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SEGURANÇA DO PACIENTE EM TERAPIA INTENSIVA

Autores: Ciro Leite Mendes, Paulo César Gottardo
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Introdução

O cenário nas unidades de terapia intensiva (UTI) é um ambiente naturalmente propício a falhas e, em consequência, potencialmente inseguro ao paciente. Esse ambiente envolve um número expressivo de profissionais de saúde de diferentes especialidades, alternando-se de forma frenética no cuidado a pacientes graves e complexos, cujas condições exigem inúmeras tomadas de decisão e incontáveis intervenções, que precisam, na maioria das vezes, ser implantadas de forma rápida e inadiável.

Não é por acaso que tem havido um crescente interesse, por parte dos intensivistas e dos gestores das UTI, nos últimos anos, em pesquisar, estudar, desenvolver e implantar técnicas e metodologias que aumentem a segurança do paciente que precisa ser internado em uma UTI.

Para se garantir o estabelecimento de uma cultura de segurança, deve-se inicialmente compreender que a abordagem personalizada dos erros não contribui para sua repetição. Faz-se necessária uma abordagem que contextualize esses eventos e que busque um exame integral e detalhado de toda a cadeia de acontecimentos e dos fatores que proporcionam a sua ocorrência.

Assim, foram desenvolvidas várias estratégias combinando diferentes técnicas de intervenção, com o objetivo de criar uma cultura de segurança nas UTI, a qual terá comprovadamente um impacto positivo com relação a diversos fatores, principalmente na diminuição de ocorrências que venham a expor os pacientes a potenciais riscos.

Além da implementação dessas estratégias, é importante pensar na segurança da continuidade do cuidado, o que torna fundamental uma comunicação estruturada e eficaz. Para tanto, foram desenvolvidas iniciativas com o objetivo de principalmente aprimorar a comunicação interdisciplinar.

Outro ponto de grande importância é o estudo relacionado aos erros de diagnóstico que determinem um impacto negativo na evolução do paciente. Sabe-se que grande parte desses erros não é detectada nem relatada, e, para combater a sua incidência, faz-se necessário um aprimoramento da comunicação entre os diversos profissionais envolvidos no diagnóstico e no cuidado dos pacientes, bem como ressaltar a importância da participação do paciente e da família no aprimoramento do processo diagnóstico.

Além disso, é importante incentivar o desenvolvimento de ferramentas que possam monitorar o processo de diagnóstico e identificar, aprender e reduzir os erros. Outro fator que será tratado no presente capítulo, e que tem um papel importante na prevenção da ocorrência dos efeitos adversos graves em saúde, é a implementação dos sistemas de resposta rápida (SRR).

Os SRR são compostos pelos times de resposta rápida (TRR), cuja principal função é analisar as manifestações clínicas que possam antecipar a ocorrência de potenciais intercorrências e intervir de maneira precoce, realizando um atendimento sistemático e intensivo, o qual deverá obedecer a prazos e metas bem definidos.

Este capítulo procura abranger, da forma mais sintética e didática possível, os principais aspectos relacionados a essa nova ciência da segurança, bem como sua importância e aplicabilidade no campo da terapia intensiva.

Esse tema obviamente não se esgota apenas em um capítulo. O que se pretende é destacar a importância e a dimensão do problema, bem como apresentar, de forma resumida, as principais metodologias disponíveis para implantar, no âmbito das UTI, uma cultura de segurança com o consequente aumento na detecção e prevenção de erros e falhas evitáveis.

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • avaliar as consequências dos eventos adversos nos cuidados à saúde e no cenário das UTI;
  • utilizar a nomenclatura relacionada à segurança do paciente;
  • identificar a gênese de erros e falhas que podem ameaçar a segurança do paciente;
  • caracterizar as metodologias de avaliação e análise de risco e eventos;
  • discriminar as vantagens e desvantagens de cada metodologia;
  • conceituar cultura e clima de segurança;
  • revisar as principais ferramentas para promoção da cultura de segurança nas instituições;
  • promover a continuidade sistemática e a comunicação eficaz na transferência dos cuidados;
  • analisar as principais ferramentas para transferência de cuidados adequada e segura;
  • descrever a importância de evitar os erros diagnósticos;
  • identificar os mecanismos de geração de erros diagnósticos;
  • empregar métodos que visem mitigar erros diagnósticos;
  • familiarizar-se com os conceitos de SRR e TRR;
  • discutir as vantagens do uso de SRR e TRR;
  • implantar os SRR e TRR no cenário das UTI.

Esquema conceitual

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