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STAPHYLOCOCCUS PSEUDINTERMEDIUS RESISTENTE À METICILINA E MULTIRRESISTÊNCIA: UM PROBLEMA REAL E ATUAL

Jesica Alina Belén Grandinetti

Gustavo Tártara

Gabriela González Escobar

Miguel Atilio Risso

Pablo José Manzuc

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  • Introdução

A foliculite bacteriana é uma das enfermidades mais frequentes da consulta clínica dermatológica. Em 98% dos casos, ela é causada por Staphylococcus pseudintermedius.1 Essa bactéria foi reclassificada em 2005 como uma nova espécie e compõe, junto ao S. delphini e ao S. intermedius, o grupo de Staphylococcus intermedius (em inglês, Staphylococcus intermedius group [SIGStaphylococcus intermedius group]).2

A resistência bacteriana é uma realidade que foi se alastrando por todo o globo em uma velocidade muito elevada.3

Considera-se resistente uma bactéria quando ela é capaz de sobreviver a um fármaco antimicrobiano. Quando essa resistência se produz diante de mais de três famílias de antimicrobianos, considera-se que se está diante de um microrganismo multirresistente.3

Existem diversas formas de adquirir resistência por parte das bactérias. Inicialmente, ela pode ser natural, isto é, a bactéria resiste ao efeito de determinado antibiótico (por exemplo, as Pseudomonas spp. às tetraciclinas), ou pode ser adquirida, ou seja, o microrganismo adquire material genético que lhe permite resistir à ação de um antimicrobiano. Esse material genético pode gerar-se de maneira espontânea por uma mutação cromossômica ou transmitir-se entre microrganismos da mesma ou de distinta espécie através de pequenos segmentos de ácido desoxirribonucleico (DNAácido desoxirribonucleico) transferíveis, conhecidos como elementos genéticos móveis (em inglês, mobile genetic elements [MGEmobile genetic elements]).4

Existem diversos tipos de MGEmobile genetic elements; um dos mais importantes são os cassetes cromossômicos estafilocócicos (em inglês, Staphylococcal Cassette Chromosome [SCCStaphylococcal Cassette Chromosome]), que são segmentos de DNAácido desoxirribonucleico que se transmitem em bloco e podem conter um ou vários genes de resistência. Uma variedade de SCCStaphylococcal Cassette Chromosome, chamada Staphylococcal Cassette Chromosome mec (SCCStaphylococcal Cassette Chromosomemec), é a que contém o gene mecA, o qual codifica para a resistência à meticilina. A presença desse gene determina a mutação do sítio de ligação a penicilinas (em inglês, penicillin binding place [PBPpenicillin binding place]) pelo PBP2a, de maneira que fracassa a união dessa família de antimicrobianos às bactérias.4,5

MRSP é a sigla utilizada para se referir mundialmente ao S. pseudintermedius resistente à meticilina. Essa sigla define que a bactéria em questão se trata de um S. pseudintermedius que leva, em seu genoma, o SCCStaphylococcal Cassette Chromosomemec, de maneira que será resistente a todos os antibióticos betalactâmicos, mesmo aqueles unidos a um antibiótico.

A respeito da meticilina e a multirresistência, é importante conhecer algumas características que determinam a necessidade de implementar medidas para reduzir a pressão seletiva que se exerce sobre uma população microbiana cada vez que se decide realizar uma terapia com antimicrobiano, assim como a contaminação cruzada que se exerce como profissionais da saúde, muitas vezes por desconhecimento de causa. Tais características estão a seguir:

 

1. um número considerável de padrões de resistência encontrados ao tipificar os diferentes genótipos de SCCStaphylococcal Cassette Chromosomemec foram compatíveis com outros encontrados previamente em distintas cepas de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSAStaphylococcus aureus resistente à meticilina) e de outras espécies de Staphylococcus spp., o que demonstra que o material genético não apenas se transmite entre microrganismos da mesma espécie, mas também entre microrganismos de distintas espécies, ampliando e agravando o problema;1,4,5

2. o pessoal de trabalho das clínicas veterinárias, assim como os proprietários de mascotes, participa na qualidade de hospedeiros de MRSP cujos perfis de resistência foram concordantes com aqueles encontrados nos mascotes, demonstrando ser parte das vias de disseminação desses microrganismos;1,6

3. o material utilizado na clínica e os pisos têm MRSP portadores de diversos padrões de resistência, de modo que esses microrganismos se disseminam na clínica veterinária de maneira análoga a MRSAStaphylococcus aureus resistente à meticilina nos hospitais humanos.4

De acordo com o que foi dito, torna-se imprescindível a tomada de consciência e a implementação de medidas que tendam a reduzir a velocidade de expansão dos microrganismos resistentes à meticilina e multirresistentes. Entre elas, incluem-se o correto diagnóstico e a seleção das terapêuticas adequadas.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • reconhecer os microrganismos resistentes à meticilina e multirresistentes;
  • identificar a terapêutica adequada para os microrganismos resistentes à meticilina e multirresistentes.

 

  • Esquema conceitual
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