- Introdução
Para compreender o processo fisiopatológico do pneumotórax, é necessário relembrar aspectos anatômicos e fisiológicos da função respiratória.
A pleura é uma camada fina formada por tecido fibroso que recobre os pulmões e é descrita como um folheto contínuo, formado por uma camada única de células.1
Anatomicamente, a pleura está justaposta a duas estruturas no tórax. A pleura visceral é a membrana mais interna que recobre os pulmões e as cissuras interlobares. A pleura parietal é uma camada fibrosa que se encontra aderida à parede interna do tórax.1
Entre as duas camadas pleurais, encontra-se o espaço pleural. Esse espaço possui uma pressão negativa, que impede o colapso dos pulmões e contribui com a expansão pulmonar durante a inspiração. Com o deslocamento da caixa torácica durante a inspiração, a pleura parietal é mobilizada, seguindo a caixa torácica, tornando a pressão no interior dos pulmões negativa em relação ao ambiente e, dessa forma, obrigando a entrada de ar nos pulmões. Essa pressão negativa oscila em torno de -4mmHg. Na inspiração profunda, a pressão negativa intrapleural pode atingir -18mmHg, o que promove a expansão pulmonar máxima, ou seja, a pressão negativa permite a insuflação dos pulmões.1
O pneumotórax pode ser definido como a presença de ar livre na cavidade pleural e, quando ocorre, rompe o equilíbrio de força, pois a entrada de ar no espaço pleural altera a pressão negativa, acarretando o colabamento do pulmão.1
As principais causas do pneumotórax são2
- rotura de cavidades pulmonares (em decorrência da corrosão da pleura ou do aumento da pressão cavitária, uma lesão pleural escavada de qualquer tamanho, desde que seja subpleural, pode ocorrer);
- traumatismo do tórax (feridas penetrantes causam pneumotórax por lesão de superfície pulmonar ou entrada de ar através da parede torácica);
- enfisema pulmonar intersticial (em consequência de esforços intensos e repetitivos, pode acontecer a rotura de septos alveolares, podendo ocorrer o escapamento de ar dos alvéolos para o interstício; esse ar pode migrar, pelas redes vasculares ou pelas bainhas da árvore brônquica, para a cavidade pleural, evento considerado raro).
O pneumotórax ocorre quando o espaço pleural (parietal ou visceral) é rompido, sendo exposto à pressão atmosférica positiva.2 Muitos autores1–3 definem, de forma simples, o pneumotórax como a presença de ar no espaço pleural, quadro que necessita de atenção, pois pode causar risco à vida.
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
- reconhecer a epidemiologia e a fisiopatologia do pneumotórax;
- reconhecer as principais manifestações do pneumotórax e as alterações relacionadas no exame físico;
- identificar as principais complicações relacionadas ao pneumotórax e à drenagem torácica, principalmente em situações de emergência;
- identificar as principais medidas de tratamento do pneumotórax;
- sistematizar a assistência de enfermagem ao paciente com pneumotórax.
- Esquema conceitual