Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer os principais sinais e sintomas da STC, seu tratamento e prognóstico, refinando o raciocínio clínico com relação à história natural da doença;
- identificar os fatores de risco ocupacionais específicos para a STC, desenvolvendo meios de vigilância, prevenção e reabilitação nos ambientes de trabalho;
- aprimorar o papel de gestor de saúde, adicionando indicadores para avaliar a eficácia de seu Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) em relação à STC.
Esquema conceitual
Introdução
A síndrome do túnel do carpo (STC) é a mais frequente das síndromes compressivas dos membros superiores. É definida pela compressão e/ou tração do nervo mediano ao nível do punho. Sua prevalência é estimada entre 4 e 5% da população, principalmente em indivíduos entre 40 e 60 anos de idade, e sua incidência anual é de 3,6/1.000 mulheres e 1,7/1.000 homens.1
A partir de 1950, os trabalhos de Phalen estabeleceram os princípios de diagnóstico e tratamento da STC. Seus primeiros sintomas incluem dor de localização imprecisa, dormência e parestesia das mãos (formigamento). A dor também pode irradiar para o braço afetado. Com a progressão, pode ocorrer fraqueza, dificuldade para segurar objetos, diminuição da coordenação motora fina e atrofia da musculatura tenar.1
Na apresentação inicial da doença, frequentemente os sintomas se manifestam à noite, ao se deitar, e são aliviados durante o dia. Com a evolução natural, esses sintomas também estarão presentes durante o dia e, em estágios avançados, podem ser constantes.1
Sob o prisma da saúde ocupacional, todas as empresas que admitem trabalhadores de meia-idade em atividades manuais devem realizar a vigilância de saúde ocupacional, dando especial atenção à ocorrência da STC. O esforço físico, as posturas forçadas em flexão e extensão do punho, a repetitividade e a vibração de mãos e braços são fatores de risco ocupacionais envolvidos em sua etiologia e seu agravamento.
A vigilância passiva deve ser efetuada por meio da triagem das queixas dos trabalhadores e do controle dos atestados médicos com Classificação Internacional de Doenças (CID) G56; a ativa, por meio de anamnese ocupacional e exame clínico dirigidos para o diagnóstico precoce da doença.