■ Introdução
O exercício físico realizado de forma regular e em bases crônicas pode promover inúmeras alterações fisiológicas, sendo o sistema cardiovascular especialmente suscetível a tais modificações. O treinamento contínuo por meio de atividades de resistência (exercício aeróbico) pode induzir adaptações estruturais reversíveis no coração de atletas, principalmente os de alto desempenho e com grande volume de treinamento. As alterações mais comumente encontradas são espessamento da parede e aumento da massa ventricular e dilatação das cavidades atriais e ventriculares com manutenção da função sistólica e diastólica.
A distinção clínica entre síndrome do coração do atleta e hipertrofia patológica pode ser complicada. Em casos de respostas adaptativas exageradas, nas quais se observa remodelamento proeminente, pode ser difícil diferenciar a hipertrofia benigna do atleta de entidades patológicas como a miocardiopatia hipertrófica (MCHmiocardiopatia hipertrófica). Esse diagnóstico diferencial é de suma importância, pois pode trazer implicações, como restrição à prática esportiva e tratamento clínico e/ou cirúrgico individualizado.
Quando o diagnóstico não é determinado adequadamente, pode haver efeitos negativos para a saúde, sendo a morte súbita (MSmorte súbita) o pior desfecho. Por outro lado, restrições inadequadas e desnecessárias, as quais privam o atleta dos benefícios psicológicos, sociais e econômicos dos esportes, também podem ser muito prejudiciais.
■ Objetivos
Ao final do artigo, o leitor poderá:
- ■ reconhecer as alterações fisiológicas e morfológicas no sistema cardiovascular relacionadas ao treinamento desportivo;
- ■ diferenciar os processos adaptativos do miocárdio nas diferentes formas e modalidades de exercício;
- ■ identificar as alterações da síndrome do coração do atleta e da MCHmiocardiopatia hipertrófica por meio de anamnese, exame físico e exames complementares;
- ■ compreender as alterações eletrocardiográficas consideradas normais e patológicas em atletas avaliados;
- ■ reconhecer os atletas sob risco que devem ser referenciados para avaliação médica detalhada, assim como para exames de mais alta complexidade;
- ■ reconhecer aspectos clínicos, fisiopatológicos e da história natural da MCHmiocardiopatia hipertrófica;
- ■ distinguir os indivíduos com maior risco para MSmorte súbita dentre os portadores da MCHmiocardiopatia hipertrófica.
■ Esquema conceitual