontra nessa fase. Para muitos, possui conotação negativa, sobretudo por causa da improdutividade e da dependência financeira que algumas pessoas adquirem quando chegam a essa etapa da vida.2 Entretanto, essa visão exclui a amplitude de características que envolvem o envelhecimento, que será vivenciado de acordo com a subjetividade e as experiências de cada ser humano.

O envelhecimento é um processo multifacetado que apresenta relações com o contexto histórico, econômico e cultural de uma sociedade e, muitas vezes, coincide com a fase de aposentadoria, caracterizada pelo afastamento de funções relevantes para a sociedade.3

A aposentadoria representa um marco na vida do indivíduo, momento no qual ele deixa de exercer o papel de trabalhador para assumir a posição de aposentado. Essa mudança traz impacto tanto para aquele que se aposenta quanto para a empresa à qual ele estava vinculado.4

O indivíduo, ao se aponsentar, desliga-se de atividades que definiram sua vida pessoal e profissional durante anos. Com isso, sente que seus significados foram alterados. Assim, a aposentadoria, que poderia ser vivenciada como um descanso após anos de dedicação laboral, pode se tornar uma experiência negativa e ocasionar desequilíbrios emocionais e psicológicos.5–7

As atitudes dos trabalhadores frente à aposentadoria, por serem pouco exploradas, não são totalmente compreendidas e podem se tornar instáveis. Portanto, conhecer as percepções relacionadas a essa fase de vida contribui para a compreensão das especificidades desse grupo populacional.5,6

Parte dos trabalhadores que progride para o fim da idade produtiva e o início da fase de pré-aposentadoria apresenta insegurança, ansiedade e medo de lidar com essa nova situação. Independentemente da faixa etária, o desligamento do trabalho pode provocar sentimentos de incapacidade, reflexo do afastamento de atividades que conferiam reconhecimento ao indivíduo diante do meio social.3,5

Contudo, para algumas pessoas, a aposentadoria significa a liberação de atividades rotineiras e desgastantes, um período caracterizado pelo repouso. Esses indivíduos desejam se desvincular do trabalho e consideram a aposentadoria uma oportunidade para realizar projetos até então inviáveis por causa do tempo dedicado às atividades laborais.5,8

Os indivíduos, ao se aproximarem da aposentadoria, apresentam sentimentos ambivalentes, os quais dependem, principalmente, de suas experiências profissionais e pessoais. Durante essa fase, caracterizada por uma série de incertezas, os trabalhadores reconhecem diferentes vantagens e desvantagens decorrentes do desligamento laboral.5

A suspensão da responsabilidade do trabalho, o fato de não trabalhar mais sob pressão, a autonomia para gerenciar as próprias atividades diárias e a disponibilidade de tempo para a família, os amigos e os filhos constituem consideráveis ganhos da aposentadoria, ao passo que as perdas incluem aspectos financeiros, o status inerente ao cargo, deixar de tomar decisões, não exercer mais a liderança.5

O diagnóstico dos ganhos e das perdas percebidas por trabalhadores representa uma importante ferramenta gerencial para subsidiar programas de preparação para a aposentadoria. Dessa forma, é possível planejar ações que incentivem a valorização dos aspectos positivos do desligamento laboral, bem como alternativas para o enfrentamento das possíveis adversidades decorrentes desse processo.

Para que o indivíduo usufrua da sua aposentadoria de maneira satisfatória, faz-se necessário refletir sobre a relação que o homem desenvolveu com o trabalho ao longo dos anos, o processo de envelhecimento e suas repercussões para o trabalhador, a diversidade de sentimentos experimentados durante a fase que antecede a aposentadoria, bem como as mudanças de comportamento apresentadas pelos indivíduos que caminham para a concretização do desligamento laboral.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 

  • reconhecer como o processo de envelhecimento influencia a tomada de decisão do trabalhador de enfermagem para concretizar o desligamento laboral;
  • identificar os comportamentos que favorecem ou dificultam a adaptação do trabalhador à fase de aposentadoria;
  • identificar as vantagens e as desvantagens que os trabalhadores de enfermagem podem perceber ao se aproximarem da aposentadoria;
  • avaliar a responsabilidade gerencial dos enfermeiros na promoção de um desligamento saudável de trabalhadores de enfermagem.
  • Esquema conceitual
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